Quando acho que já vi todos os horrores de guerra possíveis, Herói de Sangue vem e me dá um tapa na cara. E como é triste perceber que esse período é ainda mais cruel do que você imaginava.
O longa de Mathieu Vadepied nos apresenta, de forma exemplar, um lado da Primeira Guerra Mundial pouco conhecido: a exploração colonial. É doloroso e revoltante ver essa relação exploratória, mas necessária. A produção franco-senegalesa traz para as telas uma história que a França gostaria de apagar da memória.
A luta desesperada de um pai para Salvar seu Filho
Herói de Sangue nos traz Bakary (Omar Sy) tentando, de todas as formas, salvar seu filho, Thierno (Alassane Diong), sequestrado pelo exército francês para lutar, à força, pela França na Primeira Guerra. As tentativas começam antes mesmo dos franceses chegarem ao remoto e pacato vilarejo onde viviam, quando Bakary tenta esconder o filho diante a iminente chegada do exército.
E como produtos descartáveis, eles são levados para a morte, servindo como buchas de canhão em uma luta que não era deles. O horror diante dos olhos de um pai que, apesar do destino iminente, tenta encontrar meios, de todas as formas, para que nem ele nem seu filho precisem ir para o front.
E quando cada plano falha, sucessivamente, cada fio de esperança começa a se esvair. Como se apenas toda situação já não bastasse para deixar o espectador aflito, a trilha sonora soma, conseguindo transmitir o medo e a tensão dos momentos de puro caos, onde homens sem preparo ou treino, são jogados em trincheiras e forçados a lutar, sem nunca terem sequer pego em uma arma.
A Angústia Diante do Caos e da Inevitabilidade
Thierno é mais resiliente e ingênuo, e isso o faz aceitar sua posição diante de acontecimentos inevitáveis. Talvez pela inocência da juventude, a sedução da obtenção do poder e do respeito de outros, o fez enxergar um fio de responsabilidade, quase inexistente diante de toda a situação.
Já Bakary é inflexível e se recusa a aceitar o chegar iminente do confronto. Seu plano, desde o princípio, é fugir, com seu filho, das trincheiras e, consequentemente, de uma morte iminente. Nunca foi uma opção lutar pela causa que não reconhecia.
Omar Sy, de “Lupin” da Netflix, se destaca em uma atuação emocionante, mostrando uma relação convincente entre pai e filho com Alassane Diong. Ambos rendem cenas comoventes e apreensivas.
Herói de Sangue e o retrato sem concessões da injustiça colonial
“Herói de Sangue” é um filme corajoso e impactante que expõe a exploração colonial na Primeira Guerra Mundial. Com atuações poderosas, a narrativa nos transporta para a angústia de um pai determinado a salvar seu filho.
A abordagem sem concessões e a trilha sonora envolvente tornam essa produção franco-senegalesa uma experiência cinematográfica intensa e memorável. É um filme que, além de entreter, também educa. E ainda nos desafia a refletir sobre os horrores da guerra e as consequências da exploração colonial.
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