Tempos de Guerra chegou com o peso de quem não quer agradar. O novo longa coescrito por Ray Mendoza, ex-soldado que serviu no Iraque, e Alex Garland (Ex Machina, Aniquilação, Guerra Civil), entrega uma visão visceral, claustrofóbica e brutal da Guerra do Iraque — um dos conflitos mais controversos da história recente. A guerra, que durou de 2003 a 2011, foi iniciada pelos EUA sob o pretexto de combater o terrorismo e armas de destruição em massa, mas acabou marcada por interesses políticos, instabilidade e mais de 151 mil mortes.
E essa é a guerra que o filme joga na sua cara, sem cortes, sem piedade e sem espaço para respirar.
Uma missão simples que vira um inferno
O ponto de partida de Tempos de Guerra é uma missão de vigilância de rotina realizada por um pelotão de Navy SEALs em território insurgente. Como em qualquer bom thriller de guerra, nada sai como planejado. A tensão cresce exponencialmente e, a partir daí, é uma queda livre no caos.
O roteiro acerta ao não forçar conexões emocionais artificiais. Não há espaço para sentimentalismo. Os personagens nem precisam de histórias de fundo. Você reconhece os rostos — Kit Connor, Joseph Quinn, Will Poulter, Cosmo Jarvis e Charles Melton — mas não se apega a nomes. E isso é proposital. Ninguém é especial. Ninguém está seguro.
Som, imagem e suor: a imersão total de Tempos De Guerra
A direção de Garland mantém o tom seco. O filme te suga para dentro da zona de guerra, com uma cinematografia desbotada, suja, quase claustrofóbica. O som, abafado e realista, coloca você no meio dos disparos, das explosões, do desespero. É o tipo de produção em que o desconforto é o objetivo — e funciona.
O resultado é uma experiência que remete a Guerra ao Terror, com um pé ainda mais fundo no abismo. É guerra sem heroísmo, sem discursos, sem redenção.
Faltou o outro lado da guerra
Se há um ponto que impede o filme de ser completo, é a ausência da perspectiva civil. O roteiro tenta ser imparcial, mas se mantém exclusivamente no campo americano, ignorando os afetados além da linha de fogo — civis, insurgentes, pessoas que vivem o conflito sem escolher estar nele. Um olhar mais plural teria dado ainda mais profundidade e impacto à narrativa.
Tempos de Guerra é o soco no estômago que o gênero precisava. Em vez de buscar glória ou drama fácil, ele opta por mostrar a desumanização da guerra em sua forma mais pura e devastadora. É como se Garland tivesse assistido Guerra Civil, respirado fundo e dito: “Agora deixa eu mostrar como se faz.”
É intenso, doloroso, necessário — e impossível de sair ileso.
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