O Silêncio dos Inocentes: 30 anos depois – (1991)

Quais são aqueles filmes que se tornam referência, que quebram paradigmas e que se tornam ícones, fenômenos culturais? São poucas as obras que usufruem deste privilégio e não é absurdo nenhum dizer que O Silêncio dos Inocentes se encaixe nesta nesta categoria.

Quem é cinéfilo assiste a vários filmes por ano, seja no cinema, streaming ou pela TV, mas quantos realmente marcam nossas vidas? Aquela obra inesquecível, aquele filme que revemos várias vezes e que serão lembrados daqui 20, 30, 50, 80 anos.

Até hoje ele é referência no que diz a serial killer, thriller e na construção de roteiro. Não teríamos Arquivo X sem este filme (Gillian Anderson se inspirou em Jodie Foster e o clima sombrio de investigação inspirou boa parte dos episódios) e também não teríamos a série Mindhunter, que até a história é semelhante, isso sem contar suspenses como Seven e diversas obras nos anos seguintes.

Sem contar que o filme é um sucesso, lembrado até hoje como um dos melhores do gênero, venceu 5 Oscar e ainda colocou Hannibal Lecter na lista de qualquer um de maiores vilões do cinema.

A história do filme é simples, mas é cheia de camadas: Clarice Starling (Jodie Foster) é uma aspirante a agente do FBI, que é designada a entrevistar o psicopata Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) para entender como é a mente de um assassino em série, mas a agência tem um interesse ainda maior: capturar o também psicopata Buffalo Bill, que que Lecter possui informações privilegiadas sobre ele.

O filme é dirigido por Jonathan Demme e baseado no livro de Thomas Harris, The Silence of The Lambs, é também baseado nos crimes de Ted Bundy e não é exagero nenhum dizer que ele é muito à frente do seu tempo.

Em uma época que não se falava sobre assassinos em série e o diagnóstico era o mais simplificado possível, o livro e filme ousaram fazer uma análise psicológica mais detalhada na mente de um assassino.

Agradeça a este filme se hoje temos a evolução da psicologia, o crescimento das terapias e uma visão mais abrangente do mundo.

O Silêncio dos Inocentes é considerado um filme de terror, mas não vá esperando sustos fáceis ou monstros gigantes. Aqui temos uma história pé no chão, com o foco no roteiro, personagens, na investigação e assusta muito.

Não precisa de muito quando temos o Anthony Hopkins olhando fixamente para a câmera com o olhar amedrontador. Também não precisa de muito megalomania quando temos dois assassinos: um que é canibal e deve se manter afastado do público geral e outro que causa tortura psicológica em suas vítimas, mas sem abusar do sangue e da exposição (algo que a franquia desaprendeu nos filmes seguintes).

E como não lembrar de grandes cenas da obra, como na inesquecível conversa entre Clarice e Hannibal logo no início do filme e a cada conversa a tensão só aumenta. Ou na já clássica cena onde vemos o Lecter realmente em ação e assassinando dois policiais a sangue frio. Sem contar o eletrizante e tenso 3º ato, capaz de deixar até o mais cético grudado na cadeira e sem piscar os olhos.

Tudo isso junto com uma fotografia sombria e com tons de cinza, justamente para ambientar o espectador em clima de cidade menor e aumentar a tensão, sem contar a maravilhosa trilha de Howard Shore, que anos depois seria compositor da trilha de Senhor dos Anéis.

E todos os envolvidos aqui fazem o melhor trabalho de suas carreiras: o diretor Jonathan Demme até fez boas obras depois, como Filadélfia e O Casaemento de Rachel, mas é inegável que este é seu trabalho mais memorável.

Jodie Foster é uma camaleoa em tela, sobretudo em filmes como Acusados (que também lhe rendeu Oscar), Taxi Driver e Nell, mas não é exagero nenhum dizer que este é sua melhor performance, assim como seu parceiro Anthony Hopkins, que fez o papel de uma vida, um personagem como poucos e que não à toa é memorável até hoje.

Ele só aparece 16 minutos em tela, mas o suficiente para se tornar um ícone e venceu o merecido Oscar pelo papel.

O Silêncio dos Inocentes ainda venceu Oscar de Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado, vencendo o chamado “super cinco” dos filmes que vencem as 5 categorias principais da Academia: Filme, Direção, Atriz, Ator e Roteiro. Apenas 3 filmes têm esse privilégio, além deste filme, Aconteceu Naquela Noite em 1935 e Um Estranho No Ninho em 1976 conseguiram tal feito.

Ainda teve indicações para Montagem e Edição de Som (prêmios sendo vencidos, respectivamente, por JFK e O Exterminador do Futuro 2).

Não bastasse tudo isso, ainda foi um sucesso de bilheteria: custou 19 milhões e faturou 272 milhões de dólares nas bilheterias mundiais.

O Silêncio dos Inocentes é mais do que um filme: é um acontecimento, uma obra-prima e um clássico da 7ª arte que todos um dia já viram, mesmo que de forma indireta.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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