Nostalgia – Os 10 anos de Guerra ao Terror

“A guerra é uma droga”. É assim que o filme da diretora Kathryn Bigelow inicia e que já dá o tom do filme.

Terror1Parece óbvia, mas não é. Na verdade, gera interpretações.

Guerra é algo ruim, independentemente de estra do lado vencedor ou perdedor, pois gera mortes, destruição e até um país ou terra serem reconstruídos, podem demorar décadas, basta olhar o Japão pós 2ª Guerra.

Mas também essa “droga” pode sintetizar o sentido psicodélico da coisa: guerra pode viciar um país, um chefe de Estado, mas principalmente, seus soldados.

E é justamente isso que acontece com o nosso protagonista, soldado James, vivido por Jeremy Renner (muito antes de seu Gavião Arqueiro e em seu melhor papel até aqui). James é viciado em adrenalina e mesmo em momentos como um passeio com a esposa, ele não consegue se dissociar da guerra.

O personagem de Anthony Mackie (também na fase pré-Marvel) não é diferente: ele já é um soldado veterano e só quer sair de lá o mais rápido possível, embora ainda queira defender seu país.Terror3

É neste contexto que temos o grande Guerra ao Terror, um dos melhores filmes de guerra deste novo século e, de longe, o melhor sobre a Guerra do Iraque.

Kathryn Bigelow soube capturar a urgência do conflito em um filme diferente para o gênero: não há mocinhos nem vilões, muito menos soldados grandiosos fazendo discursos patrióticos. O que temos aqui é um retrato cruel do vazio da guerra, onde todos saem perdendo.

Terror2Não foi à toa que Kathryn se tornou a primeira mulher (e até agora, a única) a vencer o Oscar de Melhor Direção em 2010, batendo pesos pesados como James Cameron por Avatar e Quentin Tarantino por Bastardos Inglórios.

Mesmo não sendo o melhor filme daquele Oscar (o próprio Bastardos Inglórios e a animação UP – Altas Aventuras têm o saldo mais positivo), não dá para falar em injustiça nesse caso, seja pela direção precisa de Bigelow ou por sua maravilhosa técnica, mesmo com poucos recursos.

Guerra ao Terror deveria estar nas faculdades de cinema como uma amostra de como fazer muito com pouco: o filme era, até então, o vencedor do Oscar que menos custou dinheiro (até chegar Moonlight em 2017), mas não perde em nada na ação para grandes filmes como O Resgate do Soldado Ryan ou Apocalypse Now, seja em seu ritmo, no trabalho primoroso de som ou em sua maravilhosa Montagem (ambos vencedores de Oscar).Terror4

Guerra ao Terror é um filme de 2008, mas só chegou aos cinemas brasileiros em 2010, após as indicações ao Oscar e ao seu reconhecimento em festivais pelo mundo afora.

Na verdade, sua recepção foi fria em sua estreia, ao ponto de chegar aqui no Brasil diretamente em vídeo, ou seja, se não fossem as indicações ao Oscar, provavelmente nunca veríamos este filme aqui.

Um dos motivos estava em colocar nomes até então desconhecidos nos papéis principais e deixar os atores veteranos, como David Morse e Ralph Fiennes em pequenas pontas, mas principalmente pelo descaso da distribuidora e que não sabia do potencial que tinha em mãos. Felizmente os festivais fizeram justiça.

Kathryn Bigelow ainda fez dois filmes posteriores: A Hora Mais Escura, tão bom quanto Guerra ao Terror e Detroit, filme de 2017 que teve a recepção ainda mais fria do que este e que poucos viram.

Guerra ao Terror pode não ser um filme que vá agradar a todos e nem é essa a intenção, mas mostra como poucos o que uma guerra pode fazer com um ser humano e as pessoas em volta, sem glamorizar e muito menos em mostrar o conflito de forma parcial.

De quantos filmes podemos dizer o mesmo?

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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