No dia 11 de maio, depois de uma longa espera, soube que duas das minhas séries atuais prediletas não haviam sido renovadas para uma nova temporada. Fiquei arrasada e a única pessoa com quem pude dividir minhas tristezas foi minha irmã, já que só ela as conhecia – pois havia apresentado a ela. Com esses dois seriados cancelados, minha lista de séries favoritas que não terão uma continuação só aumenta… Quando gosto de alguma coisa, sou realmente apaixonada (cof cof fangirl cof cof), e quero compartilhar com as pessoas sobre ela. Então, cá estou, escrevendo sobre seriados, relativamente ou totalmente, desconhecidos ao grande público e tentando fazer com que outras pessoas os dê uma chance e apaixonem-se assim como eu.
Hannibal (NBC, 2013-2015, três temporadas, 39 episódios no total)
O nome você com certeza já conhece: Hannibal Lecter, o canibal mais famoso da literatura e do cinema. Mas em 2013 ele também ganhou uma série e talvez sobre isso você não sabia ou sentiu algum preconceito, usando o pretexto “se não é com o Anthony Hopkins, não interessa”. Sim, Hopkins criou um Dr. Lecter incrível, mas Mads Mikkelsen (de Doutor Estranho) tem um charme “hannibalístico” único. Mads é dinamarquês e bem famoso por lá, mas depois desse trabalho ganhou mais destaque em Hollywood. O ator consegue criar um Hannibal Lecter diferente, mas igualmente encantador, comparado ao de Hopkins. Como eu sempre disse ao assistir o seriado: Mads tem um charme, e Hannibal com certeza é muito charmoso. Mas sobre o que é a história, afinal? O diretor, Bryan Fuller, usou o livro O Dragão Vermelho como ponto de partida. Hannibal é um psiquiatra um tanto quanto excêntrico e o FBI entra em contato com ele para ajudar a resolver uma série de crimes cometidos por um assassino carinhosamente chamado de O Estripador de Chesapeake, ao lado de Will Graham (Hugh Dancy), um professor que tem um grande talento para visualizar – não criar, visualizar – perfis de criminosos. O problema de Graham é que ele se envolve muito com as investigações e isso o acaba afetando psicologicamente, e Hannibal, vendo uma oportunidade de causar, agarra-a e faz bom proveito dela. Além dos crimes do Estripador, Hannibal e Will passam a investigar outros assassinatos juntos e sua relação passa a estreitar-se. A história é maravilhosa, as mortes são super criativas – minhas mortes de seriados favoritas vem de Hannibal – e as comidas, ah, as comidas, os pratos do Dr. Lecter são um show a parte. Pratos lindos, que mesmo nós, expectadores, sabendo que aquelas comidas são feitas partes de corpos humanos, chegam a ser apetitosos (e olha que eu sou vegetariana!). Além dos eventos pré O Dragão Vermelho, mais adiante há uma releitura ao livro e ao filme do mesmo nome e também à obra intitulada Hannibal (os eventos de O Silêncio dos Inocentes, com nossa conhecida Clarice, não são explorados nessas três temporadas, mas diz-se que seria a ambientação da quarta). Não tem como não assistir Hannibal da NBC e não se deliciar, literalmente. Tanto que, mesmo três anos após o anúncio do cancelamento, tanto fãs, quanto Mads, Dancy e Fuller almejam por uma continuação. O que adoro em Hannibal é que além dos fãs serem apaixonados pela série, as próprias pessoas envolvidas em sua criação também são! (Outros nomes famosos no seriado: Gillian Anderson, nossa eterna agente especial Dana Scully, FBI, e Laurence Fishburne, o Morpheus de Matrix.)
The Exorcist (Fox, 2016-2017, duas temporadas, 20 episódios no total)
Após ficar órfã de Hannibal, fiquei feliz com o lançamento do seriado baseado naquele filme que mais me aterrorizou na minha infância. Feliz, mas receosa. Assisti a O Exorcista, pela primeira vez, quando tinha 10 anos, e assisti logo a versão do diretor! Fiquei traumatizada! Mas, ao começar a assistir, eu mesma me surpreendi que The Exorcist tornou-se uma das minhas séries favoritas e acabou com todo aquele trauma de infância. O seriado é protagonizado por Padre Thomas, interpretado por Alfonso Herrera (de Sense8 e, sim, de Rebelde), um padre mexicano em uma igreja em uma área perigosa em Chicago, e por Padre Marcus (Ben Daniels), que é um exorcista aposentado, assombrado pelos demônios com os quais lidou e, principalmente, pelas tragédias que eles causaram em toda sua vida. Quando uma família começa a ser atormentada por entidades malignas e uma série de sinais o levam até Marcus, Padre Thomas acredita que seu destino é tornar-se um exorcista assim como o homem o qual quer que seja seu mentor. A série já é muito envolvente desde o princípio, mas com uma revelação incrível no meio da primeira temporada, The Exorcist passa a ser maravilhosa. A tensão do cancelamento logo na primeira temporada era grande, mas os fãs respiraram aliviados quando ela foi renovada para uma segunda temporada, que segue uma história totalmente original, e talvez tenha sido isso que a matou. The Exorcist foi cancelada em 11 de maio de 2018 e deixou muitos fãs de terror órfãos mais uma vez…
Kevin (Probably) Saves The World (ABC, 2017, uma temporada, 16 episódios no total)
Sobre essa, aposto que muita gente nunca ouviu falar. E se fosse outras circunstâncias, eu também não daria a mínima para ela. Porém, alucinada por Gravity Falls como sou, não deixaria uma série em que Jason Ritter (Dipper Pines no desenho da Disney) atua de lado. Antes do lançamento com o título The Gospel of Kevin, a série fala, sim, sobre religião. Isso é uma coisa que normalmente mexe comigo, mas KPSTW me surpreendeu. O discurso religioso não é o foco do seriado, mas ele acaba focando em uma mensagem positiva sem apelar para a religião, só que tendo temas religiosos como fundo. Deu para entender? Vou explicar melhor. Kevin Finn (Jason Ritter) é um homem que estava vivendo uma vida miserável em Nova York, trabalhando na Wall Street, e, por consequência disso, tenta cometer suicídio. Tenta. Sem emprego, sem namorada, desiludido e infeliz, ele volta para sua cidade natal e vai morar com sua irmã e sua sobrinha, que acabaram de perder o marido e o pai. A chegada de Kevin não é das mais esperadas, pois ele é um babaca que nem foi ao enterro do marido da irmã gêmea. Na primeira noite em que passa na casa de Amy, sua irmã, ele e a sobrinha, Reese, veem um meteoro caindo bem próximo a onde estão e vão até lá para vê-lo de perto. Kevin decide tocá-lo e, a partir daí, tudo em sua vida muda. Ao redor de todo o mundo, outros 35 meteoros caem em lugares diferentes. Mas eles são, na verdade, anjos que abdicaram sua vida no Paraíso para procurar pelas 36 pessoas escolhidas por Deus (os righteous) para salvar o mundo. Ao chegarem a Terra, esses anjos descobrem que só sobrou uma dessas pessoas: Kevin. Yvette é o anjo responsável por guardar e ajudar Kevin em sua busca pelos outros 35 righteous. Caído, né? Não é, acredite. A mensagem e a vibe desse seriado é, de longe, a mais bonita e a mais leve que já vi em um seriado – levando em conta que, como perceberam, só assisto terror. Manteiga derretida que sou, chorei logo no primeiro episódio e isso se tornou algo decorrente em todos os outros; não tem um que eu não tenha chorado. Kevin (Probably) é uma série de drama com comédia que te faz pensar sobre o que é ser humano. Nós vivemos nosso dia a dia centrados em nós mesmos, em atingirmos nossas metas, custe o que custar, muitas vezes sem se importar com os outros. Kevin e Yvette nos ensinam a ser empáticos e generosos, a fazer o bem sem ver a quem, e acredito que seja por isso que KPSTW acabou se tornando minha série favorita. Ela mostra que a empatia e a generosidade podem mudar o mundo, e é nisso em que acredito. Aliás, perceberam que usei muito o verbo acreditar? Pois é sobre isso que a série fala, acreditar na bondade das pessoas. É uma série leve, os personagens são apaixonantes, tem comédia na medida certa, tem mensagens tocantes e que nos fazem pensar, tem família, tem amigos… Ela te mostra que não importa o quanto você tenha sido uma pessoa ruim, você pode melhorar, fazer o bem para os outros e ver como suas boas ações podem – e vão – mudar o mundo, tanto da pessoa a qual você ajudou, quanto o de outras pessoas, uma verdadeira corrente do bem. Esse foi o cancelamento que mais me chateou. Vou sentir falta de ver boas ações sendo feitas toda quarta à noite… Kevin vai me deixar saudades, mas a sensação que fica é que aprendi muita coisa com uma única temporada com poucos episódios. Uma série cinco estrelas de aquecer corações e inspirar pessoas.