Mais um filme sobre a relação mútua de amor e fidelidade entre um tutor e seu cachorro? Bom, sim e não. Eternos Companheiros tem um “quê” a mais. Na verdade, uma Q a mais.
Alguma vez você já se perguntou como deve ser a vida de um cão-guia? Como é o treinamento? Como eles conseguem ser tão focados em guiar seus tutores? É verdade que eles não podem brincar nunca e vivem uma vida apenas de trabalho? Esse é o diferencial de Eternos Companheiros.
Baseado no romance Quill, de Ryohei Akimoto e Kengo Ishiguro, dirigido por Wing-Cheong Law e com roteiro de Susanne Chan, o filme conta a história de Little Q, uma adorável labradora que está destinada desde filhotinha a se tornar um cão-guia, e Lee Bo Ting, um chef de cozinha autoritário, arrogante e impaciente que só tem seu comportamento tóxico e solitário intensificado quando descobre que está perdendo a visão.
SINOPSE
Um labrador chamado Little Q, com uma marca de nascença curiosa, está treinando para se tornar um cão-guia para cegos. Quando seu treinamento está completo, ele é enviado para ajudar um famoso chef recentemente cego, Lee Bo Ting. Irritado e amargo, Bo Ting a princípio reluta em confiar no cachorro, tentando afastá-lo várias vezes. Mas, por meio de sua lealdade e proteção, Little Q finalmente ensina Bo Ting a confiar novamente e o abre para uma nova vida de possibilidades maravilhosas.
Aviso de gatilho e potencial spoiler
Confesso que foi muito difícil assistir à primeira parte do filme. Por mais que no final do filme apareça o aviso de que nenhum animal foi ferido durante as gravações, eu não acreditei muito, pois ou a atuação dos atores é extremamente boa ao ponto de causar desconforto, ou o conceito de ferido deles não é lá muito abrangente.
Como louca por cachorros/gatos/insiraqualqueranimalaqui, não sei se foi apenas exagero da minha parte ou se as cenas em que o Lee Bo Ting ainda está muito resistente à Q são “gráficas” demais, ao ponto de me deixarem profundamente incomodada. Claro que toda a violência dele é “justificada” (nada justifica, mas eles tentam nos mostrar o porquê dele ser tão amargurado e maldoso assim) e Q acaba amolecendo o coração dele, mas foi bem desconfortável.
Eternos Cãopanheiros
(vocês acharam mesmo que eu ia deixar essa piadinha passar?!)
Apesar dos pesares, o filme nos conta uma história de superação, amizade, amor e lealdade. Por mais que Bo Ting tente afastar Q e a todos ao seu redor e queira apenas se isolar em toda sua dor, raiva e amargura, a doguinha consegue, aos poucos, recuperar a humanidade perdida em seu tutor e trazê-lo de volta à superfície do buraco-negro em que ele estava para que possa reaprender a viver e a ser feliz.
Relevando algumas situações que forçam a barra à lá sessão da tarde, Eternos Companheiros acerta o principal objetivo dos filmes sobre cachorros: nos fazer chorar e refletir sobre a nossa relação com os nossos próprios peludos. Outro grande acerto do filme é mostrar como o laço entre tutor e animal pode nos salvar das situações mais extremas e desoladoras, e digo isso por experiência própria. Eles possuem uma empatia mostrada por gestos tão cheios de amor que nos pega de surpresa, nos ensina a aproveitar o tempo juntos, a encontrar um tempinho, a perdoar as estripulias, a sorrir, a amar. É clichê, porém é a pura verdade.
Cara De Um, Focinho Do Outro
O amor dos animais de estimação é uma verdadeira terapia e prova de que a vida vale a pena. Por fim, antes que eu comece a chorar de novo, me despeço com um trecho de um livro que li sobre a relação entre cachorros e seus tutores, Cara De Um, Focinho Do Outro, do autor Marcos Fernandes:
“A fidelidade que os animais dispensam a seus tutores humanos é indescritível, pois resgatam a pessoa das regiões mais sombrias de seus problemas e angústias, motivando a vida a seguir seu curso novamente”.
Eternos Companheiros estreou nos cinemas no dia 19 de agosto, confira o trailer a seguir:
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