Tropa de Elite é dos filmes brasileiros mais populares e polêmicos da história. É dirigido por José Padilha, que já havia causado polêmica com o documentário Ônibus 174, lançado em 2002. O roteiro é do grande Bráulio Mantovani, responsável pelo roteiro de Cidade de Deus, é baseado no livro Elite da Tropa, de Rodrigo Pimentel.
Levou quase 3 milhões de brasileiros ao cinema, gerou uma continuação em 2010 ainda melhor do que este filme de 2007, mas sua jornada começou muito antes de o povo ter acesso ao longa: um ano antes da estreia, em 2006, algumas armas cenográficas foram roubadas, mas a primeira coisa que vem à cabeça ao lembrarmos de Tropa de Elite, foi o vazamento da cópia do filme 3 meses antes de sua estreia oficial, em outubro de 2007.
Nos meses antes, entre julho e outubro, o assunto Tropa de Elite estava na boca do povo: qualquer barraca de qualquer cidade brasileira tinha o filme em mãos, a situação ficou incontrolável, todos estavam curiosos para conhecer este novo fenômeno e tanto na mídia quanto nas ruas, o assunto era um só.
Havia um risco de o filme fracassar nas telonas, mas como já dissemos, o filme é um sucesso de público e crítica.
Mas as polêmicas não pararam por aí: Tropa de Elite é um filme que aborda a violência nas comunidades, mas pelo ponto de vista policial, mais precisamente do BOPE, ou Batalhão de Operações Policiais Especiais, sobretudo pelo olhar do protagonista, o Capitão Nascimento, interpretado brilhantemente pelo sempre ótimo Wagner Moura e não era nenhum absurdo dizer que 2007 foi o seu ano, pois além do sucesso deste filme, Wagner ainda colhia os frutos do vilão Olavo na novela Paraíso Tropical.
E quanto ao filme em si, muitos chamaram o longa de José Padilha de fascista, de glorificar a violência, de parcialidade ou como uma propaganda da polícia. Outros dizem que foi um dos responsáveis pela afirmação “bandido bom é bandido morto”.
Mas independentemente de qual seja a sua visão, é impossível sair do filme da mesma forma que entrou e não questionar a violência urbana, policial, corrupção ou o sistema como um todo. A intenção de Padilha e Pimentel foi justamente mostrar um Brasil com menos glamour do que estamos acostumados e mexer na ferida de um problema comum. A escolha da ótica do policial foi minuciosa, pois é quem está na linha de frente e tem prioridade para falar, embora exista uma opinião formada e sim, Tropa de Elite apresenta uma visão parcial do problema, mas que promove essa reflexão.
Você pode não concordar com tudo o que o Capitão Nascimento diz, mas não dá para negar que este é um personagem fascinante, embora seja um anti-herói e colocá-lo em um patamar seja uma visão distorcida da sociedade, pois ao passo que ele abomina o tráfico e a corrupção, resolve quase tudo com tortura, levando suas vítimas ao limite.
Mas Tropa de Elite não se limita apenas ao Capitão Nascimento. Há outros personagens igualmente fascinantes, como o André Mathias (André Ramiro), um aspirante a policial do BOPE, estudante de Direito, que quer conciliar as duas carreiras, mas se apaixona por Maria (Fernanda Machado), uma jovem cheia de boas intenções, tem uma ONG na comunidade, mas coloca tudo em risco com o relacionamento com o policial, chegando a ser ameaçada por Baiano, chefe do tráfico da favela, mas que fica jurado de morte após assassinar Neto (Caio Junqueira), amigo de infância de Mathias, também com boas intenções, mas que cai em uma armadilha do tráfico.
Tropa de Elite é um filme de ação, gênero que não é muito explorado em nosso cinema, principalmente pelo alto custo de produção, mas assim como Cidade de Deus, é um desses filmes que dão orgulho para nós, brasileiros, pois as sequências de ação são realizadas com muita competência, com efeitos práticos, driblando o baixo orçamento e não perde nada para as grandes produções de Hollywood.
Dois nomes a serem considerados aqui são o diretor de Fotografia, Lula Carvalho, e o montador Daniel Rezende, indicado ao Oscar pela montagem de Cidade de Deus e hoje está fazendo bonito na direção, sobretudo pelo sucesso de Bingo – O Rei das Manhãs e dos últimos filmes da Turma da Mônica.
Mas não dá para falar sobre Tropa de Elite e não citar as frases, cenas, que entraram na boca do povo e são memes até hoje. Como não se lembrar de momentos como “pede pra sair”, “não vai subir ninguém”, “cadê o Baiano”, “já avisei que vai dar m*rda”, “bando de burguês safado” ou cenas como a da inicial em um baile funk, o debate sobre a polícia na faculdade, o treinamento para entrar no BOPE ou o terceiro ato dedicado à perseguição ao Baiano e vingança pela morte do Neto.
Tropa de Elite é um filme como poucos, goste ou não, se tornou um fenômeno pop, é um marco do nosso cinema e não dá para sair indiferente do que se vê em tela.
E nem dá para pedir para sair deste.
Posts Relacionados:
Gattaca – A Experiência Genética: 25 anos depois – (1997)
Os 10 anos de lançamento do Nintendo Wii U
A Outra Face: 25 anos depois – (1997)
Não esquece de seguir o Universo 42 nas redes sociais: