Máfia da Dor é cínico e urgente ao mesmo tempo

Máfia da Dor é um filme original Netflix, mistura drama, com pitadas de comédia e baseado em uma história real, apesar de os nomes estarem trocados.

É dirigido por David Yates (da franquia Harry Potter), escrito pelos quase estreantes, Wells Tower e Evan Hughes, a trama se passa durante a epidemia dos opioides nos EUA. Liza Drake (Emily Blunt) é uma mãe solteira, financeiramente quebrada, abandonou a escola, sua filha doente só piora e tenta uma grana trabalhando em uma boate.

Logo no início do filme, o personagem Pete Brenner (Chris Evans) visita a tal boate e comenta com Liza sobre a vaga de trabalho e a oportunidade de ganhar muito dinheiro. Ela é demitida por abandono de emprego, não vê alternativa e aceita a vaga, tornando-se uma empresária de sucesso na indústria farmacêutica, mas não demora muito para perceber que essa prática leva pessoas até à morte e passa a denunciar todo o esquema.

A epidemia dos opioides foi um escândalo mundial, que consistia em empresas de fachada, muitas de marketing multinível, para receitar remédios sem eficácia comprovada para os pacientes, podendo até causar a morte a longo prazo, mas lucrando milhões de dólares em cima disso.

Algumas produções, como Império da Dor, as séries Dopesick e até a recente A Queda da Casa de Usher, retratam deste período e este filme promete um novo alerta sobre o tema.

O roteiro de Máfia da Dor é inspirado no famoso caso de John Kapoor, mas que teve os nomes trocados. O próprio personagem vivido aqui por Andy Garcia, Jack Nell é baseado no Kapoor. A personagem Liza é claramente inspirada em Maria Guzman, a empresa era, na verdade, a Insys Therapeutics e Pete Brenner lembra Alec Burlakoff.

Este é dos poucos filmes de David Yates fora da franquia Harry Potter. O outro foi o péssimo A Lenda de Tarzan, de 2016, mas aqui ele entrega uma direção competente, que retrata um caso sério, mas com pitadas de comédia, ironia e até mesmo críticas a quem promete enriquecimento fácil, como as pirâmides financeiras e investimentos furados.

O resultado é um longa que funciona para quem conhece, mas principalmente para quem não conhece a crise dos opioides, pois não se prende a termos técnicos ou proibitivos ao público geral. Aliás, mesmo quem nem perceber a trama farmacêutica, pode simplesmente assistir como a história de uma mãe que faz de tudo pela filha, tem crise de consciência e desafia toda uma indústria.

Máfia da Dor é uma excelente adição de catálogo à Netflix, apresenta uma história que está de volta com tudo na mídia, é bem dirigido, tem uma atriz maravilhosa como protagonista, tem a montagem atraente e até merecia uma chance nos cinemas.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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