Baseado no livro de mesmo nome, da autora Bárbara Abel, o filme Instinto Materno, estrelado por Anne Hathaway e Jessica Chastain, traz à cena dois casais de amigos que têm filhos da mesma idade.
Tanto os adultos quanto as crianças são muito unidas e vivem felizes apesar de Alice (Jessica Chastain) desejar voltar a trabalhar como jornalista e não ter o apoio do marido que, ao contrário dela, quer ter mais um filho.
Até que um trágico acidente desestabiliza a todos. O filho de Celine (Anne Hathaway) cai da sacada sem que Alice consiga impedir a tempo. O problema, além do luto, é que Celine culpa a amiga pelo que aconteceu. Isso porque ela viu o menino em pé na sacada e ao invés de pegar um atalho para chegar mais rápido até ele, ela faz um caminho mais longo.
Nisso, os pais do garoto acreditam que ela poderia ter evitado o que aconteceu e que se fosse o filho dela ela teria agido de outra forma.
Pra piorar a situação, Celine não pode ter mais filhos. Ou seja, ela perdeu seu único filho. A raiva misturada com inveja da amiga vai enlouquecendo ela a ponto dela começar a colocar o filho de Alice em risco só para testá-la e puni-la. E com o tempo, os dois, Celine e a criança vão se aproximando mais. Afinal, os dois estão sofrendo pela mesma perda.
Diferente de Alice que estava insatisfeita com a sua vida de esposa e mãe e desejava algo mais, Celine sentia ter a vida perfeita. A vida de dona de casa era tudo que ela sempre quis ter e a preenchia por completo. Sua única questão era não poder dar uma irmã para o filho.
Por isso, quando o acidente acontece, sua vida desmorona. Porque o seu mundo perfeito foi quebrado e ela não tinha como consertá-lo.
Dessa forma, ela passa a ficar obcecada pelo filho da amiga. Ela queria substituir uma criança pela outra e leva isso até as últimas consequências. Contudo, suas atitudes não ficam claras para o público durante o desenvolvimento da trama, sendo reveladas só no final.
No desenrolar da história de Instinto Materno, o público se pergunta se Celine realmente é culpada de tudo que a amiga imagina ou se Alice está exagerando, vendo coisa onde não existe.
A pergunta principal do filme é: o que Alice sente é instinto maternal ou só reflexo de sua ansiedade?
Sobre a personagem de Anne Hathaway, alguns podem enxergá-la como psicopata. Mas não penso que seja o caso. Ela é uma mulher que está passando por um trauma e o fato dela não poder ter mais filhos torna sua dor ainda maior.
Antes do acidente, ela era uma boa amiga, mãe e esposa. Tanto é que ela apoia Alice a voltar pro trabalho se isso a deixará feliz. O luto e a forma que aconteceu transformam ela em uma outra pessoa.
O fato dela não ter conseguido proteger a cria e impedir o que aconteceu também influencia em seu comportamento.
Quando uma mãe não consegue proteger o filho dos perigos, sempre vem um sentimento de culpa junto. E acho que esse pode ter sido o caso dela.
O cenário, a época, a relação inicial entre os personagens e até mesmo aspectos da trama, lembram muito o filme da Amazon Prime: Não se preocupe, Querida. A insatisfação com a vida de dona de casa sentida pela personagem da Jessica Chastain é a mesma da personagem da Florence Pugh no filme da Prime Video.
Em ambos os longas tudo parece perfeito até que desmorona.
A atuação de Anne Hathaway e Jessica Chastain, como é de se esperar se tratando delas, não desaponta. Quando as duas interagem em cena, não tem como não prestar atenção nelas.
É importante destacar também, o talento do ator mirim, que faz o filho de Alice, o pequeno ator Eamon Patrick O’ Connell, que vive Theo na trama.
Instinto Materno não é um grande filme. Pra quem está esperando muito, pode se decepcionar. O que não significa que seja ruim. É sim um bom suspense, mas não é dos melhores. Tem muita cara de filme que passa na Tela Quente da Globo. Ou seja, distrai, mas nada marcante e que vale a pena rever.
Assista sem grandes expectativas.
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