Morando com o Crush é uma comédia romântica brasileira e lançada em maio de 2024 nos cinemas. A direção é de Hsu Chien (de Ninguém Entra, Ninguém Sai, entre outros), com o roteiro de Sylvio Gonçalves (de SOS – Mulheres ao Mar 1 e 2), com alta expectativa de sucesso comercial, embora esteja dividindo a crítica.
Na trama, passada, inicialmente no Rio de Janeiro, os adolescentes Luana (Giulia Benite) e Hugo (Vitor Figueiredo) são, secretamente, apaixonados e estudam na mesma escola. Porém, seus pais, Antônia (Carina Sacchelli), mãe de Hugo e Fábio (Marcos Pasquim), pai de Luana, decidem iniciar um relacionamento e mais do que isso, vão morar juntos, mudam para uma nova casa em uma cidade menor do estado do Rio de Janeiro, mas eles fingem serem irmãos para conseguirem uma vaga na única escola do local, mas como esconder uma paixão assim nos tempos atuais?
O filme está recebendo uma campanha interessante de marketing e com a promessa de levar milhares de brasileiros ao cinema, sobretudo porque as comédias ainda são a palavra de ordem para os estúdios e a protagonista Giulia Benite é muito carismática, podendo fazer com que seu público abrace o filme.
Ela é, de longe, o personagem mais bem trabalhado aqui.
A química entre Vitor Figueiredo e ela funciona, leva o espectador até o final e por mais que a trama seja simples, ninguém pode reclamar que ela não seja original, porém, as qualidades de Morando com o Crush param por aí.
Se a premissa é interessante, o mesmo não se pode dizer do desenvolvimento do roteiro, usa e abusa dos clichês do gênero, a parte “comédia” provoca mais constrangimentos do que a graça que a história pedia, com uma trama que praticamente não sai do lugar, além de tratar mal os coadjuvantes: com exceção da dupla principal, todos os personagens são mal trabalhados ou são um desserviço ao que se vê em tela.
A personagem Antônia mesmo, é mal desenvolvida, justamente por ser a mãe o interesse amoroso da protagonista e namorada do pai da mesma, ela deveria ter um tratamento melhor por parte do roteiro, praticamente aparece em tela quando convém à história e o pior: “só’ serve de escada para os outros brilharem.
Mesmo atores consagrados como Marcos Pasquim, pai da protagonista, e Juliana Alves, como a diretora da escola, que praticamente inexiste na trama – e por se tratar de uma história com o foco no público adolescente em que a escola é sim, importante, era fundamental uma figura de autoridade como uma diretora.
Mas nada se compara à personagem Priscilla, vivida por Júlia Olliver que é, de longe, a pior do longa: é vizinha dos protagonistas, filha da diretora, mas sua função na narrativa é vigiar os novos vizinhos na luneta, usar sua irmã caçula como muleta para o seu plano para descobrir o “segredo” deles e se a intenção foi em fazer uma vilã carismática, foi um tiro pela culatra.
Sem contar que a personagem Priscilla é um desserviço total a um mundo que fala cada vez mais em representatividade, pois, na primeira cena ela está em uma cadeira de rodas, é uma mulher preta, mas passa o tempo todo vigiando os vizinhos. Considerando que é a filha da diretora, passa a impressão de “adolescente mimada” para quem assiste.
Morando com o Crush é fraco, tem um roteiro frágil, com personagens mal desenvolvidos, mas não é descartável. A protagonista Giulia Benite ajuda a vender o filme e está em alta na carreira, mas, infelizmente, não é a única bomba que estrelou em 2024 (Chama a Bebel é dos piores filmes brasileiros lançados nos últimos anos).
Posts Relacionados:
A Filha do Palhaço é um retrato verdadeiro das relações humanas
Furiosa: Uma Saga Mad Max e sua ópera distópica
“Back to Black” mostra uma Amy Winehouse superficial
Não esquece de seguir o Universo 42 nas redes sociais: