‘Tempestade’ é o filme-catástrofe do ano

Já faz um tempo que Hollywood enxergou a Nostalgia como um mercado e segue investindo pesado nisso, seja com remakes, adaptações ou referências. Os anos 80 e 90 nunca estiveram em tanta evidência.

E nos mesmos anos 90, sobretudo na segunda metade da década, os filmes-catástrofe estavam na moda. Aliás, em 97 e 98 houve dois casos clássicos de filmes considerados gêmeos, que foram o caso de Volcano – A Fúria e O Inferno de Dante em 97 e Armageddon e Impacto Profundo em 1998.

Tempestade3Mas agora, em 2017, quase 20 anos depois, está chegando um filme que está resgatandoo espírito desses dois últimos filmes: Tempestade – Planeta em Fúria, que tem tudo – e mais um pouco – para ser o filme-catástrofe do ano.

Hollywood até tentou fazer com que o gênero voltasse no ano passado com Independence Day – O Ressurgimento, mas com o fracasso de público e crítica, finge que o filme nunca aconteceu, mas Tempestade promete ser o oposto.

Não que este seja um filmaço, mas ele jamais engana seu espectador, entrega aquilo que promete e, no final das contas, diverte seu público.

Tempestade5Tempestade conta a história de Jake (personagem de Gerard Butler), que havia liderado uma equipe na construção de um satélite que controla o clima na Terra, mas seu comportamento explosivo faz com que ele seja demitido do projeto e é o seu irmão, Max (papel de Jim Sturgess) quem toma a liderança. Mas o satélite começa a virar uma arma de destruição em massa e Jake é chamado novamente para combater essa nova ameaça. As comparações deste filme com Armageddon são inevitáveis, seja na trama principal, em seu protagonista mais carrancudo, na semelhança de muitas cenas de ação, na escala global que o filme toma e até na família como pano de fundo.

Há outro detalhe peculiar entre este filme aqui e o já clássico de Michael Bay de 1998: política. Os anos 90 foram recheados de filmes que mostravam a política norte-americana por dentro como o próprio Armageddon e Independence Day. Este aqui tem – e muito – essa característica, sobretudo com algumas críticas ao governo Trump, com a preocupação de agradar às plateias do mundo todo. O mundo mudou e Hollywood também. Agora estão mais dependentes da bilheteria mundial e não apenas da bilheteria doméstica.

Tempestade1Até o Brasil foi lembrado: há uma cena da praia de Copacabana feita em CGI que deve provocar risos no público – e que o estúdio provavelmente vai usar para vender o filme por aqui.

Também não é difícil compará-lo com O Dia Depois de Amanhã, já que a humanidade aqui está preocupada com as mudanças climáticas e os efeitos do aquecimento global.

Tempestade usa e abusa do CGI, que na maioria das vezes funciona, sobretudo na tela IMAX, mas que em determinadas cenas gera pérolas – como a cena no Rio de Janeiro ou em outra que os prédios desabam como se fossem peças de dominó.

Mas as cenas no espaço funcionam mais do que as da Terra, sobretudo a parte sonora. Não será nenhuma surpresa se este filme for lembrado no Oscar 2018 nas categorias de som.

Tempestade2Gerard Butler consegue segurar um filme de ação (como já vimos em 300) e carisma é algo que ele tem de sobra, mas erra em querer ser um ator dramático, seja no arco de sua filha ou de seu irmão, que aliás,  não têm química nenhuma.

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O elenco de apoio se sai um pouco melhor, sobretudo os sempre ótimos Ed Harris (visto recentemente em Mãe!) e Andy Garcia faz um presidente democrata bem interessante. O elenco feminino também tem os seus momentos, Abbie Cornish faz uma agente do serviço secreto que vai ganhando vida conforme o filme passa e Alexandra Maria Lara rouba todas as cenas de Gerard Butler (que não foi muito difícil de conseguir).

Dean Devlin dirige, escreve e produz este film Ele já está acostumado com filmes-catástrofe, pois produziu, junto com Roland Emmerich, Independence Day – O Ressurgimento, no ano passado. Nota-se o esforço do diretor em entregar um filme divertido para seu público e, neste caso, o aprendiz se sai melhor do que o professor, embora ainda precise cuidar melhor de coisas básicas como direção de atores, mas seu filme-catástrofe está longe de ser uma catástrofe de filme.

Nota: 3 estrelas

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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