Que Horas Eu Te Pego é uma comédia dirigida, escrita por Gene Stupnitsky e conta a história de Maddie (Jennifer Lawrence), uma jovem que trabalha como motorista de aplicativo, tem o seu carro apreendido, está à beira de perder sua casa, financeiramente falida e depois de um anúncio no jornal, aceita um trabalho de namorar o filho introvertido do casal, Percy (Andrew Barth Feldman) de um casal rico.
Percy trabalha em um pet shop, não pode saber do acordo, começa a se envolver com Maddie, começa uma amizade, mas ela precisa se decidir em assumir um relacionamento ou tratar o jovem como um trabalho.
Que Horas Eu Te Pego segue fazendo sucesso comercial e dividindo a crítica. Por ser uma produção barata, não precisa de muito para se tornar rentável. Dos 45 milhões de orçamento, boa parte é por conta do cachê de Jennifer Lawrence, que também é produtora.
Mas o que mais chama a atenção do espectador para quem vê o longa é sua temática adulta, politicamente incorreta e com momentos que só se via nas comédias dos anos 1980 ou 90, como American Pie ou Porky’s.
Em um mundo cada vez mais conservador, careta e que o medo do cancelamento é real, fica difícil saber como o filme foi aprovado e recebeu sinal verde. O longa não tem medo de ser ousado, tem cenas de nudez e até chega a criticar o politicamente correto.
Aliás, o filme também usa seu tema e liberdade para muita coisa do mundo real, como a crise financeira, abuso de autoridades, de bancos, a geração atual, que tem mais distrações e menos faz sexo historicamente (a cena da festa é sensacional), a cultura do cancelamento e a “uberização” do trabalho.
E só o fato de a protagonista ver o anúncio do jornal indica que é uma referência aos anos 1990.
Mas se o filme é comédia pura na primeira metade, na segunda, ele se leva mais a sério e foca mais nas consequências dos atos de todos, em especial da protagonista, tendo espaço para uma luta de classes – ele é rico, os pais dão tudo e ela está desesperada – mas isso não significa que ele perca a sua graça, só indica que tanto o roteiro e os personagens amadureceram.
Quem faz o pai de Percy é Matthew Broderick, que aparece em pequenas pontas, Andrew Barth se encaixou como uma luva para o papel e a química com Maddie é inegável. Aliás, o ator atrasou sua ida para Harvard por conta das gravações do longa.
O show aqui é de Lawrence, com um papel ousado e diferente de sua carreira. Ela disse que este é o filme que mais se divertiu no SET e mesmo sua famigerada cena de nudez foi levada com naturalidade pela atriz: “eu nem pensei duas vezes, foi hilário para mim”.
Que Horas Eu Te Pego pode não ser para todos, deve irritar os mais conservadores e é cedo para dizer se é a volta ou não das comédias politicamente incorretas, mas é uma amostra de que pode-se ousar um pouco e fugir da curva.
Um pouco de coragem não faz mal a ninguém.
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