E aí, cambada! Guilherme aqui.
Eu não confio em você. E você não confia em mim. Se vamos falar de Shadows over Camelot, é melhor começar dizendo algumas verdades, certo? Talvez não.
No primeiro review de jogos de tabuleiro falamos de Avalon, um jogo que compartilha o tema com Shadows over Camelot mas que é um jogo curto, rápido e leve. Neste review, vamos conferir um jogo mais pesado, com mais recheio e com traições ainda mais memoráveis. Shadows não é um jogo novo e embora tenha sido lançado originalmente em 2005, ele sobrevive ao teste do tempo.
A premissa é conhecida: o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda partem em uma série de missões para salvar Camelot da destruição. Assim como na lenda, um dos cavaleiros revela-se um traidor, levanta-se contra o seu rei e leva Guinevere para um passeio colorido. Afinal, qual é o problema com Camelot? O reino produz traidores como cabras!
Em seu turno, o jogador primeiro deve realizar uma ação que representa as forças que agem contra Camelot e depois realizar uma ação como o cavaleiro que está jogando. É nesta primeira ação que o jogo combate os esforços dos jogadores, enviando hordas de Saxões, Pictos (você leu isso certo), ocultando o Graal e assim por diante. Os jogadores, por sua vez, têm que decidir como dividir a equipe e quais missões devem se aventurar primeiro. As missões são simples e geralmente requerem apenas que os jogadores descartem tipos específicos de cartas nelas – mas a escolha de quais problemas lidar antes de outros é desafiadora e excruciante, fazendo com que o grupo tenha que montar estratégias para organizar as prioridades.
Some à esta mistura o fato de que um dos jogadores pode secretamente ser um traidor e a receita está completa. Shadows over Camelot oferece boas opções para que o traidor seja capaz de ocultar suas ações traiçoeiras e faz com que o traidor seja cauteloso, sagaz. Cada jogador tem uma única chance durante o jogo para acusar alguém de ser um traidor e a consequência é sempre dramática. Se errar, o jogo soma pontos para o lado do mal (representados por espadas pretas) e o jogador terá gasto sua chance de desmascarar o traidor. Se acertar, ele pontua para os cavaleiros (espadas brancas) e o traidor revelado tem suas opções de ações bastante limitadas. Independente do jogador acertar ou errar, uma coisa é certa: as acusações e revelações são momentos de pura tensão e criam experiências divertidíssimas.
Mas nem tudo são flores no reino de Artur. Shadows funciona muito bem com 5 ou mais jogadores e mesmo assim sofre um pouco de downtime, principalmente porque as pessoas vão passar mais tempo discutindo planos do que os executando. Além disso, é importante saber que o jogo é muito difícil. Sério. É bem, bem difícil de vencer. Para um jogo cooperativo, isso vale pontos comigo: tente jogar um jogo cooperativo que você vence rapidamente e ver quando você volta pra ele. Aliás, se o seu grupo começar a vencer muito facilmente o jogo, recomendo que vocês adicionem a expansão Merlin’s Company ao jogo. Ela torna o jogo ainda mais desafiador e difícil, além de trazer mais cavaleiros e o próprio Merlin para o jogo.
Seria uma grande injustiça terminar o artigo sem ressaltar a qualidade dos componentes e a apresentação do jogo. Como já virou a norma dos títulos da Days of Wonder, Shadows over Camelot tem componentes que fazem pessoas que passam perto parar e admirar o jogo. O jogo traz belas miniaturas para os cavaleiros, catapultas, para alguns itens e para os exércitos invasores, além de dados, fichas e cartas de ótima qualidade. O jogo dá uma impressão de 3D à mesa e muitos jogadores pimpam seus jogos pintando suas miniaturas (como eu) ou comprando o pacote de cavaleiros pré-pintados vendidos separadamente.
Este é um dos primeiros jogos que comprei, lá em 2009, e até hoje quando alguém o sugere eu abro um sorriso malicioso. Precisa dizer mais?
O pessoal do Tabletop já fez um belo gameplay do Shadows over Camelot, que deixo abaixo: