Maxxxine, conclusão da trilogia iniciada com X: A Marca da Morte, finalmente chega aos cinemas brasileiros próxima quinta, dia 11 de julho. Sendo um dos longas de terror mais aguardados do ano, sinto que Maxxxine terá algum trabalho em cair nas graças do público em geral. Principalmente daqueles que amaram aquele primeiro filme. Claro, uma boa parcela pode abraçar a proposta mais trash que ele apresenta. Mas outros, apenas irão ressaltar o quanto essa decisão criativa pode ter sido responsável por suas expectativas frustradas.
Hollywood dos anos 80: Decadência e ambição
Após os eventos de X: A Marca da Morte, Maxine Minx continua trilhando seu caminho em busca da fama, dessa vez em Los Angeles, participando de diversas audições enquanto continua atuando na indústria de entretenimento adulto para se sustentar. Em meio a isso, um assassino em série ameaça revelar o passado de Maxine, enquanto deixa um rastro de assassinatos brutais no caminho. À medida que as suspeitas aumentam e o perigo se aproxima, ela se vê obrigada a desvendar esse mistério ao tempo em que luta para manter sua sanidade e alcançar o estrelato.
Ambientado na Hollywood da década de 80, o filme traz toda a decadência de uma cidade onde sonhos são tecidos pela ambição de seus moradores. A estética é totalmente assertiva quando se trata em nos transportar para uma década de roupas extravagantes e cabelos volumosos. É uma verdadeira homenagem ao período, principalmente quando continua utilizando o sexo como um símbolo do profano, imoral. Um trope exaustivamente explorado nos slashers dos anos 80. Afinal, os sexualmente ativos sempre eram punidos com mortes horríveis.
E Maxxxine não só abraça a ideia de homenagear um slasher dos anos 80, com referências por exemplo. Em certo ponto, ele se torna um slasher dos anos 80. Com suas tosquices e a atuação exagerada. Uma decisão que talvez não agrade a todos e, definitivamente, destoa do que vinha sendo construído durante a maior parte do longa. Ouso dizer até que destoa de X: A Marca da Morte, o primeiro filme da franquia e onde Maxine é primeiramente apresentada.
Maxxxine é o espetáculo de Mia Goth
Mia Goth (Emma) está, definitivamente, espetacular. E já percebemos isso em sua primeira cena. Sua Maxine é determinada e ambiciosa, e camufla seus traumas e demônios em um casulo de autoconfiança excessiva. É impossível não ficar absorto quando Maxine está em cena. Um ponto alto para o filme. Principalmente pelo fato de que Maxxxine depende quase que inteiramente do carisma de sua protagonista para funcionar. Em certos momentos, me vi extasiada pela forma como Mia caminha entre a vulnerabilidade e a força tão facilmente.
Destaque também para Elizabeth Debicki (Tenet) e sua Elizabeth Bender. Uma diretora que luta para conquistar seu lugar em Hollywood. E talvez por isso ela simpatize tanto com Maxine. Por enxergar nela o mesmo desejo de ascensão e obstáculos semelhantes aos que enfrenta. Enquanto Maxine precisa superar o preconceito por ser uma atriz pornô, Elizabeth precisa se provar por ser uma mulher em uma indústria predominantemente masculina. Um problema que Hollywood ainda luta para superar, aparentemente.
Porém, é Simon Prast (Quando Chega o Amor) que acaba dissonando do restante do elenco. Assim que sua personagem é apresentada, há uma mudança de chave em como a história é conduzida e interpretada. Seu Ernest Miller é afetado, no pior sentido da canastrice, e acabou me tirando completamente da imersão. Já o restante do elenco, que ainda conta com Kevin Bacon (O Mundo Depois de Nós), Giancarlo Esposito (Breaking Bad) e Lily Collins (Simplesmente Acontece), é apenas funcional.
Entre homenagens e exageros
Maxxxine é uma grande homenagem à era de ouro do cinema de horror, e Tie West nos conduz por esse passeio brilhantemente pela maior parte do tempo. As referências culturais da época são assertivas e os clichês de terror são subvertidos durante grande parte do longa. Os dois primeiros atos desenvolvem Maxine como uma personagem forte, que sabe lidar com os próprios problemas, nem sempre da maneira mais ortodoxa. Mostrando sempre como a personagem era bem-resolvida com sua existência.
Porém, à medida que o grande mistério do filme começava a ser revelado, no terceiro ato, o filme se perde. Ao emular de forma tão eficiente a patifaria de um filme trash dos anos 80, Maxxxine acaba cruzando a linha da verossimilhança cuidadosamente estabelecida para aquele universo durante aqueles dois primeiros atos. E o que se segue são imagens que poderiam ter sido diretamente tiradas de um filme B de terror da década. O que resulta em um clímax que pode parecer deslocado e incoerente. E possa ser que isso funcione com quem abrace a proposta. Mas muitos acharão destoante com o que foi apresentado.
Falta de tensão e impacto: O problema central de Maxxxine
Mas o grande problema de Maxxine está no fato de que o filme se apresenta como terror, mas não constrói tensão ou cria um sentimento de medo. Nem mesmo o grande mistério do filme parece se sustentar, visto que é completamente previsível. Apesar da temática ainda envolver o sexo, não o vemos muito por aqui. E, para um slasher, a maioria das mortes são pouco impactantes. Salvo dois momentos marcantes envolvendo gore, todo o restante parece uma bandeja de kool-Aid.
O grande trunfo de Maxxxine, então, recai sobre os ombros de sua protagonista, que consegue sustentar a atenção do público com seu carisma. O mesmo que instiga sua curiosidade em saber como Maxine irá lidar com cada obstáculo colocado à sua frente. Se ela irá conseguir o que almeja. E, em momento algum, existe um temor pela sua vida. Algum perigo que faça com que o espectador se empertigue em sua cadeira.
Eu não vou aceitar uma vida que não mereço
Alguns dos questionamentos levantados por Maxxxine são reconhecimento, merecimento e ambição. A máxima “Eu não vou aceitar uma vida que não mereço”, já foi dita anteriormente em X: A Marca da Morte e é repetida mais algumas vezes aqui. Uma frase que traz um subtexto de luta pelos seus objetivos, que irá enfrentar o que quer que se coloque em seu caminho de ascensão. Ao tempo em que rejeita a ideia de conformidade com as regras impostas a ela. As limitações sociais amarradas por tabus e âncoras das convenções sociais. Sendo assim, ela declara que nada a impedirá de conseguir o que quer. Nem mesmo um assassino em série.
Maxxxine é uma homenagem ambiciosa aos slashers dos anos 80, com uma atuação incrível de Mia Goth. Mas sua abordagem exagerada no terceiro ato, sem contar a falta de tensão e o medo característicos do gênero, podem frustrar alguns expectadores. Ainda assim, é um filme que merece ser visto. Se não pelo horror, pela performance brilhante de sua protagonista.
Maxxxine estreia dia 11 de julho, somente nos cinemas.
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