Resenha O Rouxinol – A guerra que ninguém viu

Fala, pessoal, tudo bem com vocês?

Nesses tempos de quarentena, tenho tentado ocupar meu tempo ocioso com mais leitura. Com isso, acabei terminando um livro que havia começado uns três meses atrás: O Rouxinol, da autora Kristin Hannah.

O Rouxinol conta a história de duas irmãs, Vianne Mauriac e Isabelle Rossignol, seus relacionamentos e suas batalhas enquanto enfrentam as dificuldades dos bastidores da Segunda Guerra Mundial. 

Vianne Mauriac, casada e mãe de uma garotinha, tem o marido mandado para o fronte, mas no início da história não acredita que os alemães conseguirão invadir a França, muito menos que ela sentirá alguma consequência morando no pequeno e insignificante vilarejo de Carriveau.

Isabelle é o completo oposto da irmã. Rebelde e inconsequente, ela teve sua personalidade moldada pela falta de amor do pai, e também a falta paciência por parte da irmã quando eram mais novas. 

Aos poucos, a guerra vai avançando, até que os alemães chegam ao pequeno vilarejo e a vida das duas começa a mudar quando soldados nazistas são autorizados a ficarem aquartelados na casa de cidadãos franceses. É a partir daí que a personalidade das duas irmãs contrastam ainda mais.

Isabelle segue sendo rebelde, recusando-se a aceitar ser subordinada à vontade dos alemães, que ocupam todo o vilarejo e começam a controlar a vida dos moradores (até mesmo o que eles podem comer ou não). Vianne, por sua vez, procura manter-se o mais invisível possível, seguindo sua vida como se nada tivesse mudado. 

Uma guerra nas sombras

A partir de um certo ponto, as histórias se separam, e acompanhamos cada uma das irmãs em sua própria jornada.

Quando eu disse no começo que O Rouxinol conta a história dos bastidores da guerra, é porque o livro se concentra em nos mostrar as narrativas que estão longe do fronte, mas são tão importantes quanto para mudar os rumos de qualquer grande guerra. 

Isabelle, com seu espírito selvagem e rebelde, acaba por participar de iniciativas clandestinas que incluem o resgate de pilotos caídos em território inimigo, contrabando de documentos falsos e travessias perigosíssimas para território seguro. Tudo isso bem debaixo do nariz dos nazistas.

Vianne, por sua vez, acaba não conseguindo mais seguir a vida como antes. Seu ponto de vista nos mostra outra consequência muito real da guerra: a fome, a injustiça, doenças, o horror de ver grandes amigos e familiares sendo deportados para campos de concentração e a orfandade originada por isso. Vianne é uma grande figura materna durante o livro. Vemos como ela evolui de uma pessoa que ignora o que está acontecendo ao seu redor, em negação, a uma pessoa que precisa acolher outras em situação de abandono. 

A história é lindamente narrada pela autora e, apesar de não envolver cenas incríveis de ação, carrega os capítulos com ações memoráveis por parte de ambas as personagens. 

O Rouxinol conta a história do papel de duas mulheres na Segunda Guerra Mundial e como elas lidam com suas guerras interiores de maneiras completamente diferentes. 

A obra nos reconta histórias as quais ouvimos em documentários, sobre como tal pessoa acabou salvando centenas, ou até milhares ao arriscar as próprias vidas fazendo uma travessia, ou falsificando documentos.

Para resumir esta obra, deixo aqui no final um trecho que achei pertinente, e termino esta resenha com ele:


“Para nós, foi uma guerra nas sombras. Ninguém organizou desfiles para nós quando a guerra acabou, não nos deram medalhas nem nos mencionaram nos livros de história. Fizemos o que precisávamos fazer durante a guerra e quando tudo acabou, nós recolhemos os cacos para começar a vida de novo”

Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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