O Aprendiz é um filme lançado em 2024, com a direção de Ali Abbasi (que dirigiu dois episódios da série da HBO, The Last of Us),tem o roteiro de Gabriel Sherman (de Independence Day – O Ressurgimento) e a trama se passa entre o final dos anos 1970 e início da década de 1980, contando a ascensão de Donald Trump (Sebastian Stan), até se tornar bilionário no mercado imobiliário na época que em 2016, se tornaria presidente da república dos EUA.
O ponto de partida da história é um escândalo da família Trump e o relacionamento do milionário com o seu advogado, Roy Cohn (Jeremy Strong, excelente no papel) e segundo o que se vê em tela, é justamente esse advogado que o inspira a se tornar um líder predatório, uma figura temida no mercado de negócios e que não é difícil imaginar como ele chegou à política sendo uma figura controversa, para dizer o mínimo.
O Aprendiz teve a sua primeira exibição no Festival de Cannes e desde a sua estreia vem gerando polêmicas pela abordagem que está longe de ser imparcial. Goste ou não, o longa não trata o protagonista como uma santidade e exemplo a ser seguido, ao contrário, mostra Trump como uma pessoa ousada sim, ambiciosa e, por muitas vezes, gananciosa, mas que não hesita em passar por cima dos rivais com todos os meios possíveis, como alguém que joga sujo e até com relação abusiva com sua então esposa, Ivana (Maria Bakalova), que aliás, faleceu em 2022 e o próprio Donald já negou o que se vê em tela.
E em um momento do cinema em que as biografias estão em alta, mas que não se arriscam em apenas mostrar o lado bom da pessoa em questão, este longa acerta na ousadia, mas que se perde em uma narrativa confusa, uma montagem sem sentido – e sem ritmo, além da péssima abordagem de alguns coadjuvantes (Maria Bakalova, por exemplo, está mal aproveitada) e o excesso de ufanismo com a cidade de Nova York, que é tratada quase como uma metrópole intocável.
Mas há qualidades sim em O Aprendiz. A cinematografia exalta a efervescência cultural do período, bem como as canções da época. A maquiagem é primorosa e não há de duvidar de alguma indicação ao Oscar na categoria, mas o grande trunfo do longa está em seus atores principais.
Embora Bakalova não tenha a chance de explorar seu potencial, ela convence como uma pessoa infeliz no casamento, mas deslumbrada com o mundo ao seu redor. Sebastian Stan fez um de seus melhores papéis de sua carreira, apresenta um estudo de personagem interessante após o sucesso como o Soldado Invernal na Marvel, pode ter a chance de brilhar em longas mais “sérios”.
Mas a melhor performance é a do Jeremy Strong, que após o sucesso de público e crítica da ótima série Succession, está irretocável como um advogado brilhante e competente, mas que está disposto a tudo para alcançar seus objetivos e a mudança que seu personagem apresenta na segunda metade, só demonstra o trabalho de entrega para entregar o melhor possível.
Muitos estão apontando o ator para o Oscar na categoria de Ator Coadjuvante.
O Aprendiz não é perfeito e não se propõe a ser o retrato definitivo de Trump, mas que teve a coragem de sair da zona de conforto, com um trabalho competente e mostrar a pessoa humana além do que se vê na mídia.
E um pouco de desconstrução não faz mal a ninguém.
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