O filme Luta Pela Liberdade, ou Cliff Walkers, no título estadunidense, foi o representante da China para uma vaga ao Oscar de Melhor Filme Internacional e embora o país tenha feito uma ampla campanha para chegar à premiação (ao contrário do Brasil, existe muito incentivo por parte do Estado), o longa acabou sendo ofuscado pelo premiado representante japonês Drive My Car, que acabou vencendo o Oscar.
Luta Pela Liberdade é dirigido e escrito pelo aclamado Zhang Yimou (de Herói, O Clã das Adagas Voadoras e A Maldição da Flor Dourada, entre outros), já faturou mais de 185 milhões de dólares (maior parte desta bilheteria, em território chinês), já venceu vários prêmios asiáticos, segue sendo elogiado pela crítica internacional e aqui no Brasil está sendo distribuído pela A2 Filmes.
O longa é baseado em fatos reais, se passa na década de 1930, é situado no estado de Manchukuo, um lugar até então controlado pelo governo local. A trama segue quatro agentes especiais do Partido Comunista, que retornam à China depois de receber treinamento na União Soviética.
Juntos, eles embarcam em uma missão secreta com o codinome “Utrennya”. Depois de serem vendidos por um traidor, a equipe se vê cercada por ameaças de todos os lados desde o momento em que entraram na missão, testando seus limites de força, resistência e até de lealdade com o seu país.
É importante contextualizar o período em que se passa o longa: o início da década de 1930 é o período entre guerras e de ascensão de regimes totalitários, como o nazi fascismo e o mundo ainda sentia os impactos da Crise da Bolsa em 1929.
Paralelamente a isso, a URSS já vivia sob o regime de Stálin, tendo como parceira comercial a própria China. Não bastasse tudo isso, os chineses viviam em guerra com o Japão, que fez parte do Eixo na 2ª Guerra Mundial e este foi justamente o auge dos conflitos entre esses dois países.
Considerando todo este contexto, Luta Pela Liberdade torna-se um filme importante para entender o período de uma história pouco conhecida, embora a abordagem seja parcial e nacionalista para o lado chinês, mas que pode acender a luz para o ocidente de um conflito que não é aprendido na escola.
E tem mais: é justamente porque a abordagem do longa é parcial (e alguns podem chamá-la de tendenciosa) é que o público brasileiro possa demorar a simpatizar ou se envolver com a história, embora ela seja longe de ser descartável.
Estamos diante de uma boa história de suspense e uma grande trama de espionagem, onde nada é o que parece ser e não se deve confiar em ninguém.
Tecnicamente o filme é muito competente, com uma bela reconstrução da época, um design de produção digno de Hollywood, uma fotografia límpida, com muitos tons de azul para dar a ideia de um cenário frio e imponente. A montagem é outro atrativo, pois o ritmo é competente, as duas horas de projeção passam rápido o espectador entende o que vê em tela.
Não há nenhuma atuação brilhante, mas o elenco se esforça para entregar o melhor os atores principais convencem em seus papéis.
Luta Pela Liberdade não é nenhuma obra prima e não é o melhor longa do diretor. Erra muito na abordagem, no roteiro e no tratamento da História, mas para quem for simplesmente assistir pelo fator de entretenimento, pode conhecer uma cultura diferente de uma espionagem, algo que o cinema norte-americano já explora há décadas.
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