Depois de acompanhamos Natasha Romanoff por 10 anos e 7 filmes, finalmente a Viúva Negra foi coroada com seu filme solo. Já a conhecíamos como espiã, assassina e Vingadora, mas agora finalmente vemos o seu lado humano. É bom avisar que existem pequenos spoilers nesta crítica.
O filme que chega depois de anos mostrando a Viúva Negra como uma personagem secundária e de seu sacrifício em Vingadores: Ultimato, honra todo o legado de Natasha e Scarlett Johansson

O Coração do filme
A produção explora na medida certa um pouco mais do passado no Quarto Vermelho, nos dando a oportunidade de conhecer Natasha e nos identificar com ela ainda mais. Ao longo desses 10 anos, o relacionamento da personagem com os Vingadores, deu base para entendermos sua empatia e sua busca por manter a família unida.
Natasha Romanoff é inegavelmente uma das três personagens mais importantes no UCM. Tony Stark e Steve Rogers podem ser os cérebros e corações dos Vingadores, respectivamente, mas é a humanidade de Natasha que compensa a alma da equipe.

Mais do que qualquer outro Vingador, a Viúva Negra é a mais imperfeita, carregando uma escuridão em seu coração que dá a personagem uma perspectiva de vida que ninguém mais na equipe tem. Não é surpresa que Natasha seja a única Vingadora a ter um relacionamento próximo e pessoal com todos os membros da equipe original, exceto Thor.
Natasha viu, experimentou e realizou as piores coisas que a humanidade é capaz, mas é sua capacidade de superar a dor e transformar essa escuridão em algo significativo que a torna uma das maiores personagens da Marvel. Como diz o próprio mantra do filme: “A dor torna você mais forte”.
O Passado da Viúva Negra
Preenchendo algumas lacunas de um passado do qual só ouvimos piadas, vemos Natasha procurando uma maneira de sair da loucura após a quebra do Acordo de Sokovia. Antes que ela possa fazer isso, é puxada de volta por sua irmã adotiva, Yelena.
É então que Natasha descobre que o programa que a transformou em uma assassina ainda está funcionando. Mesmo que ela pense ter acabado com isso uma década antes. Isso faz com que elas tenham que pedir ajuda a seus pais espiões adotivos, Alexei e Melina.
Com tudo o que é apresentado de seu passado com Yelena, Melina e Alexei, temos um contexto muito maior de como ela está emocionalmente na Saga do Infinito. Não somente por toda sua transformação mostrada ao longo dos anos em Vingadores, mas por que eleva a personagem a uma nova forma de apreciação.

Antes dos Vingadores, houve Ohio em 1995, onde uma pré-adolescente Natasha passou 3 anos vivendo a vida com sua família. Não era uma vida extravagante, mas uma vida de conforto e amor. Essa vida é brutalmente arrancada de Nat e Yelena quando as identidades secretas de espionagem de seus pais são reveladas.
A imagem de duas crianças chorando, confusas quanto ao motivo de seus pais terem ferimentos à bala parece quase intensa demais para um filme da Marvel. Este background junto aos créditos de abertura que se seguem constituem um dos prólogos mais poderosos do UCM, usando imagens impressionantes para preparar o palco para suas temáticas potentes em torno do abuso e da violência contra crianças.
Referências
Além disso há um ar do mundo de espionagem ao estilo James Bond e Missão Impossível.
Uma perseguição emocionante pelas ruas de Budapeste, uma sequência inteira em cenário europeu e ação veicular louca. Ou até mesmo para a grande fuga da prisão russa vista no trailer.
A ação é envolvente o suficiente para encobrir muitos dos problemas mais frágeis do enredo.
A família
Por mais que as cenas de ação sejam emocionantes, não chegam perto do quão envolventes são os personagens de Viúva Negra. Florence Pugh, David Harbor e Rachel Weisz formam um conjunto memorável como a família adotiva de espiões de Natasha.
Eles brigam, importunam, machucam uns aos outros, mas compartilham uma confiança profunda. A química perfeita que eles têm serve como base para as ideias de família do filme.

David Harbor dá vida a Alexei Shostakov, um super-herói fora de serviço que não consegue parar de reviver seus dias de glória. Ele é impetuoso, burro e egoísta, mas tem uma tolice de pai que suaviza suas arestas. O personagem é alvo de piadas banais com excesso de peso, mas o charme do ator o torna palatável.
Rachel Weisz faz uma Melina Vostokoff com todas as marcas registradas de uma mãe, mas adiciona uma camada hilária de brincadeira ao papel. Melina e Alexei se sentem genuinamente como pais divorciados prestes a se apaixonar novamente, para grande desgosto de seus filhos. Mas além da diversão, ela também explora o arrependimento e a solidão da personagem. Na superfície é uma mãe divertida, mas carrega muita bagagem em seu coração.
E Florence Pugh é simplesmente uma dádiva como Yelena Belova, trazendo um ar infantil a este mundo de espiões. Ela é mortal com um lápis na mão, mas é provável que faça um desenho fofo com o mesmo lápis. Ela é fria e calculista, mas também pode chorar quando provocada.

Como a mais nova da família, Yelena tem uma reverência silenciosa por sua irmã Vingadora, mas também muita angústia sobre como suas vidas foram diferentes. A dinâmica de Yelena com Natasha é magnífica. Não tem como não desejar que elas estivessem em mais filmes juntas!
Os antagonistas
Dreykov é puramente mau. Ele tem o covil do mal mais louco que faria qualquer vilão de Bond com ciúmes e um exército de assassinos mortais à sua disposição. Não há necessidade de interpretar o personagem corretamente. Ele pode ser o personagem mais maligno do UCM, mas ainda assim é divertido de assistir.
Mas ele não é o vilão que pagamos para ver. Taskmaster é indiscutivelmente um dos vilões mais emocionantes que o UCM já tentou colocar na tela. Os trailers fizeram um excelente trabalho ao vender o truque do personagem de ser capaz de imitar qualquer ação única em tempo real. Se a luta do Soldado Invernal na estrada surpreendeu a todos, como seria o Taskmaster em ação ao vivo?
Infelizmente, é um pouco desanimador pela forma como o personagem é subutilizado no filme. A direção que eles tomam com o personagem é realmente emocionante. Não vou estragar falando sobre a identidade do personagem. O problema com Taskmaster é que eles não dão ao personagem muito o que fazer.

Os trailers revelam cerca de 70% das grandes cenas de ação do personagem e não deixam quase nada de empolgante para descobrirmos, exceto a identidade do personagem.
O personagem é tratado como um lutador apenas alguns níveis acima de Natasha, mas que não requer um novo conjunto de habilidades para ser vencido. O combate não é ruim, mas o que falta parece um desserviço para um personagem que é conhecido por chutar a bunda de todos a um nível impossível.
Vemos Taskmaster imitar alguns dos movimentos de Natasha aqui e ali, mas é uma nota de rodapé. Não há sentimento de admiração, luta ou mesmo tensão em superar o personagem. Natasha teve mais dificuldade para lutar contra Bucky.
A Viúva Negra
E por fim, temos Scarlett Johansson que realmente se tornou a melhor versão da personagem! Suas atuações de uma década como Natasha Romanoff recontextualizaram a personagem de maneiras que aprofundam sua percepção de suas aparições nos quadrinhos.
A atriz encarnou o personagem por tanto tempo que agora ela está em um ponto onde pode simplesmente fazer em piloto automático e nos dar os maiores sucessos do personagem. Felizmente, ela não faz isso.

Há alguns toques divertidos para Natasha neste filme que nunca vimos antes e você pode ver o quanto Johansson se divertiu com o personagem desta vez.
Víúva Negra tem alguns pontos que pecam, mas entrega um filme de coração que compensam os erros. Pode acabar sendo considerado dos melhores filmes de espionagem modernos, mas vai além. É um dos melhores filmes sobre família.
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