Após 3 anos do lançamento de Blurryface, era muito aguardado o que o Twenty One Pilots nos apresentaria em seu novo trabalho. Sendo um dos principais artistas do momento, Tyler Joseph e Josh Dun surpreendem mais uma vez, não ficam na zona de conforto e trazem um dos álbuns mais inventivos da época.
O desprendimento a estilos é o que marca o Twenty One Pilots. Desde seu primeiro álbum – quando ainda contava com seus membros antigos – em 2009, a banda já não se prendia apenas à um gênero, sendo a tradução mais pura do que significa a música: sentimento. Tyler desde sempre traduzia seus anseios em suas melodias e letras, e, para isso, não era possível se apegar apenas a um estilo musical. Já no primeiro álbum era possível reconhecer rock, pop, reggae, hip hop entre vários outros gêneros.
Os trabalhos subsequentes (já com Josh na bateria) vieram para consagrar a banda como uma das maiores no cenário atual. Vessel (2013) é um polimento do trabalho auto intitulado de 2009, com muita experimentação e faixas memoráveis. A ápice da dupla veio com Blurryface (2015), com uma pitada a mais no pop o Twenty One conseguiu o Grammy daquele ano pela faixa “Stressed Out”, e ganhou disco de ouro por todas as duas 14 faixas.
Trench – o amadurecimento da dupla
O quinto álbum do Twenty One teve um trabalho de marketing pesado. Desde sites suspeitos sendo criados, identidade visual totalmente nova e teorias criadas por fãs. O lado lírico e artístico de Tyler sempre foi um dos diferenciais, como podemos ver em Blurryface onde ele e Josh se pintavam para entrar nos personagens. A “temática” por trás de Trench foi confirmada com o lançamento de dois singles, “Jumpsuit” e “Nico and the Niners” e o primeiro com clipe que contava um pouco sobre o conceito dos bispos e da cidade “Dema”, que seria o fio condutor deste álbum conceitual.
Antes do seu lançamento oficial, outros três clipes foram lançados, “Nico and the Niners” e “Levitate”, fechando a triologia onde se dava para ter uma noção maior da cidade, algo sobre lutar contra um regime totalitário religioso da cidade, ser a resistência, e realmente, este é um álbum de resistência. Muito se esperava da dupla após seu estrondoso sucesso com Blurryface, que pendia um pouco mais para o pop, um pensamento mais conservador iria imaginar que o novo álbum seguiria o mesmo caminho, mas a dupla foi para o caminho contrário e manteve sua faceta de inovação.
A primeira faixa, “Jumpsui” já nos era conhecida, ela traz a energia conhecida da banda, com um riff pesado e marcante no contrabaixo, e a já presente e enérgica bateria de Josh. Mas o que denotaria um linha parecia com o álbum anterior é quebrada com “Levitate” que foi um dos singles lançados e mostrando que a parte do hip hop teria bastante força, a música tem o flow sensacional de Tyler e com muitos samplers.
A capacidade de transitar por vários estilos e ritmos é levada ao máximo, temos faixas distintas em sequência como por exemplo “Smithereens“, que na melhor das definições seria aquela música “fofa” para mandar pro crush, com uma letra totalmente diferente da temática e roupagem das demais, o que é um ponto negativo, ela é um respiro em meio a toda a densidade, quase um “alívio cômico”.
Em contrapartida, logo em seguida “Neon Gravestones” é a síntese do álbum. Uma música que parece simples, mas que diz muito. Seu clima moroso quase letárgico diz muito sobre lutar contra algo muito mais forte que você e não obter resultados bons, e com isso, querer descansar. A construção da música – praticamente autoconfessionária – lembra até um pouco Eminem. Na verdade, o álbum brilha nessas canções mais melancólicas, como “Bandito” e “Leave the City”, mas existem coisas diferentes como “Chlorine” e “The Hype” ambas com letras incríveis. Outro destaque fica para “Pet Cheetah” que é uma música totalmente fora da curva, mas também, muito boa.
Em síntese, Trench foi contra o que muita gente achava da dupla, eles não ficaram na zona de conforto (de novo) e trouxeram um trabalho novo e diferente de tudo que nos foi apresentado até então. Uma grata surpresa num cenário que cada vez mais está homogeneizado.