Fomos convidados para a estreia da Mostra África que está rolando no Caixa Belas Artes, em São Paulo, e já adianto: é para quem gosta de cinema real, pesado e para quem estômago para grandes tragédias.
No mês da consciência negra a Mostra África presta uma homenagem ao cinema criado no contexto de independência e revolução dos países africanos. A mostra patrocinada pela Caixa Econômica Federal estreou no dia 10 de novembro e terá 39 produções exibidas, entre curtas e longas-metragens. Ao longo da programação, estão previstas sessões acompanhadas de debates com cineastas e especialistas no assunto, além de oficinas de cinema. Jean Rouch, José Celso Martinez Corrêa, Ruy Guerra, Murilo Salles, Licínio Azevedo, Santiago Álvarez, Margarida Cardoso e Sarah Maldoror estão entre os cineastas que terão seus filmes exibidos na mostra.
Assisti ao filme “25” de Zé Celso e Celso Luccas, que conta a história da independência de Moçambique depois de quatrocentos anos de opressão e dominação colonialista. O longa foi exibido em 1977 no Festival de Cannes e na primeira edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
A história é triste, opressora e difícil de ser digerida. É uma mescla de documentário e ficção, com muitas cenas em preto e branco com cortes beeem lentos. Sim, é um filme antigo, com montagem original, então, você tem que ir preparado para isso. Dedurarei alguns colegas cansados, sim, houve ronco na sessão. (Hahahahaha)
A narração é feita com português moçambicano e com legendas em francês, com um toque bem carregado que pode ser interpretado como piegas até, então, vamos dar um desconto a eles (dorminhocos), pois muita atenção deve ser dada ao conteúdo para que possa ser compreendido.
O que mais me chocou foram as letras das músicas da trilha sonora, elas foram compostas entre 1950- 1975 e são extremamente racistas e preconceituosas.
A harmonia entre as imagens e trilha chega a ser dolorosamente horrenda, as cenas de abuso pintam um quadro do que está sendo cantado!
É um filme conceitual, para chocar, comover e ele cumpre este papel.
Indico o filme e a Mostra a África para todo mundo. É importante levarmos nosso olhar para este ponto doloroso da história do mundo e que não faz tanto tempo assim que aconteceu, e precisa ser lembrado para que nunca mais aconteça de novo.
Particularmente eu não gostei muito do filme “25”, mas entendo o propósito dele e a sua relevância, em especial na época que ele foi lançado, em meio a ditadura militar que o Brasil vivia. Foi um sopro de revolução em tempos de tanta repressão.
A Mostra África fica em cartaz até o dia 23 de novembro de 2016.
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