Gran Turismo é levemente adaptado do famoso game lançado para as plataformas Playstation, baseado em uma incrível história real, é dirigido pelo grande Neil Blomkamp (do excelente Distrito 9), escrito por Jason Hall, Zach Baylin e Alex Tse e conta a história de Jann Mardenborough (Archie Madekwe), um adolescente viciado e especialista nos jogos da franquia Gran Turismo, mas que sofre a rejeição do pai, Steve (Djimon Hounsou) e o preconceito do irmão Coby (Daniel Puig).
Neste cenário, o empresário Danny Moore (Orlando Bloom) decide recrutar os melhores jogadores de Gran Turismo para escolher quem será o novo piloto de uma grande escuderia do automobilismo, mas não será nada fácil, considerando as diferenças entre a vida real, um console e quem vai treinar os jovens é o Jack Salter (David Harbour).
O filme é uma carta de amor aos fãs de Gran Turismo e de automobilismo, com diversas referências ao game, ao mundo da velocidade e considerando que a franquia de jogos não tem exatamente uma história, o roteiro não inventa a roda e usou um fato incrivelmente real para contar sua trama de fãs para fãs.
Em um ano muito positivo para as adaptações dos games, com títulos como a série The Last Of Us, além dos filmes Super Mario Bros e Tetris, Gran Turismo não é exatamente a melhor delas e nem se propõe a isso: é um excelente entretenimento, sabe usar bem os clichês e mesmo sem muitas surpresas, vai agradar também quem não conhece o mundo dos games nem do automobilismo.
É uma história de superação. A trama do jovem que tem um sonho, tem que se provar, passa por diversos obstáculos, é apaixonado pela garota dos seus sonhos e sofre a desconfiança de todos não é nada novo, mas o roteiro apresenta de forma honesta, carismática e não quer ser maior do que ele pode ser.
O longa apresenta um grande trabalho sonoro e merece ser visto em uma grande tela, mas assim como a maioria dos blockbusters atuais, o CGI é um paradoxo, pois ao passo que há grandes cenas com um trabalho interessante de computação gráfica, sobretudo nas pistas, existem momentos em que os efeitos são de péssimo gosto, ficam claramente perceptíveis e que provavelmente vão envelhecer rápido.
Outro paradoxo é o seu elenco e, sobretudo, o desenvolvimento dos atores. O protagonista (que teve como dublê o Jann da vida real) é um grande acerto, assim como David Harbour, que provavelmente é o melhor personagem do longa, que consegue ser cômico, exigente e com peso dramático ao mesmo tempo. O filme cresce na presença dele e a química entre eles, sobretudo na relação entre mestre e aluno, funciona muito.
Porém, o mesmo não se pode dizer o mesmo sobre boa parte do elenco e o roteiro não soube desenvolver outros personagens, como Orlando Bloom, que é o clichê do empresário que só enxerga as finanças. A personagem Audrey, na qual o protagonista é apaixonado, só aparece em tela quando convém ao roteiro e mal dá para se envolver emocionalmente. Mesmo um excelente ator como o maravilhoso Djimon Hounsou faz um pai unidimensional.
E o elenco ainda conta com a ex-Spice, Geri Halliwell como a mãe do protagonista, que infelizmente acabou sendo mal utilizada pelo longa.
Mas nada disso apaga o fator entretenimento de Gran Turismo, que não entra na lista das melhores adaptações de game e nem vai mudar a vida de ninguém, mas consegue divertir seu público e vai deixar o espectador satisfeito ao final da sessão.
E não é disso que o cinema é feito?
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