Criaturas interessantes as raposas. Ao mesmo tempo em que são selvagens, tem características muito parecidas com o tão amado melhor amigo do homem, além de serem extremamente graciosas e fácil de admirar pela astúcia e sabedoria.
Muitos de nós associamos raposas com um livro muito famoso: O Pequeno Príncipe. E assim como aquela raposa, um dos personagens principais de Pax nos ensina lições valiosas.
Pax, de Sara Pennypacker conta a história de Pax, uma raposa metade domesticada e metade selvagem, e Peter, um garoto de 12 anos. Depois de perder a mãe, Peter acolhe uma pequena raposa que encontrou em apuros, e passa a cuidar dela como seu bicho de estimação, mas quando seu pai se alista para servir na guerra, Peter vai morar com seu avô e é obrigado a abandonar sua raposa na floresta.
A cena do abandono é uma das primeiras coisas que acontecem no livro, e me fez chorar de maneira quase vergonhosa enquanto eu lia no metrô. O sentimento de impotência foi ainda mais forte porque vemos tudo pelo ponto de vista de Pax, sua inocência e lealdade para com seu menino tornando o fato ainda mais doloroso de ser lido.
A prosa impecável
Sara Pennypacker alterna os pontos de vista entre a raposa e Peter, cada um com seus aprendizados e desafios diferentes. Mas o curioso aqui, já que o abandono acontece logo no começo, é o caminho que ambos os personagens trilham, o que claramente alude à tão famosa jornada do herói.
Peter, em seus doze anos e com um amor incondicional ao seu bichinho, resolve ir buscá-lo sozinho, mesmo que isso significasse fugir de casa, desafiando a autoridade do avô e o bom senso de adultos que encontra em seu caminho. Pax? Resolve esperar no mesmo lugar onde seu garoto o havia deixado, afinal, ele voltaria para buscá-lo.
Durante a jornada para reencontrarem um ao outro, os dois personagens
conhecem outras pessoas (e animais) que os fazem crescer, descobrirem a si mesmos e ficarem cada vez mais selvagens, por assim dizer. Entre eles está Vola, uma veterana de guerra que vive reclusa e é um tanto esquisita por conta dos traumas que guarda em seu passado.
No fim das contas, o que vemos são duas jornadas separadas, tanto a raposa quanto o garoto tem seus mentores que os ajudam a superar seus traumas do passado e a entrarem em contato com o que há de mais selvagem dentro de cada um.
A história encantadora
Há cenas extremamente profundas no livro. Algumas que aquecem o coração. Outras são angustiantes. Mas todas as emoções são passadas fielmente ao leitor, em grande parte pelo maravilhoso trabalho que a autora fez ao narrar o ponto de vista de Pax.
Estamos falando de uma raposa que não fala abertamente (como a raposa do Pequeno Príncipe), mas que através de postura corporal e a descrição dos cheiros ao seu redor, consegue passar ao leitor exatamente o que está sentindo.
Este é um livro encantador que vejo facilmente sendo adaptado para os cinemas e\ou tornando-se uma leitura obrigatória para o público infanto-juvenil. É o tipo de livro que não se lê apenas uma vez, e que a cada releitura, traz um aprendizado novo, sem nunca deixar de ser incrível
No fim das contas Pax é uma história encantadora que ensina lindas lições sobre amizade, lealdade e o laço valioso criado entre crianças e seus animais.