Particularmente, não curto muito filmes de terror e horror, sou mais da onda do suspense. Porque eu não consigo embarcar muito na fantasia atmosférica que sempre envolvem as tramas, mas Medusa eu posso dizer que é um filme de terror para todo mundo!
Antes de falar mais sobre a história toda e minhas percepções, eu quero enaltecer a Vitrine Filmes que tem feito uma distribuição admirável dos filmes nacionais, é por conta disso que consigo ver e criticar o segundo filme brasileiro super premiado por aqui.
Falando em prêmios, Medusa participou de festivais internacionais de cinema independente em 2021, como uma aparição fora dos padrões na Quinzena dos Realizadores de Cannes, sendo o único brasuca por lá, e garantiu o troféus no bolso em um circuito de muita responsa, como a melhor direção no Sitges Film Festival, melhor filme em Tromsø Int. Film Festival, prêmio especial do júri em IndieLisboa, melhor filme internacional no Raindance Film Festival e menção honrosa em Palm Springs Int. Film Festival.
Também foi o grande vencedor do Premiere Brasil, no Festival do Rio, garantindo as categorias de melhor filme, melhor direção e Lara Tremouroux, que fez Michele no longa, ganhou como melhor atriz coadjuvante.
Eu imagino que Medusa gerou e gera essa comoção toda, porque Anita Rocha da Silveira, que assina roteiro e direção, conta uma história que é bastante real aqui no Brasil, e diria que até em muitos outros países.
Sinto que tudo e qualquer coisa que eu falar a partir de agora, vou acabar dando um spoiler! Mas, vamos lá! Hahaha
A sinopse diz assim: “Em Medusa, uma gangue de mulheres fazem o melhor que podem para controlar tudo ao seu redor – até mesmo outras mulheres – para resistir à tentação. Mas o dia chegará onde a vontade será maior do que tudo.”
Só com isso, eu não imaginei que caminho seguiríamos, mas assim que o filme começou e conhecendo o histórico de cinema de gênero da criadora da obra, comecei a entender a rota.
Medusa é uma constante provocação de mais de duas horas sobre a realidade feminina aqui no Brasil, e principalmente sobre o período histórico que estávamos vivendo de 2015 a 2020.
A roteirista e diretora usa de metáforas semióticas bastante rebuscadas para dar o recado, sabe?!
A gente segue essas artimanhas junto com o arco de construção da protagonista Mariana, interpretada por Mari Oliveira, que está muito bem no papel. Ela é uma jovem enfermeira, muito bonita e religiosa, que junto a suas amigas, se esforçam ao máximo para controlar tudo e todas para não cair em tentação.
Depois de um incidente, que deixa marcas visíveis em Mariana, ela parte para uma busca intensa de recolocação no seu ambiente social, digamos assim. Isso envolve a investigação de um caso muito falado, sobre uma mulher específica, que se tornou um monstro, a Medusa.
Nesta busca, Mariana vai vivendo mudanças em sua mente, que cada vez mais a faz ter vontade de gritar e despertar para uma outra realidade. E a analogia com a mitologia grega, sobre o olhar de Medusa, se entrelaça com sua cabeça repleta de serpentes e o sentido bíblico que esse animal tem. Desculpa, está difícil falar sobre isso e não entregar o jogo! Hahahaha
E aí é que está o ponto de terror, ao meu ver, horror psicológico! O filme fala sobre gangues violentas, radicalismo religiosos, misoginia, violência contra a mulher, machismo, falta de parceria feminina, mas também, feminismo, despertar de um olhar individual e coletivo, libertação, desconstrução e sororidade.
Então, seja qual for a sua perspectiva sobre esses temas, você vai se aterrorizar e horrorizar, compreende?! Por isso, Medusa é um filme de terror para todos assistirem!
Tem jump scare?! Sim! Tem trilha sinistra?! Tem também! Câmera caminhando, plano dorsal e subjetiva? Opa, tá lá! Mas não são esses elementos que vão te apavorar.
A cena mais chocante para mim, foi uma sequência com a personagem Michele, que após gravar um tutorial para o seu canal na internet, tira a maquiagem para nós espectadores. Cara, eu fiquei arrepiada! Aliás, eu odiei Michele desde o minuto um da trama, mas naquele momento, ela ganhou toda a minha compaixão. A atriz Lara Tremouroux está muito incrível no papel!
Eu adorei o filme! Achei completamente diferente do que já tinha visto nas produções de terror nacional. Assisti duas vezes para caçar todas as dicas semióticas que são entregues, fiquei com vontade de estudar mais detalhadamente a obra, e indico a ida ao cinema, porque como eu disse lá no início, Medusa é um filme de terror para todo mundo.
Medusa estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 16 de março de 2023. A distribuição é da Vitrine Filmes, por meio do projeto Sessão Vitrine.
Veja o trailer oficial:
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