Você Deveria Dar Uma Chance ao Magnus Chase

Fala galerê!! Já faz um tempinho que não apareço por aqui, eu sei.

Já há algum tempo, eu escrevi aqui basicamente esculachando o Rick Riordan, carinhosamente chamado de Tio Rick pelos fãs brasileiros.

Bem, no final eu prometi ler o livro e escrever para me redimir caso eu estivesse errada sobre Magnus Chase e…bem…cá estou, não é mesmo?

Eu ouvi muita gente falando a mesma coisa que eu: ”Mas é exatamente a mesma coisa? Semideuses salvando o mundo?” ou ainda “Rick Riordan está perdido. Entrou para a lista dos autores que só escrevem para ganhar dinheiro“. Bom, eu primeiro lugar eu devo dizer que sim, todos os autores escrevem para ganhar dinheiro. Caso contrário, eles doariam os livros que escrevem, não?

De qualquer maneira, este não é o ponto. Eu vim aqui me redimir com o tio Rick e agradecer por ele ter calado a minha boca.

Para deixar isso aqui um pouco mais organizado, vou me contradizer e responder os mesmos pontos que critiquei no meu primeiro post sobre Magnus Chase.

Featured_Magnus_Chase

Quer dizer que é EXATAMENTE a mesma coisa?

Na verdade, é. Mas isso não significa necessariamente que as semelhanças sejam ruins. Sim, existem semideuses, dizer que não foi um erro meu na época. Mas também existem mortais em Valhalla, todos são escolhidos pelas Valquírias, que avaliam se a maneira como a pessoa morreu faz dela merecedora de ser um soldado para quando o Ragnarok chegar.

Admito que fiquei meio decepcionada, porque esperava que ele fosse sair da sua “zona de conforto” e se arriscar a escrever coisas mais brutas, por assim dizer.

Quem leu os livros de Percy Jackson e acompanhou esse herói desde o começo, sabe como a escrita do Tio Rick se desenvolveu e se adaptou nos últimos livros da série, para poder acompanhar o amadurecimento dos próprios fãs.

Isso também acontece em Magnus Chase, e é possível identificar o amadurecimento desde o começo. Iniciando pelo fato de que Magnus já tem seus 16 anos de idade, e que sua história não começa tão inocentemente quanto Percy Jackson. Magnus tem vividos nas ruas de Bosto há dois anos, desde que sua mãe morreu em um misterioso ataque de lobos, em seu apartamento. A partir de então, Magnus foge da polícia, rouba carteiras no meio da multidão, come sobras que encontra nas lixeiras e anda com seus fieis companheiros Blitz e Hearth.

O background do protagonista é constituído por um cenário completamente melancólico. E é interessante notar que o personagem atenta-se para a própria sobrevivência, olhando para si mesmo primeiro antes de olhar para o os outros – exceto quando seus companheiros estão envolvidos.

Acho que no fundo, eu queria mesmo que Rick escrevesse algo nem tão adulto e nem tão jovem, porque meu receio é que as lendas, deuses e costumes deste povo tão determinado sejam infantilizado ao ponto de descaracterizarem a cultura.

Ele fez exatamente isso. Magnus não é tão infantil e nem tão adulto. O personagem é carregado de um sarcasmo parecido com o de Percy, mas mais amargo e incrédulo.

Claro, ainda temos os deuses nórdicos adaptados para os dias de hoje, mas eles não são infantilizados de maneira alguma. É claro que alguns fatos devem ser mudados e adaptados para este tipo de literatura (como Rick fez com a história de Medusa e Poseidon. Afinal, não é correto falar do estupro que Medusa sofreu quando era mortal por conta do desejo de um deus, muito menos em literatura infanto juvenil), mas como eu já disse anteriormente, Rick sabe que seus leitores cresceram então as cenas de luta são mais violentas e sangrentas. Não ao estilo Game of Thrones, mas mesmo assim, algo novo para nós.

A cultura não foi descaracterizada, na minha opinião. Muito pelo contrário, o livro nos mostra como os filhos de Vanir eram bem menos considerados do que filhos de Ymir. E o autor nos mostra claramente que o protagonista não é um lutador, apesar de se dar bem com uma espada.

Como as críticas do meu outro post acabaram por aqui, vou abordar mais o que achei do livro agora (sem spoilers)

Eu amei, do fundo da minha alma, o fato de que Magnus não esconde seus sentimentos. Ele não esconde o medo e diz o que sente diretamente para o leitor. Ele demonstra quando se preocupa. Chora sem ter medo do que as pessoas vão pensar dele. Isso demonstra uma característica que, infelizmente, é muito difícil de encontrar sendo abertamente exploradas em personagens masculinos na literatura infanto-juvenil.

O fato de Magnus “não ser um lutador” não interfere em nada em seu papel na trama, nem define o tamanho de sua coragem.

Além disso tudo, também temos uma mistura impressionante de personagens inéditos na trama. Hearthstone é surdo e fala por linguagem de sinais. Blitz é negro, ama moda e não tem vergonha de admitir isso. A valquíria de Magnus, Samira Al-Abbas, é filha de Loki, tem descendência Arábica e não abre mão de seu hijab. Ainda há outras referência de outras culturas jogadas por todos os lados no livro, principalmente em Valhalla.

E prepare-se. Rick Riordan conseguiu colocar na história um sidekick um tanto quanto…inusitado ~ vocês vão ter que ler pra saber 😉

Para os desesperados por mais Percy Jackson: não temos Percy, mas temos Annabeth Chase, um crossover que quase matou do coração os fãs do Cabeça-de-Alga <3. Ao que tudo indica, mais dessa mistura está por vir.

Em geral, Magnus Chase é uma ótima leitura. Em poucas páginas pode te fazer rir muito, te trazer lágrimas ao olhos ou aquecer seu coraçãozinho de semideus grego/romano com as referências a Percy Jackson <3 <3

Resumindo: Você deveria dar uma chance ao Magnus Chase, porque eu o fiz \o/

O segundo livro da série será lançado nos Estados Unidos no dia 4 de outubro de 2016 sob o título de Magnus Chase e o Martelo de Thor.

 

Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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