Quando o assunto é esquizofrenia, qual é o primeiro filme que vem à sua cabeça? Provavelmente a sua resposta será Uma Mente Brilhante, filme de 2001, baseado no livro da Sylvia Nasar, na vida e obra de John Nash, um gênio da matemática, professor, as que desenvolveu uma doença chamada esquizofrenia, um distúrbio que afeta a pessoa a pensar com clareza e causa desorganização na mente do paciente. Infelizmente não tem cura, mas assim como a gagueira, o tratamento pode minimizar os problemas e a pessoa pode aprender a conviver com ela.
E o roteiro de Akiva Goldsman foi feliz em mostrar uma doença até então pouco conhecida, sem explorá-la e tornar inteligível ao seu público.
Outra característica forte da esquizofrenia é que a pessoa começa a ter dificuldade em distinguir o real do que não é e aqui no filme isso é retratado pelo seu “colega de quarto” descolado, Charles (Paul Bettany), sua suposta filha, além do “agente do FBI” Parcher (Ed Harris), que mais se aproxima de uma figura vilanesca e não basta a doença em si, Parcher ainda coloca o suposto medo do comunismo na cabeça de Nash.
Mas engana-se quem acha que o filme se limita a isso. E mesmo quem não sacar esses detalhes mais científicos pode encontrar um grande filme, independentemente do quão leigo você seja: é uma história de um homem inteligente, John Nash, que encontra o amor da sua vida, Alicia, mas que tem sua trajetória interrompida por uma doença que o acompanha até o fim.
E o fato de Uma Mente Brilhante ser um filme “fácil” para o grande público de fato é uma qualidade pelos motivos óbvios, mas muitos críticos acham que isso foi um demérito, já que ele foi dado como uma obra “acadêmica”, feito e certinho para Oscar. Outros diziam que é um filme que “não se arrisca”.
Realmente é uma obra calculada para ganhar Oscar e o filme omitiu algumas polêmicas da vida de John e Alicia, como a bissexualidade dele e o fato de o casal ter se separado por boa parte da vida (o filme indica que eles ficaram juntos a vida inteira). Isso é um problema com certeza, mas deixar de reconhecer as qualidades é um pouco injusto.
Uma Mente Brilhante é incrivelmente bem feito, uma jornada de superação, mostrando que tanto o amor quanto a ciência pode salvar a vida de uma pessoa, literalmente.
Ok, John e Alicia não viveram a vida inteiramente juntos, mas dentro do filme a convivência funciona e faz com que a plateia se envolva e crie mais empatia com o que se vê em tela.
Isso é fruto do roteiro, mas também da excelente química entre Russell Crowe e Jennifer Connelly. Quem procurar material extra e making of vai encontrar todo o trabalho de pesquisa e estudo dos atores para darem vida a John e Alicia. O resultado das atuações beira à perfeição, Jennifer Connelly venceu seu merecido Oscar e Russell foi indicado, mas quem ganhou foi Denzel Washington por Dia de Treinamento.
Aliás, Uma Mente Brilhante foi o grande vencedor do Oscar 2002, além do prêmio de Atriz Coadjuvante, ainda ganhou os prêmios de Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado. Foi ainda indicado a Melhor Ator, Montagem, Maquiagem e Trilha Sonora (com o maravilhoso trabalho do saudoso James Horner).
E ainda foi um sucesso de bilheteria, custou 58 e faturou 316 milhões de dólares no mundo inteiro.
Uma Mente Brilhante não é uma unanimidade, está longe de ser perfeito, mas não dá para negar sua importância no cinema e na ciência, é querido até hoje, tem performances irretocáveis dos atores principais e não é difícil encontrar quem o tem como o filme da vida.
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