Cloverfield acabou virando uma franquia sem querer. O primeiro filme chegou em 2008, sem fazer muito barulho e abraçando o baixo orçamento, ganhando uma legião de fãs e trazendo mais perguntas do que respostas. Já o segundo filme, Rua Cloverfield 10, teve uma campanha de marketing tímida, foi filmado em segredo e, apesar de também trazer mais perguntas do que respostas, é, de longe, o melhor dessa franquia: claustrofóbico, irônico e com grandes atores como John Goodman e Mary Elizabeth Winstead.
E agora o terceiro filme chegou cercado de expectativas com a promessa de expandir ou responder às perguntas deixadas nos filmes anteriores e manter a qualidade da franquia. Ao menos, teve uma campanha de marketing interessante: também foi filmado em segredo, teve seu trailer exibido durante o Super Bowl e chegou à Netflix após o jogo.
E agora temos já disponível na Netflix, inclusive para download, The Cloverfield Paradox, o terceiro filme da franquia Cloverfield.
Este é o filme mais ambicioso da franquia e o de maior orçamento: não há ambientes fechados, muito menos com cara de filme b: a trama se passa no espaço e leva a franquia a um novo patamar.
A história se passa no espaço e a premissa é até bacana: o planeta vive uma crise violenta de energia o que levou os países a deixarem suas diferenças de lado. Somos apresentados a um grupo de cientistas no espaço e eles se unem na construção de um acelerador de partículas para gerar energia ao planeta, mas tudo começa a dar errado: pessoas começam a morrer e, antes de eles ajudarem o planeta, têm que se ajudar a si mesmos.
Mas quem esperava explicações sobre o universo Cloverfield vai se decepcionar: o filme, não funciona como filme solo, nem como parte da franquia é completamente jogado e exposto, tenta jogar uma referência aqui e ali para dizer que é do mesmo universo (por exemplo o fato de o acelerador poder gerar monstros como vimos no primeiro filme).
E mesmo que o longa não tenha respostas, que fosse – pelo menos – algo para se pensar, como grandes filmes do gênero, como 2001 ou Alien fizeram com muito sucesso. Mas passamos o filme todo sem nos importar com os personagens, e olha que temos bons atores como Daniel Bruhl, Ziyi Zhang e Elizabeth Debicki, mas suas tramas levam o nada a lugar nenhum.
Apenas a Hamilton tem a trama bem desenvolvida, quem faz é Gugu Mbatha-Raw, a protagonista de San Junipero, episódio de Black Mirror, que até tem um arco interessante, tanto na nave, quanto na Terra com sua família. É a única personagem bem explorada na trama.
Estamos com uma safra ruim de filmes no espaço, com Alien Covenant, Vida e agora, The Cloverfield Paradox, onde o maior paradoxo mesmo é ele ter uma premissa bacana, uma campanha de marketing muito inteligente e o filme ser essa decepção.
O 4º filme já está filmado, provavelmente pela Netflix novamente, vai se passar na 2ª Guerra Mundial, e esperamos que apague o gosto amargo desse Paradox.
Nota: 2 Estrelas