Filhos os Ódio é um filme de 2020, que está estreando no final de junho de 2021 nas plataformas digitais. É baseado no livro The Wrong Side of Murder Creek: A White Southerner in the Freedom Movement, escrito por Bob Zellner com Constance Curry.
Conta a história do próprio Bob (Lucas Till, o Alex Summers de X-Men), filho e neto de ex-integrantes da Ku Klux Klan, que se torna um dos líderes pelos direitos civis nos anos 1960. Ele era um dos que mais defendia o fim da segregação, sofreu preconceito da família e até perdeu relacionamento com Carol Ann (Lucy Hale), mas continuou com a sua luta.
Quem dirige e escreve é Barry Alexander Brown (montador de Infiltrado na Klan) e a produção é de Spike Lee.
A segregação racial ocorrida no sul dos Estados Unidos durante os anos 50 e 60 é constantemente explorada no cinema e na TV. Muitos podem ter gatilhos ao ver, por exemplo, a KKK agindo e exalando seu ódio em alguma comunidade negra. Isso é totalmente compreensível, mas também é importante sempre relembrarmos essa vergonha que a história estadunidense para que nunca mais aconteça. O mesmo pode-se valer para a Segunda Guerra Mundial, por exemplo.
E nos dias de hoje, relembrar esses fatos também tem um ponto a ser considerado: o ódio. A abordagem pode ser diferente, mas não é difícil desassociar com o ódio presente nos dias de hoje. Sobretudo com alguns líderes mundiais autoritários que refere a sociedade como “nós” e “eles”.
Um ataque a um jornalista nos dias atuais pode não ter a ver com racismo, mas mostra o ódio e o barril de pólvora que uma nação possa ter em nome do seu “ideal”.
Filhos do Ódio mostra essa temática e embora não seja tão bem-sucedido quanto Mississipi em Chamas ou a recente série Lovecraft Country, não deve ser descartado. É um filme menor, com uma produção mais simples e com essa temática tão relevante, pode fazer com que muitos corram atrás e estudem mais o passado para entender o presente.
A segregação é muito bem explorada, muita coisa que você já deve ter ouvido falar como banheiros reservados ou assentos no fundo dos ônibus reservados a pessoas “de cor” estão presentes aqui. Bem como a resistência às mudanças, mas, por se tratar de uma adaptação e biografia, erra drasticamente em três pontos importantes e todos são relacionados ao protagonista.
O filme mostra Bob de maneira muito devota, quase irretocável, em 2021, vemos a figura do “salvador branco”. Em filmes com a temática racial, tópico que já parecia estar batido e sem contar que Lucas Till não transmite o peso dramático que esse filme poderia exigir e sua atuação quase beira à caricatura.
Não faltam grandes personagens negros em Filhos do Ódio, porém, a maioria é relegada a papeis de coadjuvantes, que só aparecem quando convém ao roteiro. Como o reverendo Abernathy e Joanne, que não tem química nenhuma com o protagonista, mas que o roteiro empurra isso até as últimas consequências.
Porém, nada disso significa que Filhos do Ódio seja um filme fraco ou descartável. É um bom filme, mas com problemas que poderiam ter sido evitados. Não tem o fator de entretenimento, mas também não é documental.
Podemos olhar para esta sociedade com o olhar de hoje e considerá-los de forma ignorante ou retrógrada. Mas, com os últimos acontecimentos, devemos olhar com cuidado com o comportamento humano.
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