Venom 3: A Última Rodada chegou aos cinemas na última quinta-feira, dia 24 de outubro, para encerrar a saga do anti-herói simbionte. Depois de dois filmes bombardeados pela crítica, mas amados pelo público, a conclusão de um arco que demorou a se entender não gerava expectativas. Talvez por esse motivo, se divertir com o que foi entregue se mostrou tão fácil. Com a estreia de Kelly Marcel na direção e o retorno de Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria) como Eddie Brock e Venom, nós finalmente diremos adeus ao simbionte?
Hora da caçada
Depois dos acontecimentos de Venom: Tempo de Carnificina, Eddie Brock e, consequentemente, Venom se veem como fugitivos do Estado. Caçados pela polícia pelo assassinato de Patrick Mulligan (Stephen Graham). Porém, além da ameaça constante das organizações humanas, um grupo de extraterrestres, comandados por um ser misterioso chamado Knull, também está em busca de Venom.
Conhecido como o Deus dos Simbiontes, Knull planeja se vingar das criaturas que criou. Mas primeiro ele precisa do códex para se libertar de sua prisão. O problema é que nosso anti-herói é o portador desse artefato, tornando-o o alvo de humanos e alienígenas. Para seguir com seu plano, Knull solta bestas xenófagas para rastrear o paradeiro de Venom e recuperar o códex. Não faz sentido, mas a essa altura, quem liga?
Venom 3: A Última Rodada aposta no que deu certo e assume a galhofa
Principalmente porque Venom 3: A Última Rodada abandona qualquer pretensão de ser levado a sério e abraça de vez a galhofa. O primeiro filme foi lançado sob a tentativa de entregar uma trama mais sombria, com pitadas leves de humor politicamente incorreto. Mas o bromance carismático entre Eddie e Venom roubou a cena e ganhou o grande público, garantindo a sequência. Tempo de Carnificina apostou no que deu certo e deu mais espaço para a relação entre os protagonistas, mas ainda queria manter uma certa seriedade. O que não acontece no longa que encerra a trama dos dois.
É inegável o carisma do Venom como esse personagem carregado de tiradas de humor. Uma verdadeira antítese de sua faceta nos quadrinhos. Esta que é, inclusive, uma das maiores reclamações dos amantes das HQs que serviram de base para a saga cinematográfica: A total falta de comprometimento com o conceito original do personagem. Então, quando tiramos o fator “adaptação” da equação, é possível sim apreciar a vista, ainda que o cheiro não seja tão agradável. Sendo assim, posso dizer que, para mim, Venom 3: A Última Rodada não parece ser um total desperdício de tempo.
Personagens subdesenvolvidos
Apesar de apresentar uma quantidade considerável de novos personagens, nenhum deles de fato tem algum destaque na trama. A começar por todos os simbiontes que não são explorados o suficiente para que você se lembre efetivamente de algum deles. Além de serem apresentados com uma convenção de regras que são quebradas a cada dez minutos de filme. No fim, você não sabe para que vieram, porque foram ou para onde iriam.
Dos humanos, os acréscimos de Juno Temple (Ted Lasso), como a Dra Payne, e Chiwetel Ejifor (Doutor Estranho), como Rex Strickland, têm a mesma importância que um peso de papel. Servindo apenas para empurrar a história e dar uma pseudo-justificativa para os acontecimentos da narrativa. Efetivamente, não possuem profundidade, camadas ou motivações relevantes. Se ao menos pudéssemos rasgar elogios quanto a atuação de ambos, mas nem isso.
Promessas vazias
Já Knull, interpretado por Andy Serkis (Planeta dos Macacos: a Guerra), faz parte do grupo de vilões que prometem tudo e não entregam nada. Se concentrando em manter a pose de mistério e proferindo frases de efeito, o personagem é sempre mostrado da mesma forma: cabeça baixa, em um cenário sombrio e rodeado por bestas e simbiontes. Subutilizado com a promessa de mostrar a que veio em um futuro ainda incerto. O retrato do desperdício de um ator do nível de Serkis, e de tempo de tela.
Verdade seja dita, Venom 3: A Última Rodada se apoia essencialmente na relação, mais uma vez hilária, entre Eddie e o simbionte. A dinâmica entre os dois é, de longe, a melhor coisa do filme. E quando essa dinâmica envolve outros personagens ou elementos de cena, o filme brilha e diverte. O que dizer da cena de dança com a Sra. Chen (Peggy Lu) ou da cantoria inesperada com a família que sonhava em ver alienígenas? Explorar mais essa relação e assumir de vez o manto humorístico foi, definitivamente, o acerto do longa.
Venom 3: A Última Rodada peca em roteiro inconsistente e excesso de CGI
Porém, Eddie e Venom, apenas, não são o suficiente para maquiar as falhas no roteiro, mais uma vez escrito por Tom Hardy e Kelly Marcel. Apesar de implorar por sentido, a trama dificilmente vai te proporcionar algum. Desde regras e convenções que são estabelecidas no primeiro ato, que são completamente esquecidas no terceiro, até personagens que deveriam ter uma maior vantagem contra os alienígenas, mas são derrotados com absoluta facilidade.
E falando em terceiro ato, Venom 3: A Última Rodada é mais um dos longas de super-herói que apostam tudo em um terceiro ato caótico com excesso de CGI. Ao menos não tivemos raio azul aqui. Mas as sequências frenéticas e exageradas protagonizadas por “bonecos” de computação gráfica acabam cansando visualmente. Um recurso que já se mostrou a maior armadilha do gênero, uma vez que busca no excesso de cenas de ação uma equivalência de qualidade cinematográfica.
Uma conclusão adequada para uma última dança
Venom 3: A Última Rodada é o melhor da trilogia. Não que isso fosse algo realmente muito difícil. Mas, abrir mão da seriedade para abraçar o humor e o caos proporciona uma ótima diversão, ainda que ela não faça muito sentido. Com cenas hilárias e situações absurdas, o filme cumpre o papel de entreter, ao tempo em que assume o descompromisso sem se ressentir de suas limitações. É uma despedida honesta, que extrai o máximo da relação entre Eddie e Venom, a verdadeira alma dessa franquia.
Venom 3: A Última Rodada está em exibição somente nos cinemas.
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