O amor dela deu a ele forças para viver novamente.
Na última terça-feira (07/11), fomos, à convite da Cinemark, para a cabine de Uma Razão Para Viver. O filme, estrelado brilhantemente por Andrew Garfield (ex-teioso) e Claire Foy (de The Crown) conta a história real de Robin Cavendish, que, ao final dos anos 50, aos 28 anos, foi acometido pela poliomielite.
A doença paralisou-o completamente do pescoço para baixo, e lhe foram dados três meses de vida – vida, esta, que terá que passar para sempre dependendo de uma máquina que respire por ele. Sua esposa e mãe do filho recém-nascido deles, Diana, recusa-se a aceitar as limitações e o sofrimento do marido e, com a ajuda de sua família, seus amigos e alguns médicos que acreditam numa melhor qualidade de vida para Robin – considerando sua condição -, Diana consegue levá-lo para casa, assumindo todos os riscos para poder devolver ao marido sua vontade de viver. E, assim, Robin Cavendish acabou sendo o primeiro responaut (pessoa que depende permanentemente de um respirador artificial para continuar respirando) a ter uma longevidade maior do que o esperado para pacientes na época, dando esperanças e meio que servindo de “cobaia” para mostrar que as pessoas com pólio poderiam ter uma vida fora do isolamento dos hospitais.
O filme começa bem demais: jovem se apaixona pela moça bonita e conhecida por quebrar corações, moça corresponde aos sentimentos do jovem aventureiro e encantador, moça e jovem se casam e esperam por um filho. Treinados por Up!, já sabemos que, quando tudo dá muito certo rápido demais num filme, temos o resto do filme todo para algo dar muito errado. E é o que acontece. Diana acompanha Robin à África, para uma viagem de negócios, e é onde ele manifesta a Pólio, pouco tempo depois de saberem que ela estava grávida.
E é aí que você deve pensar: “ah, ok, só mais uma história sobre superação e blablabla…”, mas não. Uma Razão Para Viver (Breathe, Respire, em inglês, o que preferi) vai além das lições de superação e das limitações de cada um. O filme, dirigido por Andy Serkis, é produzido por Jonathan Cavendich. O nome parece familiar? É o filho de Robin e Diana (e foi, ao final do filme, quando descobri isso, que o choro intensificou), que fez o filme em homenagem à vontade de viver de seu pai para vê-lo crescer e a dedicação incansável e amor incondicional da mãe por acompanhá-lo e cuidar dele todo o tempo, mesmo quando muitas das pessoas ao seu redor não acreditaram que seria possível, ou só apontavam o que podia dar errado.
Sério. A força de Diana é inspiradora, intimidadora. É daquelas pessoas que não medem esforços para fazer o possível e o impossível para aqueles que ama, e é lindo ver como Jonathan retrata o amor dela por seu pai, e vice-versa, e como ela ainda conseguia ser uma excelente mãe. Os irmãos de Diana, antes contra o casamento por Robin não ser um rapaz cheio da grana, acabam apoiando-a muito mais do que eu imaginava, cuidando e também fazendo o impossível pelo cunhado. É uma relação de laços familiares e de amizade que somente alguém que esteve ali, presente, vivendo e testemunhando tudo, poderia nos passar. Obrigada, Jonathan, por nos mostrar, por sua visão, como a doença não afeta somente a uma pessoa, mas transforma a vida de todos que a amam.
Robin é outro grande exemplo de força, otimismo, criatividade e força de vontade. É muito emocionante entender a forma como o produtor retratou o próprio pai: um homem que, apesar dos pesares, escolheu viver para estar ali, com ele, brincando da melhor forma que pode, fazendo-se presente, mostrando ao filho o quanto ele é amado, e o quanto o pai é feliz por ter a oportunidade de ainda estar ali com ele, com a mãe, seus amigos, sua família.
No último ano, passei por situações que, meio que refletidas ali na tela, fizeram-me pedir ajuda aos céus para parar de chorar pra poder sair da sala de cinema sem passar vergonha, hehe. Mas o filme não nos deixa só destruídos emocionalmente, ele também nos faz querer ter a força, a dedicação, a vontade de viver, de amar e de cuidar de Diana, Robin, Jonathan e todos ao redor deles, até mesmo aos médicos e pesquisadores que acreditaram que Robin e outros pacientes mereciam uma chance de viver, e não só sobreviver.
Robin ficou preso à uma cama por grande parte de sua vida, e nem mesmo isso o impediu de se tornar um exemplo, uma inspiração, uma chance para aqueles que se encontravam na mesma situação que ele, ou semelhante. Mas e você, qual é a sua desculpa para não acreditar em si mesmo?
Uma Razão Para Viver estreia nos cinemas nacionais no dia 16 de novembro. Leve lenços!