Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim é a primeira adaptação oficial da franquia de jogos de mesmo nome lançada em 2014. Digo primeira porque tivemos algumas obras não oficiais que se inspiraram em Five Nights At Freddy’s (FNAF para os íntimos), como é o caso de Willy’s Wonderland, com Nicolas Cage, lançado em 2021. Que, apesar de negar a fonte criativa, é impossível não fazer a associação.
Na trama que estreia hoje nos cinemas, Mike Schmidt, interpretado pelo sumido Josh Hutcherson (Jogos Vorazes), é um jovem com problemas financeiros que aceita trabalhar como vigia noturno em um restaurante familiar chamado Freddy Fazbears Pizza, que está sob o comando do gerente Steve Raglan, vivido por Matthew Lillard (Scooby-Doo), e é famoso por suas atrações animatrônicas.
Apesar de termos elementos suficientes para um longa rico em aprofundamento, com questões psicológicas relevantes que renderiam boas discussões, o roteiro se contenta com o raso. Como uma criança que já sabe nadar, mas prefere usar boias.
Five Nights at Freddy’s: Preso entre a superficialidade intencional e Expectativas
E eu poderia até achar que a superficialidade fora um erro, se eu já não soubesse que era proposital. A escolha criativa de amenizar não apenas os temas, como também a violência, se deve ao intuito de ser palatável para o público infanto-juvenil, que constitui grande parte da fanbase da franquia de jogos.
O primeiro ato é um tanto arrastado, muito por conta das várias repetições de um mesmo flashback. Sim, entendo a ideia de sempre ter o mesmo pesadelo, mas existem inúmeras formas de transmitir isso para o espectador, sem ter que o fazer assistir à mesma cena cada vez que o personagem dorme. O segundo ato já anima mais e evolui a história, se tornando mais interessante.
Five Night sat Freddy’s também conta com alguns plotwists no terceiro ato. Infelizmente, qualquer um com o mínimo de bagagem cinematográfica consegue ver enquanto ele ainda está virando a esquina. Sutis como um rinoceronte numa sala de estar.
Personagens planos e direção monótona
Tirando nosso protagonista, que ainda possui o mínimo de desenvolvimento, todos os outros personagens atuam dentro de duas dimensões. Sem muito o que fazer, você acaba se vendo torcendo para os animatrônicos.
Fora o Josh Hutcherson, que entregou mais do que seu personagem exigia, o restante do elenco está apenas operante. Todos cumprindo seus papéis sem muito esmero.
A direção de Emma Tammi é tão tímida que se torna monótona. A carência de inventividade se estende na fotografia, que poderia ser de grande valia para uma boa ambientação. Infelizmente, o resultado é um filme cansativo. Que aparenta ser mais longo do que realmente é, muito por não ter o que dizer, ou mostrar.
Um terror infantil e as limitações da classificação indicativa
Five Nights at Freddy’s foi vendido como um filme de terror. E de fato é. Porém, o público ao qual ele pretende assustar é o infanto-juvenil. E, talvez, nesse caso ele seja bem-sucedido. Falo talvez porque já vi filmes de terror destinados à essa faixa etária razoavelmente melhores.
Bem verdade que houve um grande esforço da produção em atuar dentro do limite permitido para conseguir manter a classificação indicativa em 14 anos (PG 13 lá nos EUA). Então há muita sugestão, uso de silhuetas e sombras, e o mínimo de sangue exposto.
Tenho que ressaltar que a falta de cenas violentas e gore não são um problema. Muitos clássicos do terror tem uma classificação indicativa baixa, incluindo O Iluminado e Invocação do Mal. Não, o problema está na falta de construção do medo, em adição a um roteiro e direção fracos. Histórias Assustadoras para Contar no Escuro é um terror voltado para o público infanto-juvenil muito mais robusto que Five Nights at Freddy’s.
Uma franquia à caminho?
Mas, sendo muito sincera, não desgostei por completo de Five Nighs at Freddy’s. Ele tem seus momentos, e a história, apesar de simples, é eficiente e atende ao que o filme se propõe. Não é mil maravilhas, mas também não é inassistível. Pode correr o risco de entrar no vale da indiferença para muitos. Pelo menos para o público leigo.
Já faz algumas semanas que menções a Five Nights at Freddy’s estão em alta nas redes sociais. Uma obra que, apesar de ser uma entusiasta do terror, tenho pouco conhecimento. Apenas sei que se trata de uma franquia jogos. Portanto, minha análise aqui se restringiu ao filme, sem levar em consideração similaridades e, até mesmo, a competência da adaptação. Mas digo que há potencial. Talvez com outro diretor, e um roteiro mais bem escrito, uma sequência possa resultar em um longa melhor executado.
Sim. Existe uma alta probabilidade de termos, assim como nos games, mais uma franquia de terror. Principalmente pelo fato do filme já ter se pago. Antes mesmo da abertura das vendas dos ingressos. Além disso, o final abre margem para uma continuação. Portanto, embora o filme não seja um destaque no mundo do terror, ele sinaliza a possibilidade de uma franquia promissora no futuro.
Five Nights at Freddy’s tem potencial para o Futuro
Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim é uma adaptação que, embora tenha suas limitações e falhas, consegue atender às expectativas do público infanto-juvenil e oferece momentos de entretenimento. No geral, o filme não é um desastre, mas também está longe de ser uma obra-prima do terror. Agora só resta aguardar e torcer para que esses erros sejam corrigidos nas possíveis futuras sequências.
Five Night sat Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim estreia hoje nos cinemas
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