Confesso que A Vida do Livreiro A. J. Friky não seria um livro que me chamaria atenção à primeira vista. E é por isso que gosto tanto de ganhar livros de presente! Ás vezes ficamos tão presos em um só gênero que perdemos a oportunidade de outras ótimas leituras e de boas surpresas literárias. E foi exatamente esse o caso: esta foi uma leitura inesperada, uma surpresa mais do que agradável e emocionante! 🙂
Como disse lá no post mostrando os novos livros, A Vida do Livreiro A. J. Fikry nos conta a história de uma pequena livraria em Alice Island, e de seu proprietário, A. J. Fikry. Após a morte de sua esposa, ele, que já era bem casmurro, se fecha ainda mais em seu mundo enquanto o vê desmoronar a sua volta: os negócios estão indo mal, o livro de poesia valioso que ele tinha foi roubado e ele se vê no caminho certo e com todos os motivos para uma autodestruição, interrompida de forma brusca por um pequeno inconveniente que chega a loja endereçado a ele.
Foi minha primeira experiência lendo um livro da escritora Gabrielle Zevin, e assim que terminei já procurei por outros títulos da autora para ler. Estava com receio de não gostar do livro, dos personagens, da história, da escrita… mas estava errada! Desde o momento em que abri o livro pela primeira vez, não consegui mais largar! Tudo é tão envolvente e escrito de uma forma tão natural que é impossível não virar página atrás de página para saber mais sobre a cidade, os moradores, a livraria, os clientes. Gabrielle nos rodeia com referências a vários títulos e escritores, nos deixando confortáveis em um ambiente conhecido. A narrativa e o modo como a história de vários personagens se apresenta me lembrou muito do Morte Súbita, da J.K. Rowling. Temos vários pontos de vista intercalados narrados de forma onipresente.
Particularmente falando, a “modernidade” nos livros sempre me deixou pouco à vontade. Me incomoda muito ler livros que fazem referência a Iphones, Facebook. Até mesmo só a simples menção de um computador ou quaisquer tecnologias que marquem uma determinada época já me fazem torcer o nariz. Quando eu era mais nova, acompanhei minha irmã em uma das palestras da faculdade dela, ministrada pelo Pedro Bandeira, meu autor favorito até então. E ele falou sobre isso, sobre a importância de obras atemporais. E isso ficou na minha cabeça de tal jeito que dou muita importância a isso também. Enfim. E daí, né?! Hahahah! Mas tudo isso só pra falar que em “A Vida do Livreiro” nenhuma das modernidades me incomodou. Temos menção ao Skype, Ebooks, E-readers e fiquei numa boa. Eles não são inseridos na história com artificialidade e servem aos seus propósitos no texto sem corroer a leitura.
Temos vários personagens muito bem construídos que nos prendem desde o começo. Aliás, foi por culpa da primeira personagem que surge no livro que caí de amores por ele. Me identifiquei desde o primeiro instante com o jeito da moça, suas referências, sua paixão por True Blood (novamente a modernidade não me incomodou, hehe!) livros, sua bonequinha da Hermione. Me achar no livro nessa personagem e nas falas, ações e reflexões de tantos outros me deixou muito contente, criei uma confidencialidade com o livro até a última página, e além.
“…Os romances arruinaram Amelia para homens reais.”
O livro promete ser “uma carta de amor para o mundo dos livros“. E não é que acertaram em cheio, rapaz?! Olha só que brega, mas é a pura verdade: sentia o coração aquecer com as reflexões que os personagens nos apresentam. Foi uma honra acompanhar A. J. (sim, é quase um Clube da Luta. Ficamos sabendo tanto sobre a vida do personagem, mas não seu nome inteiro! :p) e sua inspiradora trajetória de vida pelas páginas de um livro tão cheio de outras histórias a serem contadas e completadas. Cada personagem e suas memórias, segredos e desejos se tornam cruciais para o rumo da vida de Fikry.
“…Ele chora. Coração cheio demais, e sem palavras para aliviar. Sei o que as palavras fazem. Fazem com que a gente sinta menos.”
Uau, minha primeira resenha curtinha! 😉 Mas acho que esses poucos motivos já bastam para recomendá-lo aos amantes das palavras que o leiam. O livro nos torna parte dele. É como participar de um clube de livros com amigos que possuem as mesmas paixões, os mesmos gostos e opiniões. Um acréscimo essencial à filosofia e a estante dos colecionadores de livros, autores e histórias.
“…Já vi gente do cinema de férias e já vi gente da música, e gente de jornal também. Não tem ninguém no mundo como o pessoal dos livros. É negócio de cavalheiros e damas. (…) Livrarias atraem o tipo certo de gente.”