Dos diretores Guto Barra e Tatiana Issa, conhecidos por “Anota aí” e “Pedro pelo o mundo“, surge “Fora do Armário“, da HBO. Uma série documental que mostra o processo de aceitação e descoberta da sexualidade das pessoas. Com uma narrativa simples e focada nos familiares e amigos, podemos compreender melhor quais os desafios de “sair do armário” e expor sua sexualidade para mundo.
Atualmente esse é um tema cada dia mais discutido e debatido entre pessoas de todas as idades, colocando em foco o modo que nos vemos, principalmente quanto a estereótipos e preconceitos, que muitas pessoas que desconhecem do assunto, acabam formando nas suas cabeças.
Por ser um série documental, mais moderna, mostrando o dia a dia de gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, travestis e simpatizantes do movimento LGBT, ela não só promete quebrar muitas barreiras, mas ajudar na informação que muitas pessoas carecem.
Tive a oportunidade de ver o primeiro episódio da série, onde acompanhamos o passo a passo da operação de um transexual junto com a família, mostrando o antes e o depois. Arrisco dizer que teve um certo impacto para pessoas pouca acostumadas sobre o assunto, mas realmente a realização e alegria de finalmente se tornar completa… não senti. A sensação foi de um corte, acompanhamos a sua trajetória mas faltou a HBO mostrar essa “nova pessoa brilhar“, um pequeno discurso como “agora me sinto completa, valeu a pena!”, quando realmente estaríamos conhecendo a verdadeira Raphaela.
Infelizmente essa abertura de temporada foi feita para chocar, mas ela cometeu o mesmo erro que todas as séries de sexualidade cometem, parando no momento libertador do protagonista.
É difícil dizer o quanto esse tipo de série documental realmente ajuda ou atrapalha uma pessoa, afinal de contas, já tivemos algumas coisas parecidas, não sendo algo tão chocante ou uma novidade grande esse assunto. A HBO está claramente aproveitando “a onda do momento“, por assim dizer, sobre um tema que tem ganhado muito espaço, não apenas na TV, mas nos bares, ruas, grupos de jovens, teatro e etc. Se na gerações passadas se discutia muito sobre “tribos“, nessa geração se discute sobre sexualidade, se no passado tínhamos medo de nos assumir, hoje isso não é apenas uma manifestação do seu “EU“, mas sim um ato político, algo que mostra a mudança de uma geração, sendo para chocar ou para agradar. Espero que a HBO traga nesses 10 episódios a verdade da aceitação, que ela por favor não siga o caminho de outras, que simplesmente mostravam, com muita dor uma nova pessoa renascendo. Espero que ela mostre a alegria e realização da pessoa que se assumiu, não algo doloroso, mas libertador. Esse ponto quase nenhum documentário ou serie consegue passar ainda, seja por medo ou por política.
A primeira temporada conta com 10 episódios, todos exibidos semanalmente a partir do dia 5 de Abril as 21h.
