Eu fiquei super animado quando “Era Uma Vez em Hollywood” teve seu elenco “principal” anunciado: ter Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Margot Robbie não é pra qualquer um! Todos são grandes estrelas e fizeram papéis memoráveis e ver este encontro é ter a oportunidade de assistir cenas que podem se tornar referências para o futuro do cinema.
Além disso tudo, existia ainda a grande “magia” envolvendo o penúltimo filme de Tarantino e, para quem ama o cineasta, é mais uma grande oportunidade de ver toda sua criatividade em ação em uma situação ainda não explorada por ele em nenhuma de suas produções anteriores: a própria Hollywood.
Por falar em Tarantino, não posso analisar “Era uma Vez” sem fazer pelo menos uma pequena análise de toda sua obra até aqui, pois foi com este pensamento que fui assistir ao filme e fui totalmente surpreendido! No alto de minha ingenuidade, achei que eu havia entendido o “mundo” que ele criou: basicamente eu o enxergava como um grande vingador de algumas das injustiças cometidas em nosso mundo real. A escravidão tendo a sua desforra com Django Livre (onde temos Leonardo DiCaprio), o nazismo sendo “destruído” em Bastardos Inglórios (com Brad Pitt) ou as mulheres chutando bundas em Kill Bill.
Sem falar que eu acredito piamente que todos os seus filmes estão no mesmo mundo, no “Tarantinoverso”. Assim, fui imaginando que o final da história seria novamente uma reinvenção dos fatos ocorridos no assassinato de Sharon Tate (não irei falar mais sobre isso para não dar spoilers aqui).
E o grande brilhantismo de “Era Uma Vez em Hollywood” está justamente no poder de surpreender: muitos, ao contrário de mim, acreditaram que iriam ver o assassinato de Tate ao estilo Tarantino ou seja, uma carnificina completa! É aí que o filme dá uma aula de como prender a atenção: por muitas vezes tive certeza de que eu estava certo na minha teoria, mas logo em seguida isso era alterado e parecia que realmente ele simplesmente iria entregar o “óbvio”. Este sentimento se mantêm durante o filme inteiro até efetivamente o desfecho de tudo!
O filme é ainda uma grande homenagem os filmes Western, não somente pelo enredo e a trama que seus personagens principais vivem (Rick Dalton e Clitff Booth), mas no seu estilo de contar a história em si. É algo que até mesmo foge do estilo Tarantino que muitos esperavam, onde ele somente aproveita para dar algumas “pinceladas autorais”, quase como que easter eggs.
Brad Pitt e Leo (sou íntimo) DiCaprio estão excelentes e é impossível não ficar hipnotizado ao vê-los atuando. Destaque para o “Inception” que acontece ao ver Dicaprio atuando como Dalton e Dalton atuando como qualquer um de seus personagens ao mesmo tempo vemos as habilidades de dublê de Booth em tarefas do dia a dia. E Margot Robbie é um lindo chamariz, em todas as formas possíveis, que nos encanta, distrai e aproxima de Sharon Tate. Você se apaixona por Tate ao se apaixonar pela atuação de Margot e se apaixona por Margot através de Tate.
“Era Uma Vez em Hollywood” é algo diferente do que Tarantino faz ao mesmo tempo que é muito igual. A primeiro momento você pode ficar confuso com o que viu, assim como eu fiquei, mas quanto mais pensar sobre, mais irá admirar a mistura feita e as atuações impecáveis.
PS: Se você quer saber mais sobre as possíveis conexões do mundo de Tarantino, veja o vídeo abaixo (com as participações de Selton Mello e Seu Jorge).