Sem Chão é um documentário indicado ao Oscar e o favorito para vencer nesta categoria. São 3 diretores: Basel Adra, Hamdan Ballal e Yuval Abraham, com roteiro de Rachel Szor.
O documentário foca no conflito entre Israel e Palestina sob o ponto de vista dos 3 cineastas que estão à frente do longa, aliás, o fato de ter mais de um diretor não é à toa, já cada um é oriundo de um dos lados do conflito, tornando a abordagem o mais imparcial possível.
O filme mostra a parceria quase que improvável e polêmica entre Basel Adra, um jovem palestino, idealista e entre Yuval Abraham, que é um jornalista israelense, com foco nas ruínas, em como a guerra vai além das armas, da violência e de como ela é, acima de tudo, por ideologias religiosas e territoriais.
Logo no início, Basel mostra a luta do povo palestino contra a repressão de Israel e nos primeiros minutos, o roteiro vai se caminhando para que o espectador testemunhe apenas um lado da história, mas quando ele conhece Yuval, Basel ganha um aliado do lado rival e essa amizade é importante por diversos motivos, em especial para mostrar que nem todos são inimigos e que, em uma guerra, todo mundo é afetado, direta e indiretamente.
E não é só porque a amizade exista é porque ela deixe de ser complexa, já que Basel é constantemente agredido, é preso em uma prisão de ocupação militar israelense, Yuval vive livre e sem censura.
Sem Chão não tem o fator de entretenimento, já que trata-se de um documentário com um tema sensível, polarizado e, por isso, feito nos detalhes para não dar ao seu público a ideia de algo tendencioso e manipulador. O ponto de vista é dos diretores, mas nada impede que a produção explore a população civil e que o espectador e sinta cúmplice do que se vê em tela.
O documentário também não se vende como o produto definitivo sobre o conflito e nem inventa a roda, há diversos longas, livros e, claro, documentários, sobre a guerra entre palestinos e judeus, mas a diferença está na abordagem, no seu magnífico roteiro e na coragem do que se vê em tela.
Não é difícil dizer que este é o documentário certo e no momento certo, pois coincide com o cessar-fogo entre Israel e a Palestina, dando uma esperança de fim de conflito, mas com a comunidade internacional em polvorosa.
É quase impossível assistir e sair indiferente, seja com os depoimentos os moradores, nos relatos, mas justamente em conhecer algo fora do nosso radar, fazer com que o público ocidental saia de sua zona de conforto e de fato conheça sobre algo que, aparentemente, muitos têm opiniões formadas nas redes sociais.
Sem Chão é um excelente documentário, urgente, realista e sendo presença no Oscar, merece a atenção sobre o longa e sobre o tema.
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