Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes desvenda o passado e expande a mitologia

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Na próxima quinta, dia 15 de Novembro, chega aos cinemas Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Já se foram 8 anos desde que Jogos Vorazes: A Esperança – O Final fazia seu debut nos cinemas, concluindo uma das mais marcantes adaptações literárias recentes. Ouso dizer que é, também, uma das melhores.

Voltada para o público jovem, Jogos Vorazes atraiu por sua linguagem, pelos elementos distópicos e por levar um tom mais sério. Além disso, as discussões políticas e filosóficas eram inseridas de forma orgânica. E, apesar de muitos torcerem o nariz para o triângulo amoroso dos longas, foi fácil gostar de Jogos Vorazes. Principalmente pelas produções competentes e elenco muito bem escolhido.

Quando acabou, por mais que sentíssemos que o arco havia se fechado (você goste ou não do final), no fundo queríamos mais daquele universo. Queríamos aprofundamento. Saber mais sobre a mitologia. Alguns com a dúvida “O que veio depois?”, outros com “O que veio antes?”.

Em 2020 Suzanne Collins lança A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Um prelúdio centrado em um dos personagens mais odiosos da literatura moderna: o Presidente Snow. Não foi nenhuma surpresa quando a Lionsgate anunciou sua adaptação. Afinal, Jogos Vorazes continua sendo sua franquia mais rentável.

A dúvida que pairava era: Será que a produção se sustentará sem seus personagens icônicos?

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes: Desvendando o Passado de Panem

O enredo se passa 64 anos antes dos eventos narrados nos Jogos Vorazes, e se concentra no personagem Coriolanus Snow, que mais tarde se torna o grande antagonista da quadrilogia original.

E foi um prazer voltar a esse universo. Principalmente pelo fato de ter trazido algumas respostas para perguntas que ninguém sabia que tinha. “Como a capital de Panem se tornou a megalópole opulenta vista nos filmes anteriores?”, “Como o Presidente Snow chegou ao poder?”, “De onde vem a mítica do Tordo?”.

Na história, Coriolanus é escolhido como mentor para os 10º Jogos Vorazes. Ele acaba sendo designado para orientar a tributo do Distrito 12, Lucy Gray Baird, uma talentosa cantora. À medida que a história avança, Coriolanus e Lucy Gray acabam desenvolvendo sentimentos conflitantes. Ambos lutam para sobreviver em um mundo pós-guerra cheio de intrigas políticas. E cada um usa as armas que dispõem.

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O maior dos pontos positivos é que essa lacuna, não preenchida, sobre o que ocorre entre os dias sombrios e os eventos do primeiro filme, é desenvolvida de uma forma coesa e sem trair a construção de mundo antes estabelecida. É tanto recompensador para o fã da saga, como para quem está tendo seu primeiro contato com a mitologia.

São tantos os detalhes que ajudam a definir o que Panem, e o próprio Jogos Vorazes, viriam a ser. Desde a origem da cornucópia, aquela construção no meio da arena, cheia de armas e suprimentos, até a inspiração de vestimenta extravagante que os moradores da Capital adotariam no futuro.

Construindo personagens: O pássaro Lucy Gray Baird

Confesso que fiquei apreensiva quando uma história com foco no Presidente Snow foi anunciada. E muito desse medo vinha da onda recente de ressignificação dos vilões. Mas, apesar de contar sua história, o filme não tenta modificar a essência de Snow. Mostrando que seus princípios morais torpes e sua capacidade de obter o que quer, a qualquer custo, sempre estiveram alí.

Lucy e Snow
Lucy e Snow

Escolhido como Mentor do Distrito 12, ele viu a oportunidade de ascender e conquistar mais poder com Lucy Gray Baird, a tributo escolhida, totalmente fora do padrão. Uma performista que prendeu a atenção de todos com seu canto, suas vestes não convencionais e, principalmente, sua rebeldia. Os dois acabam se envolvendo secretamente em um romance fadado ao fracasso

O Presidente Snow sob um novo olhar

É preciso exaltar como Tom Blyth acerta na construção de sua personagem. Ele consegue manter a frieza, obstinação e a fome de poder do Snow que já conhecemos, sem deixar de conferir a ele um quê de inexperiência e, até, inocência.

A Lucy Gray de Rachel Zegler está longe de ser uma Katniss. Não é tão forte quanto, apesar de representar a primeira grande mudança na realização dos Jogos Vorazes, que estava com baixa audiência e a beira de ser encerrado. Porém, cumpre seu papel de agente motivador.

Em adição à mitologia também temos a Dra. Volumnia Gaul, interpretada por Viola Davis. Uma cientista e pesquisadora responsável por supervisionar o andamento dos Jogos. Ela desempenha um papel fundamental na evolução dos Jogos, introduzindo inovações que afetarão as futuras edições. Apesar da importância, a atuação de Viola Davis não rouba a cena, ficando entre o caricato e trivial.

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Retratando a ascensão da Capital pós-Guerra e a continuidade coesa de Francis Lawrence no universo de Jogos Vorazes

Para criar um país que ainda sofria com as dores de uma guerra, afinal apenas 10 anos haviam se passado desde os Dias Sombrios, Jo Willems se empenha no uso de câmera baixa e de planos mais fechados. Criando uma aura de altivez e soberania sempre que uma figura de poder entrava em cena, mas que, ainda assim, estava enclausurada sob as rédeas da Capital.

Essa fotografia contribui, especialmente, na construção de Snow. Cujos planos altos e médios do início, aos poucos, vão dando espaço para os planos baixos. Transitando, gradativamente, entre uma persona ambiciosa, mas que ainda se submete às regras, ao inescrupuloso com fome de poder, que tem como certeza de que os fins justificam os meios.

Snow

Responsável pela direção de Em Chamas, Esperança Parte 1 e Esperança – O Final, Francis Lawrence retorna ao universo que ajudou a criar. A familiaridade com a mitologia permitiu uma uniformidade entre o prelúdio e a obra original.

Revelações que Ressignificam a Saga

Mas, para além de uma direção coesa, tenho que ressaltar as ligações com a franquia original. Entender a importância do Tordo, não só para a rebelião como para o próprio Snow, faz com que você revisite os outros filmes com um outro olhar.

Agora sabemos que tanto Katniss, aqui uma planta, quanto o Tordo, são agentes diretamente ligados ao que Snow veio a se tornar. Também aqui vislumbramos o real significado da famosa frase “São as coisas que mais amamos que nos destroem”.

Porém, acredito que a maior ligação seja a música The Hanging Tree, que é cantada por Katniss em A Esperança – Parte 1. Em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes entendemos que ela é uma metáfora sobre os acontecimentos da trama e o próprio Snow, mesmo que não tenha sido composta exatamente para ele.

Tigris
Tigris

É revelado, também, que Tigris (Hunter Schafer), que aparece brevemente em Jogos Vorazes – A Esperança como uma estilista fracassada, é prima de Snow. E essa nova informação deixa o espectador ainda mais intrigado em saber como essa relação vai se deteriorar.

Dito isso, para quem é fã da franquia, Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é uma bem-vinda adição à mitologia da saga, principalmente por ampliar e elucidar diversos pontos difusos dos filmes originais. Ainda digo que há espaço para mais de Panem.

Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes – Um adicional enriquecedor à mitologia de Panem

Neste prelúdio, a narrativa habilmente se aprofunda no passado de personagens conhecidos, respondendo a perguntas antigas e introduzindo novos elementos que enriquecem a mitologia de Panem. Com uma direção coesa, construção de personagens convincente e ligações significativas com a franquia original, a obra se destaca como uma adição bem-vinda à saga Jogos Vorazes, abrindo espaço para mais exploração e compreensão desse fascinante universo distópico.

Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes estreia dia 15 de Novembro, somente nos cinemas

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Nerd: Tamyris Farias

Designer e produtora de conteúdo apaixonada por cinema e cultura pop. Amante de terror e ficção científica, seja em jogos, séries ou filmes. Mas também não recuso um dorama bem meloso.

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