Para um filme ultrapassar o limite do sucesso e se tornar um fenômeno, é realmente uma mistura de mérito, qualidade, paixão e até de sorte. E foi justamente isso que aconteceu em Rocky – Um Lutador, quando estreou em 1976.
O sucesso ou fracasso de um filme não é um evento isolado, pois há uma série de fatores que determinam isso. Coisas como a qualidade do material, a recepção do público e a época em que é lançado.
Nesta época da história, os EUA estavam na lama. O país vivia a depressão da derrota na Guerra do Viernã e com os escândalos do então presidente Nixon. Sem contar a onda de violência nas grandes cidades, principalmente Nova York.
Então, um filme otimista e gratificante como Rocky caiu como uma luva ao público. A história de um homem que veio de baixo para atingir o sucesso era tudo o que o país precisava para recuperar a autoestima.
O fenômeno Rocky: Um Lutador
Foi um fenômeno parecido com o que houve com o filme turco O Milagre na Cela 7, no início da pandemia, que também foi um filme otimista em um momento conturbado.
Mas qual foi o resultado de toda essa acolhida popular de Rocky? Foi a maior bilheteria de 1976 e um dos filmes mais rentáveis do cinema até hoje. Custou a bagatela de 1 milhão e faturou mais de 200 milhões nas bilheterias mundiais. É a 4ª bilheteria dos anos 1970, ficando atrás apenas de Star Wars, Tubarão e O Exorcista.
Gerou uma franquia milionária que faz filmes até hoje, personagens marcantes, cenas que estão no imaginário popular (a escadaria da Filadélfia virou um ponto turístico, por exemplo) e ainda alçou este moço chamado Sylvester Stallone ao patamar de astro.
Sobre o que realmente o filme fala?
Na trama, Rocky Balboa é um boxeador falido, relegado a lutas de pouca expressão e trabalha como cobrador de um agiota. Sua sorte começa a virar quando é desafiado pelo então campeão mundial Apollo Creed e uma luta de expressão nacional, o que dá uma certa fama a Balboa. Paralelamente a isso, Rocky conhece a tímida Adrian (Talia Shire, ótima no papel) e eles começam uma incrível história de amor.
É importante dizer que este filme do John G. Avildsen (que também dirigiu Karate Kid anos depois) não é exatamente um filme de ação. É um drama edificante de personagens e a luta em si só acontece nos minutos finais. OK, a luta é excelente e até hoje é impactante, mas ainda assim o drama está lá presente.
Muitos comparam a história de Rocky como uma metáfora para a Cinderela, mas adaptada ao universo do boxe ou à própria história do Stallone. Na época ele estava financeiramente quebrado, tendo que vender seu cachorro e o roteiro deste filme, que é escrito por ele.
É impossível assistir a Rocky – Um Lutador e sair indiferente dele, o envolvimento emocional é imediato e para quem já conhece a franquia, é interessante saber como tudo começou.
Também não é exagero dizer que o filme se trata de uma história de amor: Rocky e Adrian é simplesmente um dos melhores casais do cinema, a química entre Stallone e Talia é inegável e há ao menos dois momentos de cortar o coração, como na cena do encontro do casal na pista de gelo ou o desfecho, onde Adrian declara seu amor após a luta clássica.
É um amor genuíno, que o público acredita e que vai sendo construído conforme o filme avança.
O que isso rendeu até hoje?
Os 3 Oscar conquistados pelo filme (Melhor Filme, Direção e Montagem) são motivos de debate até hoje: será que Rocky era de fato o melhor daqueles filmes? Será que não seria mais justo entregar os prêmios para Taxi Driver, Rede de Intrigas ou Todos os Homens do Presidente?
Se considerar pela qualidade dos filmes, podemos considerar que sim, essas obras também eram merecedoras e algumas também são reconhecidas até hoje, mas acima do filme, temos o simbolismo de ver um homem que veio do nada, quebrado financeiramente e que se viu no topo mais alto da maior premiação do cinema (olha as metáforas do filme aí).
Rocky – Um Lutador é um belo drama, uma história de amor, de superação, com cenas clássicas e com uma excelente luta em seu desfecho, que comove gerações até hoje.
Se você ver ou rever e não sentir nada, está morto por dentro.
Leia também “Space Jam – O Jogo do Século: 25 anos depois (1996)“
Não esquece de seguir o Universo 42 nas redes sociais: