Chegou aos cinemas nesta quinta-feira Operação Vingança, novo thriller estrelado por Rami Malek — o mesmo que brilhou em Bohemian Rhapsody e também já demonstrou talento em Mr. Robot, mas aqui se perde num projeto que tenta ser mais profundo do que realmente é. Com direção de James Hawes (Slow Horses), o longa busca se encaixar no subgênero dos filmes de vingança com tons de espionagem e trauma — mas falha ao tentar abraçar tudo ao mesmo tempo e não entregar nada com consistência.
Após perder a esposa em um ataque terrorista em Londres, Charles Heller (Rami Malek), um brilhante criptógrafo da CIA, mergulha em luto e frustração. Quando a agência decide não agir, ele chantageia seus superiores para ser treinado como agente de campo e buscar vingança com as próprias mãos. O que se segue é uma jornada que mistura espionagem, dor, paranoia e autoengano — ou pelo menos tenta. Com dez (!) roteiristas no crédito, o roteiro mais parece um quebra-cabeça mal montado do que uma história sólida.
Operação Vingança de Dez roteiristas e contra coerência
Sim, você leu certo: dez roteiristas. E, incrivelmente, nenhuma linha narrativa coesa. Subtramas aparecem e somem, personagens são introduzidos sem função clara, e o ritmo é tão irregular que parece que cada roteirista escreveu um ato em uma sala diferente — sem revisar o que o outro fez.
O filme é baseado em um livro de Robert Littell, um veterano da literatura de espionagem. E embora eu nunca tenha lido a obra original, é difícil acreditar que ela seja tão desconjuntada quanto essa adaptação.
Rami Malek no piloto automático & Um elenco desperdiçado
Rami Malek é um ator talentoso, mas em Operação Vingança parece estar no modo mais robótico possível. Sua performance como Charles Heller não convence em nenhum dos dois extremos: nem como gênio da criptografia, nem como homem em busca de vingança.
Sua expressão é a mesma do começo ao fim, o arco emocional não existe, e frases de efeito tentam suprir a falta de profundidade. É o tipo de atuação que parece decorada, e não sentida.
O resto do elenco, infelizmente, segue a mesma linha de desperdício. São figurantes de luxo que surgem, falam duas frases importantes e desaparecem. Não há construção de personagens, nem tempo para criar conexão emocional com o público. Eles estão ali apenas para mover a trama — uma trama que já não sabe para onde quer ir.
Operação Vingança é o típico filme que se leva a sério demais para o pouco que entrega. Fotografia sombria, trilha sonora grandiosa, tensão artificial… tudo isso entra em conflito com cenas que beiram o cômico de tão mal construídas, decisões sem lógica e um final que não recompensa o espectador.
No fim, o filme tenta ser Jason Bourne, mas parece mais um episódio esquecido de alguma série policial genérica. É o tipo de produção que talvez funcionasse nos anos 90, como um suspense de fim de semana, mas que em 2025 apenas escancara o esgotamento de ideias dentro do subgênero da vingança.
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