Raphael Draccon é da zueira.
Se não é, pelo menos é o que me pareceu quando li Dragões de Éter: Corações de Neve pela primeira vez. Eu explico mais tarde.
Quando terminei de ler o livro fiquei pensando: Deve ter uma continuação, né?. E então percebi que eu tinha acabado de ler o segundo livro da trilogia! Draccon narra tão bem a estória que eu nem precisei ler o primeiro livro pra entender o que estava acontecendo. No entanto, se tivesse lido, teria um background do mundo de Nova Ether e o passado de alguns personagens seriam mais claros.
O estilo de narrativa que o autor utiliza é moderna e nos lembra do querido George R.R. Martin. Mesmo não existindo um protagonista único, Draccon não se perde nem faz o leitor se confundir durante a aventura. Os diversos personagens foram criados baseado em estórias de conto de fadas que tanto conhecemos e em personagens do mundo pop. É como se a Branca de Neve, João e Maria, Chapeuzinho Vermelho, entre outros, vivessem uma cidade e fossem conhecidos uns dos outros.
As referências são tantas que eu devo ter perdido mais da metade delas. Acho que o autor poderia ter segurado a mão um pouquinho. Alguns personagens interessantes, como Oliver Twist, acabram ficando superficiais.
Mas também dá a impressão que a zueira anda de mão dada com a galhofa (no bom sentido). Imagine um arena, com milhares de pessoas, que ao entrarem seus heróis começam uma batida tribal assim: Tum – tum – tá! Tum – tum – tá!
Draccon não se limita nas referências e você pode até encontrar um trecho de uma música do Grabiel, o Pensador, sem achar bizarro. Parabéns! Além disso, o livro vem recheado de pensamentos interessantes que às vezes fazem você parar de ler pra refletir e nos trazer um pouco de humanidade.
“Porque metade da vida de um ser humano envolve sobreviver ao mundo. A outra metade envolve descobrir um significado para sua existência. Para o primeiro, existe o trabalho, o instinto e a evolução natural. Para o segundo, existe o amor, a fé. E o sonho.”
Confesso que algumas repetições de palavra e frases me incomodaram um pouco, mesmo sabendo que eram propositais. O excesso de referências pode afastar alguns leitores, mas o romance e as intrigas e as lutas e as bruxas e o fantástico levam o leitor em um mundo imaginário incrível. (Entenderam a repetição? É tipo isso :D)
O livro é mais para o público infanto-juvenil, mas ainda assim me divertiu.
Então procurem nas livrarias, nerdaiada! A trilogia começa com Dragões de Éter: Caçadores de Bruxas, vai para Corações de Neve e termina em Círculos de Chuva. Eu vou ler o resto, com certeza!
