Jogar para pagar o aluguel!

252 mil pessoas visitaram a última BGSBrasil Game Show em SP, de 8 a 12 de outubro. Deste total com certeza 1/3 dos visitantes eram pais levando os filhos alucinados por jogos ao evento.

Andando pelos corredores e vendo a clara expressão de “que inferno é este?” dos pais, eu me perguntava quantos ali permitiriam que os filhos se tornassem jogadores profissionais.

Se fosse feita uma pesquisa ali, com certeza a maioria seria a favor, afinal neste evento o que chamava a atenção eram as filas monstruosas para fotos e autógrafos com os pro-gamers.

Mas umas das principais perguntas que todos os pais tem é se um pro-gamer ganha bem, se isso vai garantir o sustento e porquê não o aluguel no fim do mês.

A verdade é que o mercado está em crescimento acelerado e faltam profissionais. Não só jogadores, mas técnicos, especialistas, analistas, narradores e todos que fazem parte deste ecossistema. “Ah mas aqui no Brasil é diferente!” Mais ou menos, um dos principais times de League of Legends do cenário nacional, esta desfalcado há mais de 3 meses sem conseguir completar sua equipe. Faltam jogadores, e mais ainda existe muito preconceito e insegurança de seguir esta “carreira”.

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O Mercado

No último ano, a final do campeonato mundial de LoL foi assistida por 32 Milhões de pessoas, enquanto o evento ao vivo teve seus 18.000 assentos vendidos em menos de 2 horas. Já para as finals de Dota2, outro torneio que premiou o time vencedor com $5Milhões de doláres em dinheiro, o total de pessoas que viram a final chegou a 200.000 pessoas.

A força destes números é comprovada, ao constatar que a ESPN, uma das empresas gigantes em transmissões esportivas, trabalha intensivamente para negociar junto as ligas os direitos de transmissão dos jogos.

Cultura

Para o brasileiro que foi criado desde pequeno com a possibilidade ou sonho de se tornar um jogador de futebol e viver uma vida de rei, o e-esporte é uma possibilidade real. O que não gera uma corrida alucinada neste sentido é provavelmente alguns pontos como a dificuldade de entender o quanto seu filho é bom num jogo online que você não conhece direito ou aceitar uma vida de gamer. Autorizar que seu filho vá morar num esquema de “república” onde ele vai jogar 12, 14, 16 horas por dia, não parece algo saudável.

Parar de estudar é opcional? Não. Uma das bases de renda de um pro dentro de um time é a transmissão de suas partidas online, logo, quanto mais horas online jogando ou ‘stremando’, maior o seu faturamento.

É um trabalho, logo o jogador tem horários para jogar, geralmente 8 horas por dia. Intercalado com horários de descanso, pausas para assistir partidas e discutir estratégias, mas basicamente a vida é entre quatro paredes.

Top 10  – Quem ganha mais?

Qual os melhores jogadores do mundo? Numa resposta rápida a maioria cita os coreanos, mas temos os chineses como top jogadores em termos de rendimento. Na lista ainda temos os Ucranianos, Estonianos e por fim os coreanos.

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A tendências dos melhores jogadores estarem na Ásia, em parte se deve a questão tecnológica. Com as melhores conexões de internet do mundo, estas regiões possibilitam uma velocidade entre os comandos e as ações num jogo, onde qualquer bom jogador “voa baixo”. Isso permite que se aprimorem muito mais rapidamente que os jogadores de outras regiões.

Times Nacionais e Patrocinadores

Os times nacionais são resultados de sonho de ex jogadores e fruto de investimentos iniciais particulares. O patrocínio, comum nos esportes, ainda está iniciando e é comum encontrar um novo time que ainda precisa de um ‘padrinho’ para decolar.

A mesma tecnologia que diferencia os times asiáticos é um dos principais empencilhos no cenário nacional. Aqui todo aparato tecnológico custa caro, com muitos acessórios como mouses especiais, cadeiras, fones a preço de ouro/dólar, até as opões de conexão dos servidores locais, oneram pesadamente os times.

Então começar num time nem sempre é um mar de rosas e até estes pontos geram insegurança para que o jogador aposte integralmente no sonho de ser jogador profissional. O mercado está em desenvolvimento, mas ainda é uma aposta incerta.

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Carreira

Todos pro tem respostas parecidas, a maioria foi recrutado muito jovem, deixou de estudar e sonha com alguma possível carreira futura, que não está relacionada a games. Muitos ainda respondem que vão cursar Engenharia, Psicologia e até Direito.

Como conceitualmente uma carreira está atrelada a educação, não tem um curso que seja voltado para o jogador profissional. Remetendo a ideia do jogador de futebol, este também levou alguns anos para entender que eventualmente um curso de Educação Física poderia ajudar na vida futura, mas entre os gamers, esta não é uma preocupação imediata.

Como estamos numa era conectada e o Brasil tem uma das maiores bases de pessoas que interagem em redes sociais, os jogadores tem capitalizado sua performance em suas bases. Alguns com mais de 300 mil seguidores, mas que não é uma ciência perfeita.

Robert Lee, jogador do time CompLexity equacionou da seguinte forma o dilema entre escola e a vida de gamer:

O caminho em que vejo isto é que a escola sempre estará lá, mas a oportunidade de fazer dinheiro, jogando video games não estará sempre lá“.

Isso não deixa de ser um dilema que acontece na vida de várias pessoas, com questões profissionais diferentes, manter uma carreira numa empresa ou arriscar num novo negócio? O ponto que podemos ter certeza é que agora é a hora e se há esta oportunidade, ela tem que ser agarrada! O que pesa na decisão de jogar para pagar o aluguel é que a escolha será determinante para toda a vida profissional do jogador. Vale lembrar que este ano o time da Kabum, totalmente tupiniquim, desbancou um dos principais times do cenário europeu e levou os meninos até Cingapura para a disputa do cobiçado prêmio de USD$ 1 Milhão de dólares, deixando claro que não é impossível, basta querer!

Fontes: Mashable

Fotos: Branca Galdino

Nerd: Branca Galdino

Profissão: mãe de menino. Apelido: véia louca dos gatos. Adora tecnologia, tem vários games em casa, mas não passa da 1ª fase do Galaga. Trabalha como Mídia e ouve Kpop. Crê piamente que "de Nerd e louco, todo mundo tem um pouco"!

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