Indiana Jones e a Relíquia do Destino é o 5º filme da franquia estrelada por Harrison Ford, lançado no concorrido verão de 2023. Desta vez, Spielberg fica apenas na produção, deixando a direção para James Mangold (Logan, Johnny & June).
Após a má recepção do 4º filme, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, lançado em 2008, este longa teve uma árdua trajetória até sua chegada aos cinemas. Um 5º filme estava sendo especulado há anos, mas não se encontrava um bom roteiro e por se tratar de uma aventura de exploração, o fator idade para Harrison Ford, hoje um senhor de 80 anos, também pesou na concepção deste filme.
Afinal, valia a pena trazer o herói de volta? Haveria uma tentativa de substituir Harrison como Indiana após a tentativa frustrada de Shia LaBeoulf no filme de 2008?
Felizmente aqui em A Relíquia do Destino não acontece nem uma coisa e nem outra.
Valeu muito a pena trazer Harrison Ford de volta em um dos papéis mais icônicos, pois além de trazer a experiência e nostalgia com uma pitada de aventura, abraçou a ideia de aposentadoria e se adaptar aos tempos em que o longa se passa.
Quanto ao fator idade, Harrison apresenta muita vitalidade, também com o apoio da tecnologia e mesmo tendo ao seu lado uma das atrizes do momento, a maravilhosa Phoebe Waller-Bridge (protagonista da série Fleabag), não há a chamada “troca de bastão” e ambos os personagens foram tratados de forma respeitosa.
Indiana Jones e a Relíquia do Destino está longe de ser o melhor da franquia. Não chega aos pés do 1º e do 3º filme, por exemplo, mas não perde quase nada para o 2º e ganha de lavada do 4º.
Os filmes da franquia sempre começam com um prólogo e este não é diferente. A cena de abertura se passa na Alemanha nazista, no final da 2ª Guerra, onde Indiana e seu amigo Basil Shaw (Toby Jones) querem recuperar a Anticítera, criada por Arquimedes, que tem o poder de controlar o tempo.
Para não ter o risco de não cair em mãos erradas, Arquimedes dividiu sua invenção em duas. Uma está guardada em um museu. Outra está no fundo do mar.
Além de ser uma boa cena de ação, também há um trabalho maravilhoso de rejuvenescer o astro Harrison Ford e ficou muito bem feito, embora nem todo o CGI funcione e o Chroma Key seja muito evidente.
Na sequência, a trama vai para o ano de 1969, no dia em que o homem pousou na Lua. Indiana está prestes a se aposentar, seu filho morreu e se separou de sua amada Marion, mas recebe a visita de sua afilhada, Helena Shaw, filha de Basil (papel de Phoebe), estudante de arqueologia e, segundo ela, quer parte da relíquia para sua tese de doutorado.
Mas, na verdade, Helena pretende roubar a peça, vender no Marrocos par pagar uma dívida e também faturar muito. Indiana quer recuperar a relíquia, assim como o dr. Voller (Mads Mikkelsen), que ainda tem o ideal nazista e quer a peça para controlar o tempo.
O longa volta ao clima de aventura e exploração que a trilogia dos anos 1980 tinha e apagou qualquer vestígio de vida extraterrestre do 4º filme. Há diversas referências aos filmes anteriores e alguns personagens, como a própria Marion (Karen Allen) e Sallah (John Rhys-Davies) fazem pequenas pontas.
Nem todos os novos personagens são bem aproveitados: Antonio Banderas poderia ter mais tempo de tela e mais camadas de roteiro, assim como Mason (Shaunette Renée Wilson), que tinha muito potencial, pois se trata de uma mulher preta em pleno EUA dos anos 1960, mas é relegada a ser capanga do vilão em momentos que não acrescentam em nada na trama.
E por falar no antagonista, o dr. Voller de Mads Mikkelsen é simplesmente perfeito, frio, calculista, inteligente, perigoso e ameaçador. Mérito do ator, do roteiro e de suas motivações.
Há duas decisões de roteiro que foram ousadas e devem dividir o público e a crítica. Primeira, o resultado e as consequências de quando a invenção de Arquimedes é mal aproveitada. Fãs de História e exploração podem curtir, mas nem todos podem comprar a ideia.
Outra decisão arriscada foi na construção e caráter da personagem de Phoebe. Ela não é a mocinha idealizada, pelo contrário, na primeira metade do longa é quase uma anti-heroína, passa a perna no protagonista e é movida unicamente por dinheiro, mas depois ganha mais camadas, motivações e ambos têm um inimigo em comum.
Sua Helena provavelmente será amada ou odiada pelo grande público e parte da crítica.
Porém, mesmo não sendo o melhor da franquia e muito menos uma obra prima, Indiana Jones e a Relíquia do Destino é uma aventura divertida, nostálgica, mas que também olha para a frente. E em um blockbuster hollywoodiano onde tem tudo isso e o público ainda aprende sobre arqueologia e história, faz deste um diferencial no que se tem disponível.
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