Tecnologia sempre foi algo que trouxe grande admiração e medo para as pessoas, temos livros, séries, e filmes tentando prever como iremos lidar com tantas máquinas, algoritmos e dados coletados no futuro… talvez coisas boas vão acontecer, coisas ruins? Um futuro incerto nos aguarda.
Com tantas dúvidas, é normal termos um lugar para discutir e sentir o que o futuro nos promete, e com essa ideia surgiu o FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica). A ideia é simples: reunir arte, inovação e mostrar o que está acontecendo de novo na interação homem-máquina.
O festival acumula obras do mundo inteiro, grande parte tão fantásticas que poderiam ter saído de um livro de Issac Asimov ou Aldous Huxley, sim… isso não é um exagero, o FILE assusta e impressiona. Vamos comentar algumas obras deles aqui, mas por mais esforçado e criativo que seja esse artigo, algumas coisas ficaram tão fora da realidade que é preciso ver e sentir por si próprio.
Ao entrar nas instalações desse pequeno “admirável mundo novo”, logo de cara nos deparamos com muitos “experimentos” em realidade virtual, mas vamos focar na primeira obra que visitamos, a Les Trois Grace.
Essa obra é um experimento de uma empresa francesa, que mostra 3 corpos femininos lindos e perfeitos de acordo com os padrões de beleza da época vitoriana, usando realidade virtual, você pode “adaptar elas” para o padrão de beleza que você achar mais apropriado. O que chama mais atenção é que existe um conceito de IA dentro dessa mudanças, e já existem empresas que usam os dados do “corpo perfeito” para escanear pessoas reais e mostrar qual o melhor padrão para o corpo dela… quando você compara o resultado final com o que estava… é algo para se repensar conceitos.
Mais à frente, temos uma instalação bem, bem assustadora, a Outrospectre, criada por cientistas do reino unido. É um robô que se conecta com você utilizando vários sensores e permite uma experiência fora do corpo… isso mesmo, você vai sair do seu corpo e seus olhos, cabeça, movimentos e audição será a desse robô. Você se vê saindo de seu corpo e se movimenta por breves minutos fora dele.
Ok, depois de assustados, resolvemos visitar algo mais leve… e nada como um show de robôs, imitando braços e pernas humanos, junto com música clássica e um lugar escuro para o medo passar, certo? Essa é a ideia do Vicious Circle. Criado por engenheiros alemães, eles mostram como estamos muito próximos de replicar partes humanas em máquinas e até mesmo imitar muitos dos nossos movimentos. É algo que te deixa pensativo e chocado ao mesmo tempo.
Seguimos em frente e precisávamos muito relaxar, com a ideia de manter a mente limpa encontramos o You Are The Ocean, uma atração onde você fica de frente com a projeção de um oceano, coloca um sensor na sua cabeça e pronto… você passa a controlar ele com sua mente… isso mesmo, sua MENTE! Manter uma mente calma e focada gera ondas leves, uma mente com muitos pensamentos aumenta as ondas, e pensar em algo ruim gera uma tempestade. Você deve estar se perguntando se funciona, olha, funcionou muito bem com todas as pessoas que testaram, perguntamos para várias se aquilo era de verdade e todas estavam boquiabertas com o resultado. Nós ficamos também depois que testamos… é incrível!
Depois dessa experiência, demos uma pequena volta pelos corredores, encontramos tapetes de LED, salas virtuais com muita interação, lugares com cheiros e tato virtual, alguma máquina que sentia seu coração e dava “match” com pessoas que tinham o mesmo ritmo cardíaco que o seu ,e chegamos na área mais disputada do FILE, a que te leva para uma realidade completamente nova e imersiva.
O Unlimeted Corridor é uma instalação completa, com muitos sensores instalados pela sala e em você (parece que você está usando uma roupa espacial), você anda livremente por todos os lados, escalando uma parede e andando por pontes estreitas, batendo em paredes e até mesmo sentindo tontura ou ficando sem rumo. Apesar de ser uma área virtual, você sente o vento, ouve os passos e metais, olha para todos os aspectos da cidade fantasma que está explorando e tateia… sim, você toca nas paredes. Essa é uma das obras mais perigosas, muitas pessoas tiveram ataque de pânico ao entrar nesse mundo virtual construído com sensores e computação gráfica.
Passear pelo FILE é se sentir em um episódio de Black Mirror, a tecnologia está lá, mas você se pergunta: para qual motivo ela foi criada? por que ela existe? como ela vai ser usada?… E todas essas respostas depende apenas da vontade do cientista ou programador que a criou.
O FILE Festival está aberto para visitas gratuitas até o dia 12/ago, no CENTRO CULTURAL FIESP RUTH CARDOSO – Av. Paulista, 1313, São paulo, SP