Missão Impossível: O Acerto Final chega oficialmente aos cinemas brasileiros no dia 17 de maio, após uma antecipação de datas. Para quem acompanhou a saga de Ethan Hunt desde o início ou para os cinéfilos vidrados em ação com coração, era uma verdadeira missão impossível esperar até o dia 22 para acertar as contas.

A trajetória da franquia e do elenco
Desde 1996, a franquia Missão Impossível reúne histórias, identidades e personalidades que são trabalhadas de forma meticulosa e planejada. No final, ela responde todas as perguntas, preenche as lacunas e conecta os pontos. São quase 30 anos de pura ação e trama entregues ao público, sem deixar a desejar em nenhum ponto.
A franquia contou com a presença de nomes grandes e brilhantes do cinema, como Rebecca Ferguson (Ilsa Faust), Simon Pegg (Benji), Ving Rhames (Luther), Henry Czerny (Eugene Kittridge), Thandiwe Newton (Nyah), Michelle Monaghan (Julia), Maggie Q (Zhen), Laurence Fishburne (Brassel), Jeremy Renner (Will Brandt), Alec Baldwin (Hunley), Henry Cavill (August Walker), Vanessa Kirby (Alanna), Esai Morales (Gabriel), Hayley Atwell (Grace), Angela Bassett (Erika), entre muitos outros. Estando em todos os filmes ou apenas em parte da história, cada presença de peso marcou a trajetória da franquia e contribuiu para que todo o projeto se tornasse um verdadeiro presente para o público.
Agora, em 2025, Missão Impossível: O Acerto Final vem para dar o arremate de todas as passagens dos filmes, trazendo a adrenalina constante de, enfim, fazer justiça aos personagens que conquistaram nossos corações — e tornaram dolorosa a sua partida.
Adrenalina e ação constante — e a corrida contra o tempo
É indiscutível que todos os filmes possuem suas doses absurdas de cenas impactantes que causam aquela pequena overdose de tensão. Em Missão Impossível: O Acerto Final, é possível notar que a maior luta de Ethan é contra o tempo. Justamente por ser o acerto final, cada segundo perdido é um prejuízo iminente que prende o espectador à tela e o faz viver toda aquela tensão e pressão junto com o protagonista.
No filme, é possível sentir o senso de urgência e a agonia de um plano desmoronando. Em muitos momentos, percebemos que estamos prendendo a respiração junto com Ethan Hunt e embarcando no abismo de suas responsabilidades súbitas. É um filme que te obriga a pensar rápido e a buscar estratégias táticas em tempo recorde, fazendo com que a gente deseje entrar na mente de Ethan Hunt para descobrir seu próximo passo. E acredite: ele sempre tem uma carta na manga que ninguém imaginaria (inclusive há uma cena de pegadinha que deixa a gente de cabelo em pé!).
Todos os filmes da franquia sempre foram mestres em tirar o fôlego, mas confesso que em Missão Impossível: O Acerto Final, Tom Cruise realiza um xeque-mate com uma intensidade ainda maior, fechando com chave de ouro toda a essência trabalhada ao longo das histórias e dos apuros vividos pelos personagens. No caso de Ethan, a experiência das cenas se torna ainda mais incrível quando lembramos que Tom Cruise dispensa dublês, o que, particularmente, me faz ter uma admiração pessoal pelo ator.

Romance e ação
Com a chegada de Grace no filme anterior (Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1), confesso que senti receio de que Ethan tivesse seu propósito desviado — principalmente após a perda de Ilsa. Algo que sempre foi admirável na franquia é a ausência da romantização de uma vida perturbada e repleta de desafios que colocam as pessoas ao redor do protagonista em constante risco. Inclusive, a franquia inteira mostra que Ethan Hunt, por mais lindo e sedutor que seja, não é alguém relacionável. Pudemos acompanhar o casamento de Ethan e Julia, que foi forçado a terminar porque a vida de Ethan é perigosa — e as pessoas que ele ama se tornam uma arma virada para sua própria cabeça (literalmente, às vezes).
Apesar de todo o foco na ação, Missão Impossível também mostra o lado emocional, a moral e como decisões difíceis precisam ser tomadas dependendo do caminho escolhido.
A experiência com Julia impediu que Ethan e Ilsa tivessem um final feliz. Ao acompanhar os filmes, percebemos que o muro entre eles era construído pelo medo de se colocarem em risco e pela oposição de lados. Toda a história de Ilsa e Ethan é trabalhada no conceito de que eles serviam a lados diferentes, mas sempre se protegiam e se reencontravam de alguma forma. No fim, eles estavam sempre juntos e unidos por uma mesma causa, ainda que em lados opostos. Com o tempo, parecia impossível escaparem um do destino do outro.
A produção não entregou um casal, entregou muito mais: recebemos a morte de Ilsa em MI:7 — justamente no filme em que mais houve interação física e emocional entre eles. Mostraram finalmente Ethan Hunt emocionalmente vulnerável com uma mulher. Uma falsa esperança foi plantada porque, evidentemente, foi o momento em que Ethan e Ilsa consideraram se unir. A linguagem corporal entre eles gritava química e sentimentos. Mas, ao finalmente fazerem isso — ainda que de forma velada — Ilsa perde a vida para salvar Grace, justamente por saber que Ethan, além de precisar de Grace, salvaria sua vida.
Um ponto importante é que não quebraram a essência de que Ethan reconhece que sua vida amorosa não é segura. Apesar de Grace ter uma presença atípica e mais “açucarada”, é nítido que Ethan tem apreço por ela porque, de alguma forma, a vida dela custou a de Ilsa.

Ilsa foi substituída por Grace Missão Impossível: O Acerto Final?
Não! Definitivamente não — e isso me deixou bem feliz. Quando Grace entra para a IMF no final do último filme, me peguei pensando se tentariam criar uma versão 2.0 de Ilsa. Mas isso não ocorre de forma alguma.
Além de Ilsa não ter feito parte da IMF, sua postura é totalmente diferente da performance de Grace, bem como suas competências e personalidade. Sinto que, apesar de Grace ser uma personagem boa e bem trabalhada em suas habilidades, ela tem alguns lapsos de ingenuidade que deixam as cenas levemente cômicas, mas que não se conectam com a essência e sinergia que Ilsa e Ethan apresentaram nos filmes.
Enquanto Ilsa e Ethan se tornavam um só durante a necessidade extrema de agir — ambos destemidos e determinados — Grace age com medo e, muitas vezes, com receio. É nítido que se trata de uma personagem sendo treinada e iniciada na IMF. E, apesar de ser habilidosa em alguns aspectos, ainda carrega uma imaturidade tática e constantemente está em situações em que precisa ser salva. O medo faz com que ela hesite diante das situações.
Confesso que me incomodou um pouco uma passagem do filme que se tornou idêntica a uma cena do primeiro filme onde Ilsa e Ethan atuam juntos em apuros. Mas acredito que essa reprodução semelhante àquele momento foi justamente um “remake” para o próprio Ethan. Dentro do filme, eles combinam a cena idêntica de Rogue Nation e citam verbalmente o antigo relacionamento de Ethan e Julia.
No fim, independentemente de qualquer detalhe ou referência, Ilsa se tornou uma memória forte — e até mesmo um propósito — para o acerto de contas final de Ethan.

Morte e reprise de personagens
MI:8, logo no início, traz um momento de nostalgia profunda, relembrando cenas marcantes de todos os filmes anteriores. Mas não pense que é apenas um flashback simbólico para sinalizar o fim da franquia. É muito mais que isso. As cenas curtas mostram conexões entre os filmes e entre os personagens, funcionando também como um tributo e agradecimento a todos que participaram dessa história.
Infelizmente, o último filme não se livrou de uma perda inusitada e dolorosa — um sacrifício necessário para que a missão fosse cumprida. A parte mais difícil de se despedir de um personagem é imaginar o quão feliz ele estaria no final, vendo que cada detalhe foi essencial para o desfecho.
Porém, para a surpresa de todos, temos o retorno de um personagem que apareceu no primeiro filme, trazendo uma conexão entre o ponto de partida e o encerramento da trama.
Missão Impossível: O Acerto Final e Crítica social X ironia
Algo que não posso deixar de fora é que Missão Impossível começou antes dos anos 2000, no início da ascensão tecnológica. Os filmes sempre trouxeram forte presença da tecnologia — em um período que hoje pode até parecer arcaico.
Mas a ironia aparece nos dois últimos filmes, cujo vilão principal é A Entidade, uma inteligência artificial destinada a dominar o mundo por estar gradativamente tomando consciência. Existe, sim, uma crítica social embutida, especialmente neste último filme, sobre como a tecnologia está fazendo dos humanos reféns — e sobre a possibilidade real de um colapso mundial.
É impossível não refletir sobre o quanto o mundo está se tornando dependente da tecnologia para absolutamente tudo. Até que ponto a modernidade tecnológica pode interferir, de forma saudável, nas nossas vidas?
Outro ponto marcante da franquia é sua crítica constante às figuras políticas e à geopolítica internacional. Em todos os filmes, nos deparamos com líderes e representantes do poder que operam acima da compreensão pública. É como se o destino do mundo estivesse nas mãos não de Ethan, mas de políticos que o usam como peça ou tentam derrubá-lo em nome da própria ganância.
Por fim, expresso meu imenso apreço pela franquia e enalteço que o filme é uma obra incrível e, mesmo dizendo que é o último, deixou sim o gostinho de “quero mais”, afinal… é uma missão impossível aceitar que é o fim.
Por fim…
Expresso meu imenso apreço pela franquia e enalteço que o filme é uma obra incrível. E, mesmo dizendo que é o último, deixou, sim, um gostinho de “quero mais”. Afinal… é uma missão impossível aceitar que é o fim.
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