A escamagris, a temida doença que assola Westeros em Game of Thrones, carrega uma semelhança perturbadora com uma doença real: a hanseníase. Assim como a escamagris, a hanseníase — conhecida historicamente como lepra — tem um histórico longo e sombrio de estigma e isolamento social. A criação da escamagris por George R.R. Martin evoca não só o terror de uma doença física, mas também o impacto psicológico e social que acompanha essas enfermidades. Os personagens infectados pela escamagris, como Shireen Baratheon e Jorah Mormont, sofrem não apenas com a deterioração de seus corpos, mas também com o preconceito e a exclusão, muito semelhante ao que aconteceu com as pessoas que contraíram hanseníase na vida real.
A hanseníase foi por séculos uma doença misteriosa e incompreendida. Aqueles que eram infectados eram frequentemente afastados da sociedade, vivendo em leprosários ou em isolamento forçado. Os afetados eram vistos como “impuros”, e a doença era interpretada como uma maldição ou uma punição divina. Essa percepção fez com que pessoas com hanseníase fossem tratadas como párias, da mesma forma que os infectados pela escamagris são exilados para as ruínas de Valíria, onde formam a comunidade dos temidos Homens de Pedra.
George R.R. Martin parece ter inspirado a escamagris não só nas consequências físicas da hanseníase — que causa a degradação da pele e, em estágios avançados, pode levar à perda de sensibilidade nos membros —, mas também no isolamento e no medo que a doença desperta. A semelhança é notável: assim como os personagens de Westeros mantêm distância dos infectados pela escamagris, os povos antigos temiam o toque dos hansenianos, acreditando que o contato poderia espalhar a doença. Esse estigma fez com que a hanseníase se tornasse uma das doenças mais marginalizadas e incompreendidas da história.
Na série, o tratamento para a escamagris envolve métodos primitivos e dolorosos, como banhos escaldantes e até amputações. Na vida real, antes do avanço da medicina moderna, os hansenianos também eram submetidos a métodos de isolamento e tratamentos ineficazes. Hoje, com o tratamento adequado, a hanseníase pode ser curada e controlada, mas o estigma ainda persiste em algumas culturas. Game of Thrones, ao criar a escamagris, nos lembra de que o medo das doenças desconhecidas muitas vezes causa mais sofrimento do que a própria enfermidade.
A escamagris não é apenas um elemento de horror físico; ela é um reflexo de como a sociedade trata aqueles que considera “impuros” ou “amaldiçoados”. Tanto em Westeros quanto no nosso mundo, o verdadeiro terror das doenças estigmatizadas não está apenas em seus sintomas, mas no isolamento e na discriminação que elas trazem consigo.
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