Priscilla, de Sofia Coppola: a história sob outra ótica

Priscilla é um filme baseado no livro Elvis e Eu, de Priscilla Presley e Sandra Harmon, é dirigido, escrito e produzido pela grande Sofia Coppola e mostra o relacionamento entre Priscilla Presley e o astro Elvis Presley, mas sob o ponto de vista dela, da relação tóxica e de como tudo isso afetou a sua saúde mental.

O filme demonstra muita fidelidade com o material original, sobretudo porque a própria Priscilla é uma das produtoras executivas do longa e considerando o momento em que as mulheres conseguem cada vez mais seu espaço em todos os ambientes, não é exagero dizer que este é o filme certo, na hora certa e que provavelmente não teria o mesmo impacto se tivesse sido realizado há alguns anos.

Sem contar que Sofia Coppola foi o nome certo para dirigir essa adaptação para os cinemas, porque é das poucas cineastas que consegue realizar seus projetos autorais e com o olhar feminino que ela apresenta desde o excelente As Virgens Suicidas (1999), passando pelo premiado Encontros e Desencontros (2003), até chegarmos neste longa.

E com o sucesso do filme Elvis, de Baz Luhrmann, lançado em 2022, este filme se torna muito mais relevante de uma história que já é conhecida, mas sob uma ótica pouco conhecida.

O Elvis Presley está aqui no longa, mas não como o grande astro carismático como o mundo conheceu, muito menos como o injustiçado pelo Coronel Parker como o filme de 2022 apresentou, mas como um homem que se aproveitou da fragilidade de uma menor, um marido infiel e, por diversas vezes, abusivo, que está mais preocupado em impressionar os amigos – e as fãs – além de ter sido um pai ausente. O filme pode gerar polêmica por conta dos fãs do cantor e por apresentar essa versão, no mínimo, subversiva de uma lenda da música, mas foi um risco de tanto Sofia quanto Priscilla correram, sobretudo para dar mais voz às mulheres em relacionamento abusivo com homens ditos “intocáveis”.

Mas Sofia foi muito cuidadosa com a abordagem de uma história complexa em um roteiro que não trata a figura do Elvis como vilanesca, mas como um homem comum que fez o que muitos em seu lugar fariam, sem explorar demais, mas, também, sem tratar os assuntos mais importantes com superficialidade.

Tudo isso com a excelente direção de atores e a entrega deles vista em tela: Jacob Elordi (o Noah de A Barraca do Beijo e também está na série Euphoria) faz um Elvis destruído física e espiritualmente, que fica deslumbrado com a fama mundial, mas entre a vida lá fora e a esposa, não pensa duas vezes.

Mas a melhor personagem é a excelente Cailee Spaney como a protagonista que dá nome ao título: toda a inocência, a admiração que ela sente pelo homem que está ao seu lado – e não a admiração pelo astro e sim, pelo ser humano Elvis – mas também a impetuosidade de ser uma mulher em um período completamente machista, se traduz em sua atuação, seja pelo olhar, o semblante e toda a expressão facial, ora de tristeza, ora de encantamento.

Além da mão pesada da Sofia na direção, sua performance é dos pontos mais altos do longa.

Priscilla é dos grandes filmes da carreira de Sofia Coppola, uma obra de produção modesta, mas que encanta por outros fatores e o mais importante: pode inspirar outras cineastas a levarem às telas do cinema o ponto de vista de mulheres silenciadas pela história e que ficaram na sombra de homens mais famosos.

Antes tarde do que nunca.

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Nerd: Raphael Brito

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