Para quem acha que Hollywood esteja perdendo a criatividade (o que não deixa de ser uma mentira), saiba que a onda de fazer remakes, reboots e continuações não é de hoje. Muitos filmes amados até os dias atuais, como Scarface e Os Infiltrados, são remakes e superaram o original. Já outros casos, como A Bolha Assassina, podem não superar o original, mas não fazem feio.
A Bolha Assassina é um remake do terror A Bolha e levou o terror dos anos 80 para uma trama já consagrada. Há várias homenagens ao filme clássico e aos anos 50, mas o foco aqui foi justamente aproveitar o hype dos filmes de terror dos anos 80 e, assim, ganhar uma boquinha nas bilheterias.
Mas embora A Bolha Assassina tenha o seu charme, não chega nem aos pés de clássicos da época como Brinquedo Assassino ou A Hora do Pesadelo. Aliás, o filme não foi bem de bilheteria: custou 19 milhões e faturou 8 nos EUA, mas se recuperou nas bilheterias mundiais e no home vídeo. Aqui no Brasil, além das locações, o filme foi um clássico das diversas reprises do SBT nos anos 90, seja na Sessão das Dez ou no Cinema em Casa.
A história é absurda e não deve ser levada a sério: um meteorito cai em uma pequena cidade dos EUA, onde um morador de rua descobre, mas uma substância gelatinosa, ou a Bolha do título, gruda em sua mão. Um grupo de jovens socorre o homem e o leva ao hospital, mas a Bolha em si começa a provocar o terror por onde passa.
A substância pode absorver tudo que toca e até funciona como ácido, degenerando tudo que puder, o que gera situações curiosas – como a cabine telefônica que derrete com uma mulher dentro, a carnificina no cinema, um homem sendo puxado pelo tubo da pia e por aí vai -, mas que não desagradou aos fãs de terror.
Não espere grandes explicações, uma grande lógica ou grandes filosofias. A bolha simplesmente existe, aterroriza as pessoas e deve ser destruída. Também não espere um mega blockbuster de terror: a ideia é justamente a de emular os filmes de terror do passado e, se lá nos anos 80 já era datado, imagina hoje em dia?
Quem dirige e escreve o filme é Chuck Russell, que no ano anterior já havia filmado A Hora do Pesadelo 3 e em 1994 dirigiu O Máskara. Aqui ele abraça o bizarro e faz seu filme quase que exclusivamente para os fãs de terror – o que deve ter contribuído com o fracasso. E o outro roteirista é Frank Darabont, que é um dos criadores de The Walking Dead e dirigiu filmaços como Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre. Quem o acompanha sabe que o foco de seus roteiros está em imagens para chocar o público, independentemente do gênero – quem se lembra da cena da cadeira elétrica de À Espera de um Milagre?
O elenco também não faz feio: Kevin Dillon faz o típico adolescente rebelde dos anos 80: malandro e respondão, mas que não demora para virar o herói da vez. Já quem faz a mocinha do filme é Shawnee Smith, que décadas depois seria a Amanda na franquia Jogos Mortais, e engana-se quem acha que ela seja a mocinha em perigo: ela é inteligente, sagaz e, dentre os humanos, a que mais se aproxima de derrotar a famigerada Bolha.
A Bolha Assassina é um filme de terror, feito para fãs do gênero e de um bom filme trash. E agora deu uma saudade das sessões destinadas a este tipo de filme na TV ou no cinema? Seria pedir muito para o “cine trash” voltar?