Garota da Moto é um avanço aos filmes de gênero no Brasil

Garota da Moto é um filme brasileiro, baseado na série homônima do SBT, que conta a história da Joana (Maria Casadevall, ótima no papel), uma motogirl que também possui habilidades de luta. Em uma das entregas, ela visita um galpão supostamente abandonado e presencia um trabalho análogo a escravidão. Ela resolve fazer justiça com as próprias mãos, faz com que alguns dos integrantes sejam presos, mas ela começa a ser perseguida por essa quadrilha, que vai infernizar sua vida, da sua família e que pode ter muita gente poderosa envolvida.

A direção do filme é do Luís Pinheiro, que dirigiu alguns episódios da série Manhãs de Setembro e faz uma direção competente, tendo uma clara inspiração em filmes de ação hollywoodianos e em jovens clássicos recentes do gênero, como John Wick e Atômica.

Não é de hoje que o chamado “filme de gênero” brasileiro é pauta entre os cinéfilos e cineastas e de fato existe essa preocupação em explorar outros gêneros e sair da bolha da comédia ou drama. Este filme consegue sim entregar uma produção competente, ação caprichada, muito bem coreografada e ainda nos apresentar uma heroína de ação.

Mas se em Hollywood temos os monstros ou vilões fantásticos, aqui temos uma quadrilha que controla trabalho escravo, algo infelizmente comum no Brasil. Em São Paulo, essa prática ocorre, principalmente, em locais menos favorecidos ou abandonados. Aliás, a cidade de São Paulo é apresentada sim como uma grande metrópole, mas uma cidade suja, dos guetos e longe das grandes avenidas do cartão postal.

Vemos o filme do ponto de vista da nossa protagonista, que não é idealizada, mas quer fazer o certo e considerando as injustiças que ocorrem neste país, a identificação e envolvimento são imediatos, já que ela trabalha duro para sustentar seu filho Nico (Kevin Vechiatto, o Cebolinha de Turma da Mônica Laços e Lições), tem uma relação estranha com seus pais e tem que se mostrar sempre forte, embora a vida bata com muita força.

Há cenas bem realizadas em Garota da Moto, como o início no galpão ou a cena da escola não perde em nada para muitos blockbusters.

O longa se perde mais em seu 3º ato, pois é apressado, termina em qualquer lugar e todo o envolvimento visto em tela é reduzido a segundos. Mesmo bons personagens da polícia, como a honesta Ribeiro (Naruna Costa) e o delegado com intenções duvidosas Peixoto (Duda Nagle), têm um desfecho preguiçoso nos últimos momentos de projeção.

Mas, apesar dessas ressalvas, nada disso atrapalha a experiência de ver um bom thriller de ação com problemas reais do Brasil e embora não seja perfeito, pode influenciar outros cineastas a criarem o seu filme de gênero e, assim, acrescentar algo para a nossa indústria.

Quem não arrisca não petisca.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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