E aí, cambada! Guilherme aqui.
Apesar de ser um grande fã das Crônicas do Gelo e Fogo (a série de livros de Game of Thrones), admito que não fiquei muito animado quando fiquei sabendo do lançamento de ‘O Cavaleiro dos Sete Reinos’ (LeYa). O pouco que eu sabia até então era que o livro reunia alguns contos paralelos do universo de Game of Thrones que se passam antes dos eventos principais e que o foco dos protagonistas mudava, agora acompanhando duas pessoas simples do reino ao invés de acompanhar as grandes casas. Aí está o porquê eu não empolguei. Eu vivia pensando “George: largue os prequels e termine logo o livro 6, cacilda!” Assim, deixei o livro de lado, pensando “um dia eu compro”, mas então a NN Evelyn Trippo me deu o livro no meu aniversário no mês passado 🙂
O ‘Cavaleiro dos Sete Reinos’ acompanha a história de Dunk e Egg. Dunk é um homem que foi escudeiro de um velho cavaleiro errante e que foi sagrado cavaleiro por seu mentor. Nascido na Baixada das Pulgas, em Porto Real, o protagonista não poderia ter uma origem mais humilde. Egg é um jovem que Dunk encontra em seu caminho e que acaba por acompanhá-lo como seu escudeiro. E George R.R. Martin acerta de novo.
A história se passa cerca de 90 anos antes dos acontecimentos de A Game of Thrones e, portanto, retrata uma era onde os Targaryens estão no poder. Esta ambientação prova ser tão rica quanto a era Baratheon que estamos familiarizados pois as intrigas agora encontram nos Targaryens nobres ainda mais déspotas, excêntricos e glamorosos. Os protagonistas acabam por se envolver em eventos que os colocam junto de personalidades importantes da época e isso torna as histórias mais relevantes e grandiosas do que se podia esperar. Além disso, assim como os livros da série principal, há grandes revelações e viradas inesperadas.
Dunk é um excelente personagem. É impossível não se identificar e se conectar a este gigante de quase 2 metros. Inteligente, inocente e consciente de sua baixa posição social, é fantástico acompanhar sua relutante entrada para o jogo dos tronos, onde os poderosos e astutos maquinam constantemente. Também conhecido como Sor Duncan, o Alto, ele é memorável e tornou-se um dos meus personagens favoritos de Westeros. Egg, seu companheiro, é igualmente interessante. Com a língua solta e uma arrogância incondizente com seu status de cavalariço, o garoto traz diversas dores de cabeça para Dunk (devidamente compensadas com tapões na orelha).
Dunk, o pateta, cabeça dura como uma muralha de castelo e lento como um auroque.
O formato da história também se desprende do formato de ‘um capítulo por personagem’ da série principal, e é escrita em narrativa direta, como a maioria dos romances e funciona muito bem aqui pois o foco é acompanhar uma dupla de personagens e não o grande escopo do reino. Nesta narrativa, estamos completamente cegos ao que está acontecendo no mundo ao redor e tudo que sabemos é aquilo que cerca Dunk e Egg, e essa é uma mudança agradável. Ela confere um merecido tom leve e despretensioso à história. A opção da LeYa de unir três contos de Dunk e Egg sob um livro também é acertada, pois os contos estão conectados e funcionam bem juntos.
“Cavaleiro dos Sete Reinos” funciona como um livro por si só (e muito bem, obrigado) e para quem já é fã da série ele serve como uma ótima leitura complementar. Indispensável, na verdade. Já ouviu falar de Blackfyre? E que tal Brynden Rivers, o Corvo de Sangue? Confira o livro e prepare-se para grandes eventos e surpresas emocionantes!