Nicholas Winton: uma história que precisa ser contada | Crítica de Uma Vida – A História de Nicholas Winton

É preciso falar de Uma vida – A História de Nicholas Winton que chega em 14 de março aos cinemas do Brasil. A obra constrói uma narrativa sensível e conduz o espectador a refletir a cerca das complexas e dolorosas dinâmicas da guerra. O longa foi dirigido por James Hawes e conta com os nomes Anthony Hopkins, Helena Bonham Carter e Johnny Flynn no elenco.

Nicholas Winton foi um corretor de bolsa britânico que ficou mundialmente conhecido pela sua atuação em Praga no ano de 1938. Ano que organizou junto com seus companheiros da abrigada de refugiados da Tchecoslováquia uma operação que salvaria 669 crianças judias.

Apesar de já terem sido produzidas outras obras cinematográficas sobre a vida do humanitarista. O filme “Uma Vida – A História de Nicholas Winton” se destaca por conseguir expressar através de uma linguagem cuidadosa as marcas deixadas pela Segunda Guerra Mundial.

Ator Anthony Hopkins interpretando Nicholas Winton na sua versão mais velha na segunda fase do filme.

Pessoa comum

Diferente do que o título pode nos levar a pensar, o filme não é focado em destrinchar a vida de Nicholas Winton, e nem se preocupa em aprofundar suas relações, o que nem de longe é um problema.

Como explicitado em muitos momentos do longa, Winton e seus companheiros se enxergavam como pessoas comuns, que lutavam para proteger pessoas comuns. Sendo assim, as trajetórias e os anseios pessoais dos personagens não são o foco da narrativa, direcionando a ênfase para as ações tomadas pelo grupo.

Acredito que essa seja uma das principais reflexões da obra, é fácil encontrarmos títulos que se dedicam a contar a história de personagens importantes. Mas e as pessoas comuns? Qual foi o impacto da guerra em suas vidas? Quais foram as suas ações?

A história é um processo

É comum acharmos que grandes acontecimentos históricos acontecem de um dia para o outro. A Europa não dormiu tranquila e normal e acordou em meio a uma grande guerra. Os avanços dos governos fascistas se deram de forma progressiva, e como o filme evidencia bem, as políticas de exclusão e extermínio se deram muito antes de uma declaração oficial de guerra.

É dentro desse contexto de “pré guerra” que Nicholas Winton visita um campo de refugiados em Praga e estrutura uma operação com a finalidade de salvar crianças judias antes que as fronteiras da Tchecoslováquia fossem fechadas.

Ator Johnny Flynn interpretando Nicholas Winton jovem na primeira fase do filme.

O pós guerra

O longa é dividido em dois momentos. No primeiro, temos um Winton jovem e o acompanhamos no processo de estruturação e execução da operação de imigração das crianças de Praga para a Inglaterra em 1938. Em seguida, somos direcionados para 50 anos após o início da guerra. Neste segundo momento, temos um “mundo mudo”, que encontra dificuldades em falar sobre o terrível passado recente. E um Nicholas Winton mais velho, que precisa confrontar suas dolorosas memórias e lidar com as incertezas de suas ações. O que leva o personagem ao seguinte questionamento: O que aconteceu com as crianças que ajudou a salvar?

A importância da obra

Foto real de Nicholas Winton

Diante do atual cenário mundial, em que a intolerância, os discursos de ódio e os conflitos armados são uma crescente, lembrar do que a humanidade é capaz nunca se fez tão necessário.

Precisamos falar de Uma vida – a história de Nicholas Winton, porque precisamos lembrar que vidas importam. Nicholas Winton não salvou apenas 669 crianças, ele salvou 669 histórias, 669 vidas, mesmo sendo uma pessoa comum.

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Nerd: Lais

Queria ser uma digiescolhida, mas sou apenas uma historiadora apaixonada por Star War, livros e tudo que há de bom.

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