Por mais que o 3D seja a palavra de ordem para as animações atuais e é importante que a tecnologia avance, o 2D jamais fica datado e justamente por isso que a maioria das animações feitas assim sobreviveram ao teste do tempo e estão boas até hoje.
E é aí que entra Mulan, uma das melhores animações dos anos 90 e das maiores bilheterias do ano de 1998.
Mas o que marca Mulan não é apenas a sua técnica. O que realmente ficou marcado nesta animação foi ter mostrado uma grande protagonista feminina, forte, empoderada, em um filme da Disney e em plenos anos 90, quando a pauta feminista não era presente como hoje.
Por isso, não é exagero dizer que Mulan é um filme muito à frente do seu tempo. Não é atoa que vai receber uma versão em live action para 2020 e já ficamos na expectativa.
Em Mulan, a personagem-título vive na China na Dinastia Han, há cerca de 2000 anos atrás. Neste cenário, as mulheres têm a função única de servir a seu marido e a protagonista, uma moça ainda solteira, é subtraída pela sua família e sociedade da época por “envergonhar” a todos por ainda não ter um pretendente.
Tudo muda quando o país é invadido pelo povo Huno e seu pai é obrigado a lutar na guerra, mas, como está doente, Mulan se disfarça de homem e vai lutar para proteger seu pai, ganhando o respeito de todos, inclusive do seu comandante, na qual acaba se apaixonando.
A obra é uma grande animação, e embora tenha como pano de fundo o feminismo e em mostrar o quanto as mulheres eram subtraídas antigamente, dá para apreciar o filme de várias formas, seja como um filme de guerra, um musical ou a história de alguém que quer seguir seus objetivos, independentemente do gênero.
A Disney queria um filme com uma mensagem para o público feminino, mas também pensou em todos os públicos para vender seu produto e foi inteligente nisso em fazer uma animação para crianças de 8 a 80 anos.
O visual é de encher os olhos, as cenas de luta são muito bem coreografadas, assim como os números musicais, a protagonista é incrivelmente carismática e a trilha sonora de Jerry Goldsmith (indicada ao Oscar na categoria) é quase um personagem do filme.
Aliás, não apenas a trilha sonora, mas as canções também fazem bonito, com destaque à música da Christina Aguilera, Reflection (que absurdamente foi ignorada no Oscar).
Outro motivo para chamar atenção em Mulan é história se passando na China. Em uma época em que Hollywood nem sonhava que dependeria da bilheteria chinesa, fazer uma história como essa hoje em dia pode parecer panfletária, mas era um período que a Disney estava se arriscando em novas e diferentes culturas, seja a chinesa aqui ou a grega em Hércules.
Destaque também para o elenco de vozes de Mulan: a protagonista é dublada por Ming-Na Wen (da série Agents of Shield) e o alívio cômico, o irresistível dragão Mushu é dublado por Eddie Murphy.
E o elenco de vozes ainda é composto pelo saudoso Pat Morita e BD Wong, entre muitos outros.
Mulan foi um grande sucesso de bilheteria em 1998: custou 90 milhões e faturou 304 nas bilheterias mundiais e também foi elogiado pela crítica, tendo 86% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Não importa a forma com que você vê Mulan, seja como um filme de ação, um filme à frente do seu tempo por apresentar uma protagonista feminina forte ou pelo seu arrebatador visual. O que importa é que se trata de uma das melhores animações da chamada retomada da Disney nos anos 90. E agora, que venha o live action.
