O Estrangulador de Boston é um suspense investigativo, baseado em uma história assustadoramente real, que chegou ao catálogo da Star+. É dirigido e escrito por Matt Ruskin e na trama, acompanhamos duas jornalistas, Loretta McLaughlin (Keira Knightley) e Jane Cole (Carrie Coon), que trabalham na mesma redação chefiada por Jack Maclaine (Chris Cooper) e vão investigar o caso de um assassino em série que, durante ao anos 1960, assassinou 13 mulheres na cidade de Boston com requintes de crueldade, chocando a polícia e a opinião pública.
De início, vamos acompanhando o ponto de vista de Loretta, uma jornalista jovem, corajosa, que enfrenta o sistema machista e se joga de vez neste caso. Ela tem marido, filhos, precisa fazer jornada tripla, mas fica obcecada por este caso. Depois de um certo ponto da história, Jane é designada para também trabalhar neste caso e embora sejam diferentes, juntas elas se completam, pois Loretta é mais determinada, ao passo que Jane é inteligente e sagaz.
Conforme o caso avança, as jornalistas e o público vão ficando mais intrigadas com a crueldade e frieza do assassino, mas também com a lentidão e até com o descaso das autoridades locais, afinal, se elas, com os poucos recursos que têm, conseguem alguma coisa, porque a polícia nunca sabe de nada?
Hoje em dia, ver mulheres em casos com essa brutalidade e com essa exposição midiática já não causa tanta estranheza como na época, mas o machismo da época é evidente para quem acompanha a trama.
Não é exagero dizer que O Estrangulador de Boston é o filme certo e na hora certa. OK, o lançamento direto para streaming de uma história tão poderosa, com um elenco tão conceituado pode ter diminuído o impacto que este filme causaria, mas ele abrange dois assuntos que estão em alta: true crime e feminismo.
E nem dá para acusar o filme de panfletário ou oportunista, pois estamos falando de uma obra muito bem realizada, corajosa, impactante, que deve gerar o interesse pelo caso e pelas pessoas envolvidas, em especial a Loretta, vivida brilhantemente pela sempre ótima Keira Knightley, que nos últimos anos tem se dedicado aos trabalhos mais alternativos. Mesmo tendo um currículo com duas indicações ao Oscar e a franquia Piratas do Caribe na bagagem, é nesse tipo de filme que ela anda se empenhando mais, como uma personagem histórica, importante e que tenha seu legado.
Sua Loretta vai até as últimas consequências para saber a verdade e não vai descansar até que todas as respostas estejam com ela. Ela é a personagem mais impactante, mas é injusto lhe dar todo o crédito para ela, pois Carrie Coon é uma personagem igualmente excelente e sem formar dupla com sua colega de trabalho, as investigações não teriam avançado da maneira que foram.
O sempre ótimo Chris Cooper faz o chefe da redação, que de início é relutante em colocar Loretta no caso, mas não vê alternativa com o caso na mídia e a pressão por uma manchete que chame atenção.
Um grande avanço das histórias baseadas em fatos reais ultimamente são, no desfecho, passar imagens reais das pessoas que acabamos de ver. Isso ocorre aqui e só aumenta a credibilidade com este caso tão delicado. É um recurso muito usado, mas que jamais cansa.
O Estrangulador de Boston apresenta uma história que merece ser descoberta, com atuações maravilhosas, lembra os grandes filmes investigativos, como JFK e Todos os Homens do Presidente.
Se permita sair do básico do cinema atual de vez em quando.
Posts Relacionados:
Sombras de um Crime: um mistério noir de sessão da tarde
O Urso do Pó Branco: Diferente mas interessante
Skinamarink: Canção de Ninar é um tédio experimental
Não esquece de seguir o Universo 42 nas redes sociais: